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    Famke Janssen, a Jean Grey de X-Men, fala sobre a sua monstruosa personagem em Hemlock Grove

    A atriz esteve no Brasil esta semana para promover a série da Netflix.

    Ela já foi a poderosa Jean Grey na franquia X-Men, matou muitos homens como a Bond Girl de 007 Contra Goldeneye, trabalhou com Woody Allen em Celebridades, interpretou uma transexual em Nip/Tuck... Famke Janssen é certamente uma atriz ousada e versátil, o que pode ser comprovado pelo papel da manipuladora Olivia Godfrey na série Hemlock Grove, da Netflix.

    A atriz esteve no Brasil esta semana, junto do produtor Eli Roth e da atriz Maddie Brewer, para promover a segunda temporada da série. Com muita simpatia e bom humor, ela conversou com os jornalistas sobre a sua carreira e sobre esta sombria série, onde interpreta "uma mulher horrível por dentro, e linda por fora", como descreveu Roth.

    Atenção, os comentários abaixo podem conter spoilers da segunda temporada de Hemlock Grove!

    Entrando no projeto

    "Eu gostei do mundo que criaram. Eu li o livro, que é muito bem escrito, com ótimos personagens. Os produtores me conquistaram quando citaram Twin Peaks como referência! Eu adoro essa série, ela foi tão original e diferente, foi uma revolução. Eu gosto quando você não consegue definir algo facilmente. Em Hollywood, as pessoas apresentam projetos dizendo: 'É uma mistura de Quero Ser Grande com Winter, o Golfinho', ou coisa do tipo, e todo mundo entende. Mas em Hemlock Grove, é preciso conviver com a história, acompanhar aos poucos. Quando leio romances, às vezes eu acho difícil, penso se devo continuar, descanso um pouco... Mas esses são os romances de que eu mais gosto, porque quando eu entro na história, não quero mais parar. Hemlock Grove é assim".

    Olivia Godfrey (Hemlock Grove) x Ava Moore (Nip/Tuck)

    "Quando Eli e os produtores me chamaram para trabalhar em Hemlock Grove, me disseram que a personagem tinha uma personalidade forte, eu disse que tudo bem, contanto que não repetisse Ava Moore. Ela é uma ótima personagem, mas eu não quero fazer isso de novo. Isso era algo muito claro para nós, e fizemos várias mudanças que tornaram Olivia diferente. Mas ainda vão existir semelhanças: sou eu interpretando, eu me visto de uma maneira estilizada... Mas tirando isso, é bem diferente".

    Detestável Olivia

    "Olivia está tentando, mas ela não é uma boa mãe. Às vezes isso acontece: nem todo mundo é bom em tudo. Quantas vezes você já reclamou sobre os seus pais, ou já ouviu pessoas reclamando sobre os pais deles? Todo mundo faz o melhor que pode, mas cometem erros. Olivia é pouco talentosa nesse aspecto".

    "Eu aceito Olivia como ela é, ou seja, cheia de falhas. Ela tem vários defeitos, mas isso faz dela uma personagem muito mais divertida de interpretar, porque todo mundo ficaria entediado se ela fosse apenas uma boa mãe, fizesse tudo direitinho, adorasse o filho e o marido. Quem quer assistir a isso? Quanto mais defeitos, mais feliz eu fico. Espero que terão novas falhas nela para descobrir".

    Mudanças da segunda temporada

    "A grande diferença entre fazer filmes e séries de televisão, é que na televisão, a gente não sabe o que vai interpretar. A gente recebe o roteiro e vai construindo, mas não sabemos o que vai acontecer. Em um filme, eu conheço todo o arco dramático, do começo a fim. Em Nip/Tuck, eu não sabia que Ava Moore já tinha sido um homem até o décimo episódio. Até então, eu achava que estava interpretando uma mulher! O mesmo acontece com Olivia. Na primeira temporada, temos uma Olivia muito específica, e depois começamos a investigar as camadas, e descobrimos o que existe por baixo. Foi diferente, criativo".

    "Olivia mudou muito. Ela é misteriosa, porque já viveu centenas de anos. A minha ideia é voltar no tempo com a Olivia e descobrir tudo que ela fez durante esse tempo. Isso é parecido com a vida: você acha que conhece alguém, e de repente ela faz algo totalmente inesperado. Ninguém é apenas uma coisa, todos somos complexos. Gosto do fato que Olivia seja complexa, e nós também vimos mais lados dela nesta temporada".

    Referências e desafios

    "Eu costumo assistir a muitos filmes dos anos 1930, mas para a primeira temporada, eu assisti a mais alguns. Para alguém que já viveu centenas de anos, achei que ela se sentiria confortável nos anos 1930, porque foi a era de ouro para as mulheres. Muito dos maneirismos da Olivia, da maneira de falar, vieram dessa época. Essa foi uma das grandes referências. Para a segunda temporada, nós mudamos tudo".

    "Na segunda temporada, o último episódio foi o mais difícil, em dúvida. Ele era muito explícito, muito duro. Eu gostei da transformação de ver novas partes de Olivia. Adorei voltar no tempo, e interpretar em francês, foi maravilhoso. Na primeira temporada, as dificuldades eram outras, por causa da relação complicada entre ela e Roman, ou entre ela e Norman".

