Média
4,3
501 notas
Você assistiu Amor ?
4,0
Enviada em 2 de junho de 2013
Já na primeira cena pude perceber que era um filme para chocar e fazer refletir. Interessante que é um filme sem trilha sonora, o que não é comum. O silêncio serve para enfatizar ainda mais a carga dramática do filme. Muito emocionante mas não é filme para quem espera um final feliz. É um filme para pensar e repensar depois de assisti-lo.
4,0
Enviada em 11 de junho de 2013
Conhecendo o cinema de Michael Haneke razoavelmente bem, preparei-me para “Amour” como quem se prepara para uma maratona de Ingmar Bergman. Amour é, afinal de contas, um filme sobre o amor, mas também sobre a morte feito por um homem profundamente pessimista e/ou ou realista e responsável por alguns dos filmes mais desconfortavelmente agonizantes alguma vez realizados. A primeira metade do filme podemos considerar que estamos a assistir a um thriller, daqueles filmados num único espaço, neste caso no apartamento de um velho casal. Temos uma morte, polícia, sinais de uma invasão e finalmente um ataque que deixa uma idosa incapacitada. Seria a morte o assaltante?

Michael Haneke ofusca-nos, como de resto já nos tem vindo a habituar, os sentidos com choques carnais, como na imagem em que Emmanuelle Riva, de 85 anos de idade, aparece nua, num momento em que é lavada por uma enfermeira enquanto grita pela mãe como uma criança. O amor imenso, sofrido e desesperado de Jean-Louis Trintignant é um dos aspectos que mais são realçados por Michael Haneke, que consegue balancear, de forma mágnifica, o tormento e a ternura num filme profundamente triste, que se torna ainda mais negro quando é acompanhado da valsa estranha que o casal partilha diariamente.

Outro aspecto importantíssimo que Michael Haneke transmite no filme é a solidão, apenas três pessoas (sem ser familiares) visitam o apartamento: Um ex-aluno de Anne, agora um pianista famoso, que mais tarde enviara uma carta a agradecer o “momento triste e lindo” que haviam partilhado naquela noite, noite em que Anne ainda conseguia falar, mas que já estava confinada à cadeira de rodas, e ainda um casal de vizinhos (presença de Rita Blanco) que os ajudam em pequenas tarefas. Em qualquer um dos casos, Michael Haneke captura um sentimento que permeia o nosso estado de espírito e, em vez de nos punir por isso – estes visitantes, afinal de contas, querem apenas ajudar -, coloca-o simplesmente na tela, permitindo-nos digerir e ultrapassar as nossas noções de “coragem” ou “beleza”.
Michael Haneke consegue com Amour um equilíbrio entre pessimismo e optimismo, criando algo que disseca conceitos tão amplos como a morte e o amor.
4,0
Enviada em 22 de julho de 2013
Por melhor cinéfilo que eu sou, filmes de drama minimalistas no estilo de Amor nunca despertaram o meu interesse. Mas, como todo bom cinéfilo, sempre há exceções para mim. Mas nesse caso, Amor não é uma exceção, se mostrando pra mim um ótimo filme, mas em momento algum me passando alguma emoção.

O filme narra a vida de Anne (Emanuelle Riva) e do seu marido Georges (Jean-Louis Trintignant), um casal de idosos aposentados grandes admiradores de música clássica e ex-professores de música. Depois de um derrame da Anne ela fica impossibilitada de mexer o lado direito do corpo, precisando assim de alguém para ajuda-la todas as horas. Georges está decidido a não contratar ninguém para cuidar dela, e também não quer fazer como sua filha diz, coloca-la num asilo. Então ele passa a cuidar dela sozinho, apenas com a ajuda de uma cuidadora de idosos. Assim, eles passarão por diversos momentos difíceis, momentos esses que os mostrarão qual é o limite de seu amor.

