Para muitos, o título do filme já incomoda. Segundo o próprio Steve McQueen, “Shame” surgiu justamente por que muitas das pessoas com as quais conversou durante a pré-produção do filme, utilizaram-se dessa palavra ao falarem do assunto abordado. Sexo ainda é um grande tabu para muitos.
Shame é provocante, arrebatador e traz uma reflexão profunda sobre o ser humano. Fala do individualismo, da solidão, de nossas angústias e psicoses. Steve McQueen só confirma, na minha opinião, sua capacidade de manipulação, tentando chocar. Adoro!
O filme tem pouquíssimos diálogos e é bastante denso. A trilha sonora bem como as cores e os lugares das locações contribuem para que essa atmosfera de desconforto e insatisfação pessoal se evidencie ainda mais.
Fassbender está muito bem no filme e cumpre com aquilo que se propôs a fazer. Ousado e muito criticado, especialmente pelos pudicos por seu nu frontal, o ator encara a plateia no personagem de Brandon e consegue provocar.
Brandon é um executivo nova-iorquino que é obcecado por sexo. Prazer ou sofrimento? Esse é o tempero que o diretor coloca e nos faz pensar. O filme não quer discutir a moralidade da prática sexual, muito pelo contrário, ele aborda a questão patológica, a dependência de algo, no caso aqui o 'sexo'. O personagem, de maneira compulsiva, está o tempo todo saciando sua vontade, porém a sensação de vazio permanece. O ônus é sempre muito maior.
Ressalta-se aqui a importância e a fragilidade de nossas relações e do mecanismo como muitas delas acontecem. Uma tendência cada vez mais forte nos dias de hoje.
Em tempos de Steve McQueen e Fassbender, vale a parceria/trilogia: “Hunger”, “Shame” e “12 Anos de Escravidão”. Shame realmente surpreende e nos deixa expostos. Filmaço!