    A diferença da Netflix

    "Para mim, Hemlock Grove é ou um filme de 10 horas, ou dez filmes de uma hora. O que eu gosto do modelo Netflix é que se torna mais próximo do cinema. Na televisão tradicional, com os pequenos episódios de 22 minutos, existe sempre uma reviravolta, com pausa para intervalos comerciais... Mas essa série é mais próxima do cinema".

    "Eu sempre assisto a Hemlock Grove, porque eu preciso saber o que está acontecendo! Quando não estou atuando, eu não vejo todos os outros atores e as cenas deles. Mas existe essa coisa no Netflix: quando o episódio está acabando, o pequeno círculo começa a girar, mostra quantos segundos faltam, e você fica ansioso, assiste a mais um episódio... E pronto! Dez horas da sua vida se passaram!" (Risos)

    Versatilidade

    "Eu gosto de fazer de tudo. Sou ambiciosa. Tenho o privilégio de ter feito pequenos filmes, grandes filmes, Netflix... Não me sinto mais à vontade em um do que outro. Gosto quando chego ao set de filmagem de X-Men e você vê todos os carros voando, e todas essas coisas... Eu cresci em uma pequena cidade na Holanda, então é surpreendente! Ao mesmo tempo, quando estou nos pequenos filmes independentes, eu adoro o espírito de colaboração, de fraternidade, com todos batalhando juntos, produzindo um filme em estilo guerrilha. E também gosto de trabalhar em Hemlock Grove".

    Mulher fatal

    "Tem sido uma ótima jornada nos últimos vinte anos. Quando eu me tornei atriz, o papel que me lançou no cinema foi 007 Contra Goldeneye, o filme de James Bond. Foi um papel forte, estranho. Ela matava homens entre as coxas! Depois disso, esse era o tipo de papel que me ofereciam, e as pessoas queriam me ver interpretando essas personagens. Durante um tempo, eu lutei contra isso. Trabalhei com Woody Allen e com Robert Altman, fiz vários filmes independentes, mas para os filmes grandes, ainda continuavam me chamando para os papéis de mulheres fortes e sedutoras. Então eu aceitei, mas decidi balancear: eu interpreto personagens fortes em grandes filmes, e depois vou para os filmes pequenos, fazer mulheres mais doces ou diferentes. O problema com os filmes pequenos é que poucas pessoas os veem, e eles dificilmente são exportados para outros países. No Brasil, vocês devem ter visto os papéis maiores e mais assustadores que eu fiz. Mas acredite, eu também faço outras coisas!"

    Preconceitos

    "Já colocaram rótulos em mim durante muitos anos, e eu luto muito contra isso. Comecei a carreira como modelo, e a partir do momento que você é modelo, as pessoas acham que você não sabe fazer nada além disso. Acham que você é bela e burra, então é melhor você ficar de boca fechada e apenas ser bonita. Esse rótulo é ruim. Depois atuei em um filme de James Bond, e virei uma Bond girl. Esse foi um mais um rótulo para combater. Ao longo dos anos, existiram coisas do tipo, mas isso me fez trabalhar mais e provar mais as minhas habilidades, o que corresponde à minha natureza. Os obstáculos são desafios que me ajudam a ser uma pessoa mais forte e melhor".

    A vida pública dos atores

    "Isso é o que eu mais detesto nos tempos de hoje: com Twitter, as mídias sociais e as revistas, a vida de todo mundo está à mostra o tempo inteiro, e eu gosto de poder não conhecer as outras pessoas. Com atores, quanto menos eu sei sobre eles, fica mais fácil me envolver em seus personagens. É problemático para mim, do ponto de vista de espectadora, não pensar nos atores com toda a bagagem que eles trazem da vida externa. Sou uma grande defensora da separação entre a vida privada e o trabalho. Prefiro não falar sobre a minha vida privada. Isso é difícil no meu trabalho, porque além de atuar, eu tenho que promover os filmes e séries que faço, viajar muito".

    "Não [acompanho as reações do público nas redes sociais]. Como isso pode me ajudar? Se eles me odiarem, vou começar a chorar, se me adorarem, isso vai ser ruim para o ego. Eu não preciso dessa informação. Apenas quero criar".

    Outros projetos

    "Estou escrevendo algo que pretendo dirigir, é a adaptação de um romance. Estou trabalhando nisso há um ano, mas como estou tão ocupada filmando, não sobra tempo... Acabei de rodar Busca Implacável 3, que chega aos cinemas em janeiro".

    Algumas pérolas!

    Sobre o fato de dirigir, escrever roteiros, atuar, dançar e cantar: "Eu não sou consigo fazer tudo, não sou James Franco! Sou muito grata pelas oportunidades, mas apenas tento me virar em várias áreas!"

    Quem venceria uma batalha entre Jean Grey e Olivia Godfrey? "Você fala da Jean Grey ou da Fênix Negra? A Fênix ganharia da Olivia a qualquer momento, ela é sem dúvida a mais poderosa. Mas eu acho que Olivia possa ter alguns truques na manga... Seria uma boa batalha entre as duas".

    Série preferida do momento: "Adoro Orange is the New Black. Em Hollywood, as atrizes sempre reclamam que não existem papéis femininos suficientes, e esta é uma série com papéis incríveis para mulheres".

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