Deu pra perceber a simplicidade do roteiro, né? Então, o filme é inteiramente assim, minimalista em todos os sentidos. Essa simplicidade vem por diversos motivos, uma direção boa (não excelente) do Michael Haneke, atuações normais e excelentes de todos os atores e um estilo visualmente normal, sem nada de mais.
A direção do Michael Haneke, famoso por dirigir diversos filmes brutais e desconcertantes, leva o filme cada vez mais para um nível mais tenso, com cenas terríveis (visualmente falando) e, é claro, sempre com o mesmo minimalismo. O Michael também consegue arrancar atuações primorosas de todo o elenco, mas o casal de idosos está fantástico. Jean-Louis Trintignant se sai muito bem na pele do Georges, misturando muito bem seu senso de paixão para com Anne com a sua revolta que ele sente por diversos personagens. Mas quem rouba a cena é a Emanuelle Riva, interpretando com maestria a Anne de uma forma fantástica! Os sofrimentos passados por Anne podem ser notados facilmente nas expressões faciais de Riva, e atuar na pele de um personagem com metade do corpo paralisado não é pra qualquer um, e se torna ainda mais difícil para uma atriz de 85 anos!

Resumindo tudo, Amor é um filme para poucos. Em momento algum fortes emoções são transmitidas na tela, mas há poucas cenas que causam sentimentos confusos na nossa psique. Mas se você for um bom apreciador de cinema você vai perceber a grande qualidade artística do filme, que muitas vezes fica ofuscada pelo tédio presente na maioria das longas 2 horas de reprodução.
4,5
Enviada em 24 de março de 2014
Fantástico!! Michael Haneke retrata magistralmente o convívio do casal Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), retratando a vida "normal" do casal em seu cotidiano, a vida do casal sofrerá mudanças bruscas quando Anne tem parte do seu corpo paralisada (lado direito do corpo para ser mais exato) por uma doença, a luta do casal diante das adversidades é demonstrada com realidade absurda por Haneke. Filme belíssimo que deve ser visto varias vezes, proporciona varias reflexões, atuações dos dois atores principais excelentes, com destaque para Emmanuelle Riva que se entrega a personagem de uma forma visceral.
4,5
Enviada em 13 de maio de 2013
O filme é incrível! Realmente é polêmico e provocador,e o título não mente. O filme fala principalmente do amor e do que fazemos em nome dele.
É compreensível o porquê desse filme ter sido impopular. Quando se pensa em romance,o que vem automaticamente a cabeça são dois jovens se apaixonando e lutando para viver seu amor, ou algo do gênero. Quem quer ver dois idosos que já estão casados há anos e que estão enfrentando dificuldades provenientes de complicações de saúde? O filme trata do casamento. Do casamento real. Aquele que enfrenta tribulações,aquele que caiu na comodidade e no marasmo. Na paixão que virou amor,cumplicidade e amizade.
É tocante e comovente ver a relação dos dois personagens principais. Que tem um ao outro somente,mas por opção. Não são sociáveis,não fazem questão de ter amigos. Não são muito próximos a única filha. Tudo o que eles têm são um ao outro e seu estilo de é interessante.
A atuação é da mais alta qualidade. O filme apenas ratificou minha opinião de que a vencedora do Oscar de Melhor Atriz deveria ter sido Emmanuelle Riva. Nada contra a Jennifer Lawrence,mas oque é mais desafiador? Interpretar uma jovem,que lida de forma cômica,com seus traumas e se apaixona por um cara que sofre dos meus traumas que ela ou interpretar uma senhora idosa que está sofrendo as sequelas de dois derrames,se degenerando gradualmente? Eu particularmente admiro muito atores que interpretam personagens deficientes. A interpretação limitada,pausada,silenciosa, sim é difícil! Atuar bem não significa ser expansivo. E disso Emmanuelle Riva entende bem,tanto que o fez com maestria.
Muito se falou de Emmanuelle,mas Jean-Louis Trintignant também está excelente no filme e merece muitos elogios por sua brilhante atuação.
"Amor" é um filme difícil,um tema complexo,mas absolutamente lindo e bem feito. Uma história muito bem contada para provocar e fazer refletir sobre o amor e as coisas que fazemos em nome dele.
4,5
Enviada em 17 de março de 2021
“Amor” é um filme contemplativo sobre os tumultuosos  sentimentos a morte iminente, de um jeito simples, visceral e cru o brilhante diretor Austríaco Michael Haneke foi cruelmente perspicaz em sua obra agoniante, um espelho triste ao qual não gostamos do reflexo.

