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    O Verão do Skylab
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    O Verão do Skylab

    A grande família

    por Bruno Carmelo

    A intenção de O Verão do Skylab é generosa: reunir em um mesmo filme, em uma mesma tarde, os prazeres, as brigas e os amores presentes na família de cada um. Estão presentes, lado a lado, o avô depressivo, o tio de direita, o tio de esquerda, os jovens em plena puberdade, as crianças, a esposa cansada de transar com o marido todas as noites, a avó perdendo a memória... De certo modo, tenta-se resumir todos os clichês da época (anos 1970) e do gênero “reunião de família”.

    Felizmente, a diretora e atriz Julie Delpy não faz de sua comédia uma variante de vários “filmes de casamento” americanos, onde os personagens são meras desculpas para uma demonstração de humor grosseiro, físico e escatológico. Não existem pessoas tropeçando, bolos caindo nem objetos voando em direção a testículos. Os conflitos, por mais que brinquem diretamente com estereótipos, derivam sempre da interação entre os humanos, dos diferentes gostos e opiniões de cada um.

    O projeto parece muito pessoal para Delpy, que inclui a época de sua infância e mesmo seu pai, Albert Delpy, enquanto mistura a antiga geração de atores franceses (Emmanuelle Riva, Bernadette Lafont) com os novos talentos (Vincent Lacoste, Lou Alvarez). O filme é voluntariamente excessivo: as imagens incluem sempre diversos personagens de cada vez, falando ao mesmo tempo, se mexendo em todos os sentidos, enquanto a câmera se desdobra para seguir cada um, com grande respeito e interesse por cada pessoa em cena.

    Embora o público tenha gostado de O Verão do Skylab na França, os críticos torceram o nariz ao filme, recusando a nostalgia, a direção de arte exagerada, os mil estereótipos. Mas Delpy nunca tem a intenção de ser realista ou historicamente precisa: seu projeto parece funcionar como a evocação de uma memória, que transforma a versão das coisas, ora aumentando, ora diminuindo, e sempre atribuindo novas nuances aos fatos de antigamente.

    Existe um distanciamento melancólico, tragicômico, de quem revê um álbum de família e se lembra, com tanto prazer quanto vergonha, daquelas brigas em família, dos cortes de cabelo bregas, das músicas fora de moda. Por fim, transparece um prazer da juventude e do coletivo, que constitui o grande prazer deste filme.

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