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    Além da Escuridão - Star Trek
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Além da Escuridão - Star Trek

    Vida longa e próspera!

    por Lucas Salgado

    O motivo pelos quais os cinéfilos de todo mundo ficaram empolgados com a notícia de que J.J. Abrams dirigirá Star Wars: Episódio VII é bem simples: ele sabe exatamente o que fazer para deixar um fã feliz. Foi assim em Missão Impossível 3, no primeiro Star Trek e até mesmo em Super 8, que nos faz lembrar dos clássicos de ficção dos anos 80. Agora, em Além da Escuridão - Star Trek, o diretor precisa de segundos para deixar os fãs felizes. Ainda estamos vendo as logos das produtoras quando ouvimos a bela trilha sonora de Michael Giacchino. De cara, o espectador é jogado naquele universo trekkie, do qual só sairá - a contragosto - após os créditos finais.

    Voltando à trilha inicial, é curioso acompanhar a mudança do ritmo e o aumento do volume e do tom, que dizem ao espectador que algo de ruim irá acontecer. A deixa acaba sendo mais épica do que a cena que vemos na sequência, com Kick (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto) e companhia tentando evitar que um vulcão entre em erupção e destrua todo um planeta. A sequência é bonita, principalmente pelo uso das cores, mas acaba sendo desnecessária se analisarmos todo o longa. Embora uma atitude tomada ali volte a ser importante para a história, é dispensável colocar em risco a vida de um personagem que todos sabemos que não vai morrer (problema que voltará a acontecer mais pra frente na trama).

    Após deixarem o tal planeta, os tripulantes da Enterprise voltam para a Terra, onde se deparam com uma onda de atos terroristas praticados pelo misterioso John Harrison (Benedict Cumberbatch). O sujeito ataca diretamente a Frota Estelar, despertando o sentimento de vingança em alguns de seus comandantes, como o Almirante Marcus (Peter Weller), que trata de enviar Kirk e sua tripulação à procura de Harrison.

    A trama conta com muita ação e algumas reviravoltas, mas o que funciona melhor é a dinâmica entre os personagens. Os fãs de Jornada nas Estrelas vão adorar rever a química entre Kirk, Spook, Uhura (Zoe Saldana), McCoy (Karl Urban), Sulu (John Cho), Chekov (Anton Yelchin) e Scotty (Simon Pegg), mesmo que vividos por atores diferentes que os da série clássica. Mas a relação entre os personagens, não vai agradar apenas aos fãs, sendo difícil para qualquer cinéfilo não se envolver ou se divertir com algumas situações, que envolvem romance, amizade, confiança e solidariedade. 

    Star Trek nunca foi uma franquia apenas sobre aventuras no espaço, seja na TV ou nos cinemas. Sempre deu importância na dinâmica entre os personagens, o que J.J. Abrams percebeu muito bem. Isso é tão evidente, que no novo longa vemos menções claras à noção de que a tripulação de um comandante é sua verdadeira família.

    Se por um lado, como destacamos acima, a interação entre os clássicos personagens é um dos marcos do longa, por outro é inegável que o grande destaque da obra é o onipresente Benedict Cumberbatch. Destaque da série britânica Sherlock e do filmes como O Espião que Sabia DemaisCavalo de GuerraO Hobbit, o ator está no grande momento de sua carreira e mostra isso em um papel duro e ao mesmo tempo repleto de sentimentos. Os roteiristas Roberto OrciAlex Kurtzman (que agora contam com a companhia de Damon Lindelof) já haviam tentado criar um vilão com sentimentos no primeiro longa, mas esbararam no menor talento de Eric Bana.

    A deslumbrante Alice Eve (Ela é Demais pra Mim) surge em cena como um novo membro da tripulação da Entreprise, mas não faz muito além de oferecer-se como o rostinho bonito do filme. Ela protagoniza, inclusive, uma cena em que aparece seminua, que é tão dispensável que o Lindelof chegou a pedir desculpas aos fãs por inseri-la no roteiro. É curioso notar que a atriz, e sua personagem Carol, ganhou mais espaço nesta crítica do que nomes mais badalados do elenco. Mas sua presença é tão deslocada no filme, que acabou ganhando um parágrafo só dela.

    Sem medo de tocar em temas sérios como terrorismo e pena de morte, Star Trek Into Darkness (no original) conta ainda com uma participação pra lá de especial, mas é melhor você assistir ao filme para descobrir qual. Com ótimos efeitos especiais e um caprichado trabalho de edição de som e mixagem, o longa tem tudo para agradar não apenas os fãs da franquia, como também todo cinéfilo que procura por uma aventura de ficção científica de qualidade.

    A direção de fotografia Daniel Mindel é marcada pelo grande uso de flares, uma marca no cinema de Abrams. Mas seu principal defeito foi na utilização do 3D. Não só temos cenas de grandes closes como temos outras em que a profundidade de campo é pequena. Ou seja, vemos um personagem em foco no primeiro plano e ou fora de foco ao fundo, num jogo de cena que perde o sentido diante da profundidade oferecida pelas três dimensões.

    Ainda não se sabe qual será o futuro de Star Trek agora que J.J. Abrams se bandeou pro lado de Star Wars, mas uma coisa é certa, se continuarem a tratar a franquia com reverência, respeito e sem medo de inserir coisas novas, ela tem tudo para ter uma vida longa. E próspera.

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    Comentários

    • Nanda R.
      Sinceramente, esse filme é um dos maiores exemplos atuais de fans services que acabam se desgastando, e vem com o único objetivo de relembrar os fãs de elementos importantes de outros filmes. Os plot twists são desgastantes e não emocionam, são previsíveis e, sinceramente, eu não vejo como alguém pode realmente acreditar que o Kirk ou qualquer outro personagem desse porte vá morrer (e, se você não acredita que o personagem realmente corre perigo, como vai ficar preocupado com ele nas cenas de tensão?). A Carol foi a colocação mais nonsense do filme (não fez absolutamente nada), as cenas que deviam ser desenvolvidas não foram, a violência do Khan ao explodir a cabeça de alguém não condiz com a mitologia da série (isso daqui não é GoT), e o filme não decide se quer ser um longa para crianças ou algo mais sério. Sinceramente, apesar dos efeitos especiais, o filme é um desserviço ao subestimar o público, com um roteiro extremamente raso e morno.
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