O roteiro de “Amor” é simples, o que conquista o telespectador são suas nuances, desenvolvimento de personagens e escolhas narrativas, o longa conta a historia de Anne, uma senhora que sofre um AVC e começa a ter que lidar com as consequências de uma saúde debilitada, o drama em cima de seu marido, as coesões sociais e degradações sentimentais e fisicas são muito bem exploradas.

Tecnicamente, Michael Haneke é impecável, com um direção crua, muito câmera enquadrada, uma paleta quente e uma composição de cenários magnifica, o diretor consegue dar um background total dos personagens apenas com os detalhes e cenários do apartamento em que eles moram, esse detalhe somado ao diretor conseguir exprimir suspense e tensão de momentos simples me lembra muito o diretor Roman Polanski, Michel não faz questão de situar seu telespectador, apenas assistimos trechos de uma historia, diversos são os andamentos da narrativa que simplesmente não são graficos, e isso é bom, não ganhamos um conteúdo mastigado, o que recebemos é um obra que a primeira vista era simples mas depois percebemos o quão profunda a mesma é, temos um incrível final subjetivo e apesar do pé no chão do filme ainda temos um sutil e profundo toque do divino.

As atuações são outro show a parte, apesar do filme ter poucos personagens, o casal central da drama entrega uma atuação espetacular,  com destaque a falecida Emmanuelle Riva que entrega uma personagem apaixonada e dolorosa de se assistir, com uma atuação cheia de detalhes e amor, e também destaque para Jean-LouisTrintignant, que entrega uma atuação sóbria e muito poderosa, o ator mesmo representando fisicamente um sentimento consegue transbordar o intimo do personagem apenas no andar e no olhar, são duas atuações clássicas.

