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    November Man - Um Espião Nunca Morre
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    November Man - Um Espião Nunca Morre

    Um espião diferente

    por Francisco Russo

    Tem um intérprete de James Bond, características de filmes de James Bond, mas não é um legítimo James Bond. Não se engane e pense que esta frase é depreciativa, visto que as aventuras do agente 007 nem sempre são sinônimo de qualidade - 007 - Quantum of Solace que o diga. A comparação tem muito mais a ver com elementos da narrativa e de formato do que em dizer se o filme é bom ou ruim. Fato é que o diretor Roger Donaldson (13 Dias Que Abalaram o Mundo) fez de November Man - Um Espião Nunca Morre uma espécie de genérico dos filmes do gênero.

    O foco central está em Pierce Brosnan, mais uma vez como espião. Entretanto, se como James Bond ele mantinha uma certa classe e charme, aqui seu personagem é bem mais prático, indo direto ao ponto – a começar pela abertura que logo joga o espectador no clima frenético da história. Aposentado há cinco anos devido a uma missão fracassada, ele é envolvido no resgate de uma agente infiltrada, que – não por acaso – é sua ex. Não demora muito para que ele perceba que nem tudo é o que parece ser e, por conta própria, tenha que desvendar o que realmente está acontecendo. Ou seja, o filme traz reviravoltas, jogo duplo, tiroteio, perseguições... tudo que está descrito na cartilha dos filmes de espionagem – o que, volto a ressaltar, não é necessariamente ruim. O pulo do gato é o modo como estes elementos são apresentados e é aqui que o filme patina.

    A começar pela justificativa meio estapafúrdia dada para que Peter Devereaux (Brosnan) entre na trilha da conspiração, passando pela explicação do tal apelido “November Man” (puro estilo!) e concluindo com o envolvimento com a novembergirl Olga Kurylenko (ex-Bondgirl, por sinal). Tudo isto em meio a muita ação, seja em decorrência da fuga dos agentes russos e da CIA ou do duelo entre mestre e pupilo existente entre Peter e David Mason (Luke Bracey). É este último o grande trunfo do filme, ao mesclar o eterno duelo entre o novo e o antigo com a dúbia sensação de ser aprovado pelo mentor e também superá-lo, mesmo que isto signifique sua morte. Existe entre os dois uma reverência mesclada à necessidade de sobrevivência (no emprego e de vida mesmo) que chama a atenção, muito também pela boa atuação de Bracey.

    Há também em November Man um lado político bastante forte, por mais que ele apareça sob uma certa maquiagem. O risco russo se materializa novamente, não devido à Guerra Fria mas pelos atos do atual presidente Vladimir Putin, “travestido” na pele de um general que cometeu crimes de guerra e agora deseja governar o país. É Hollywood, mais uma vez, aproveitando o momento da diplomacia externa dos Estados Unidos para criar seus vilões, à sua imagem e alguma semelhança. Por outro lado, há um aspecto bem interessante no roteiro ao apresentar a própria CIA como um elemento importante na conspiração, assumindo um ar de imperfeição que faz com que Peter fique contra o próprio sistema que o criou. Entretanto, por mais que traga uma certa ousadia, o diretor Roger Donaldson está mais interessado em produzir sequências de ação do que propriamente em refletir sobre o mundo da espionagem.

    November Man é um filme burocrático, que até entretém pelo ritmo incessante de seus personagens principais e a crueza das cenas de ação – algumas bem violentas -, mas não consegue ir além dos variados clichês do gênero. É a chance do espectador ver Pierce Brosnan como um espião mais brutal, bem mais do que seu James Bond foi, o que também gera uma certa curiosidade. Por outro lado, Olga Kurylenko reprisa seu habitual posto de beleza exótica e apática. Apenas regular.

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