Minha conta
    A Era do Gelo 3
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    A Era do Gelo 3

    DA IDADE DA PEDRA PARA TODAS AS IDADES

    por Roberto Cunha

    Quem conhece Manny, Ellie, Sid, Diego, Crash e Eddie e, claro, Scrat, já tem uma ideia do que o aguarda dentro da sala escura. Sem querer inventar a roda, o roteiro do filme do brasileiro Carlos Saldanha optou por um tema verdadeiro, complexo, mas muito comum no cotidiano das pessoas. Ainda mais para aquelas que já chegaram numa certa idade e começam a ver os amigos se casando, tendo filhos e, inexoravelmente, mudando de vida.

    Para muitos, um ciclo natural. A gravidez dos mamutes Ellie e Manny mexe com todos. E a sentença "É hora de separar. Os tempos são outros", dita por Diego para Sid é a deixa para o começo desta história sobre amizade e família, elos importantes, que quando rompidos costumam vir acompanhados de tristeza. Mas não no caso desta eclética turminha que vai dividir com o espectador questões como maternidade e "solteirice" de um jeito bem humorado e emocionante.

    E como Scrat é parte indissociável da franquia, A Era do Gelo 3 começa com seu focinho limpando a tela para em seguida ter a visão de uma noz e - surpresa - de Scratita. O amor a primeira vista se dá ao som do clássico de Lou Rawls "You'll Never Find Another Love Like Mine". Ou seja, dentro do espírito da nova aventura, Scrat vai se dividir entre o desejo pela noz (bolota) fujona e o coração de Scratita. E a história paralela deles rende momentos divertidos como a depilação (O Virgem de 40 anos) ou quando Scrat cai e chega ao fim do precipício e reproduz a tradicional poeira do contato do corpo do Coiote com o solo no desenho Beep Beep. A grande sacada foi colocar a poeirinha de Scrat em formato de coração.

    O roteiro abusa da licença poética e faz com que dois mundos distantes no tempo - e na lógica - estejam paradoxalmente paralelos. Assim, o pontapé inicial para a aventura "oficial" é a "maternidade" de Sid ao achar e retirar três ovos gigantes de dentro de um misterioso buraco na terra. A relação de Sid com os ovos rende uma seqüência inicial de muita ação e um momento de pura ternura quando a sua sombra com os ovos, na pedra, parece a de uma preguiça grávida. Brilhante.

    A trama ganha corpo - literalmente - com o nascimento dos T-Rex (apaixonantes) e a visita da "Mamãezilla", que os leva de volta para o seu mundo junto com Sid. A decisão do grupo de resgatá-lo faz com que eles conheçam o novo personagem Buck, uma solitária doninha que usa tapa-olho de pirata e sabe tudo sobre seu mundo.

    Em A Era do Gelo 3, Saldanha se despede da série (não fará outra seqüência), homenageando dois ícones do cinema: Spielberg nos closes de pegadas e olhos do T-Rex (Jurassic Park), e George Lucas (Guerra na Estrelas) com os hilários gambás Eddie e Crash em cima de um Pterodactilo, perseguidos por uma esquadrilha de Ranforincos ou quando o vilão gigante é derrubado. Foi justa também a rápida citação ao personagem de Hannah-Barbera com um emblemático "Yabadabadu!" (Flintstones) ao escorregar pelas costas de um dinossauro.

    Realizado também em 3D, o filme pode ser visto em 2D sem prejuízo. Destaque para o grito de Scrat parecendo o leão da Metro. Nos créditos finais, além de conter algumas brincadeiras dos personagens do filme, revelam também desenhos "infantis" que mais parecem pinturas rupestres dos bichos e dinossauros da história até o fim.

    A Era do Gelo 3 é uma grande aventura, que passa para os baixinhos e grandinhos valores importantes e presentes nas relações humanas. Com um roteiro eficiente, o longa retrata as angústias de quem, de repente, se encontra só no mundo ou já esqueceu como era ter família, e reforça a importância da amizade e da cooperação. Seja bem vindo e entre nesta fria e gelada diversão.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    Back to Top