“Amor” não é um filme impecável, seu único defeito talvez seja seu ritmo que parece ser propositalmente lento, prolongando a angustia, Michael Haneke sempre foi um diretor que gosta de incomodar seu publico, e esse choque geralmente vinha da violência, mas aqui o diretor se reinventa e o incomodo vem a partir da impotência. Uma grande obra. Nota 9,5/10
4,5
Enviada em 18 de fevereiro de 2016
AMOR, o filme. O que dizer sobre o filme... SIMPLESMENTE AMOR!!! Em todos os sentidos.
O diretor Haneke é brilhante em suas escolhas, da abertura - que estabelece o que devemos esperar do filme - às cenas cotidianas de tratamento e os pequenos momentos de absurda tensão, que nesse cenário doloroso ganham proporções épicas, como o confronto com a enfermeira ou as discussões com a filha (Isabelle Huppert). A direção de atores é impecável, bem como suas escolhas estéticas e o roteiro incisivo. Como o protagonista, conhecemos o final, sabemos o que esperar da história, mas quando o golpe chega, ele é certeiro e esmagador.
Boa pedida...
4,0
Enviada em 2 de abril de 2014
O filme francês “Amor” mostra a vida de Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), dois ex-músicos que moram em Paris. Logo no início, spoiler: o espectador já fica sabendo da morte da mulher, mas também é preenchido por muita curiosidade. Como o longa “começa pelo fim”, o próximo passo foi voltar um tempo, no caso, quando Anne ainda estava saudável,
no dia de uma apresentação de seu ex-aluno Alexandre (Alexandre Tharaud). Todavia, não demora muito para que os primeiros sintomas apareçam, o que ocorre na mesma noite do espetáculo. Na manhã seguinte, Georges presencia, mais explicitamente, o “pirepaque” da esposa, em uma cena fantástica, na qual a torneira tem um papel fundamental. A partir daí, o estado da idosa piora gradativamente: spoiler: ela passa de alguém com o lado direito paralisado que anda com cadeira de rodas para alguém que passa o dia na cama, sem conseguir se movimentar ou conversar.
O sofrimento ou estranhamento de todos os personagens é passado com muita nitidez (destaque para Trintignant, que consegue representar desde a preocupação com o que deseja que os outros vejam ou sintam em relação à situação – principalmente a filha, Eva (Isabelle Huppert) – até a falta de paciência e a aproximação da desistência). Emmanuelle Riva também merece ênfase, spoiler: até porque consegue “conversar com os olhos”.
Outro elemento importante do longa é seu ritmo: a lentidão (sem tratamento pejorativo) ocorre porque se trata de um filme sobre idosos e os problemas enfrentados na idade; não faria muito sentido colocá-los para dançar o kuduro! E é exatamente nessa monotonia (mais uma vez, sem pejoratividade) que a trama chega ao final, spoiler: aliás, bastante parecido com os últimos minutos de “Um estranho no ninho”: a morte, aqui, também é tratada como um acesso à liberdade (nos dois casos, um personagem estava debilitado, sofrendo, muito provavelmente). O falecimento da ex-professora de piano é a cena mais forte, de fato. Em meio a tantas que mostram o aumento da dependência dela, essa mostra um homicídio, indiscutivelmente polêmico, porque envolve questões ligadas à eutanásia e afins, apesar de não ser exatamente este o caso. Além dessa cena, as seguintes são também um pouco mais pesadas, porque exibem o que me parece um surto: a “morte matada” de Anne é seguida pela morte de um pombo, que já havia “participado” anteriormente e, implicitamente, pela morte do próprio Georges, provavelmente um suicídio, também apresentado em uma cena fabulosa, que, possivelmente, não é entendida por todos.
É, sem dúvida, interessante assistir a uma obra como “Amor”, um filme emocionante, mas que não provoca derramamento de rios de lágrima, por ser tratado como é, e que cria um vínculo com um dos medos mais profundos da humanidade, a morte, sem falar na presença da bagagem cultural dos franceses, que pode ser notada na sala lotada de livros e quadros e no piano, valorizadíssimo aqui, inclusive sendo ele, majoritariamente, o construtor da trilha sonora.
4,5
Enviada em 21 de janeiro de 2015
Para se falar de morte, um diretor, habitualmente, investe em uma trilha sonora carrega, cenas melodramáticas e protoganistas auto-piedosos, mas Michael Haneke, que ganhou a préstigiado prêmio Palma d’Ouro de melhor filme no festival de Cannes pela segunda vez com esse longa, traz uma abordagem completamente oposta. O diretor usa a solidão e o silêncio para movimentar as personagens e, como resultado, obtém um dos filmes mais simples e belos dos últimos tempos. Focado em apenas dois atores, Emmanuelle Riva, em uma atuação incrivelmente sem excessos ou caricaturas e, de longe, a melhor do ano, e Jean-Louis Trintignant, num grau semelhante de realismo, o longa raramente abre espaço para cenários fora do apartamente dos protagonistas ou outros personagens, a única excessão contínua é Isabelle Huppert, que interpreta muito bem a filha do casal principal. A beleza estar na extrema realidade como a história se desenvolve. A simplicidade dura da direção, as incrivelmente humanas atuações do elenco e o roteiro extremamente cru e, às vezes, até cruel dão o tom desse longa, que trata magistralmente da inevitabilidade da morte, mas, também, exebi o sentimento de amor incondicional de uma forma surpriendentemente honesta, dura e bonita.
4,5
Enviada em 4 de março de 2013
Filme duríssimo, mas excelente! A atuação do casal protagonista é impecável! Emmanuelle Riva é primorosa como Anne! Assistir ao filme certificou o que eu já tinha ideia: foi uma injustiça irreparável não dar o Oscar de melhor atriz para a protagonista de "Amor"!
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