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    Lovelace
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Lovelace

    Os atores salvam

    por Lucas Salgado

    Lovelace chegou aos cinemas brasileiros uma semana após o lançamento de Jobs, cinebiografia de Steve Jobs estrelada por Ashton Kutcher. Os dois filmes possuem muito em comum, principalmente no que diz respeito ao visual televisivo e aos sérios problemas de montagem. No entanto, no que diz respeito à performance dos atores e à trama desenvolvida, o cinebiografia de Linda Lovelace se sai bem melhor.

    Linda (Amanda Seyfried) é uma jovem de uma família conservadora que se envolve com o misterioso Chuck Traynor (Peter Sarsgaard). Ela deixa a casa dos pais e passa a viver com o sujeito, numa rotina que envolve sexo e agressões. Com sérios problemas financeiros, os dois acabam no mundo do pornô e ela assume o papel principal de Garganta Profunda.

    O filme é todo focado na relação entre Linda e Chuck, deixando até o clássico do pornô em segundo plano. É claro que a produção tem grande importância na trama, mas todo o foco é no sentido de como afetou a relação do casal. Neste sentido, se tiver curiosidade por trás de Garganta Profunda, talvez seja melhor procurar pelo documentário Por Dentro do Garganta Profunda.

    Seyfried entrega uma atuação competente, passando bem tanto como símbolo sexual como sensível garotinha de família. A atriz não evita as cenas de nudez ou de insinuação, e ainda se sai bem no lado dramático. Sarsgaard não está propriamente mal, mas seu personagem é bem caricatural, sendo difícil que o público se identifique com ele.

    O elenco conta ainda com as participações de Robert PatrickJuno TempleChris NothChloë Sevigny, mas que surpreende mesmo é Sharon Stone. Na pele de Dorothy Boreman, mãe de Linda, Sharon entrega sua melhor atuação em dramas em muitos, mas muitos anos. Sem ser mais o símbolo sexual que encantou em Instinto SelvagemCassino, a atriz assumiu um papel mais contido. Na verdade, muito mais contido. Ela vive a personagem mais complexa da trama.

    James Franco também surge em cena, interpretando ninguém menos que Hugh Hefner. Sua atuação, no entanto, é tão desinteressante e pouco complexa, que não merece maior destaque. Ficou a impressão de que ele só aceitou o papel pela oportunidade de interpretar uma lenda da cultura pop como o responsável pela Playboy.

    A grande falha do longa talvez esteja no roteiro de Andy Bellin e na montagem da dupla Robert Dalva e Matt Landon. A trama começa em 1970 e vai até o lançamento de Garganta Profunda, em 72. Depois, somos jogados para seis anos mais tarde, com Linda em uma outra realidade. Tudo para, em seguida, voltarmos para a época da produção do pornô para vermos passo a passo a desconstrução da relação entre Linda e Chuck.

    Tal linha cronológica é incômoda e deixa a impressão de que o filme só está querendo gastar tempo. Ao todo, são 93 minutos de duração, mas que poderiam ser muito menos. Há uma repetição exagerada de situações e elementos, e o longa só não se torna monótono por causa da história de vida de Linda e da boa atuação de Seyfried.

    Não vá esperando pelos bastidores do maior pornô de todos os tempo, mas sim por uma história de abuso e sofrimento de uma jovem que fazia de tudo para agradar o marido. Neste sentido, é interessante a opção do longa em não fazer julgamentos. A forma como aborda o universo pornográfico, ainda que marcado de estereótipos, funciona de forma natural e acaba sendo um ponto positivo.

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