As Aventuras do Pequeno Colombo entrou para a competitiva do Cine PE na noite dessa quinta-feira destoando dos concorrentes. O longa é uma animação (!) infantil (!!), que vai disputar o troféu Calunga com títulos (até aqui) de temática complexa e/ou execução não-convencional, como Guerra do Paraguay e O Prefeito.
Daniela Nader
Direcionado ao público na faixa dos 6 aos 10 anos, o longa de Rodrigo Gava (Turma da Mônica em Uma Aventura no Tempo) mistura as “versões” jovens de Cristóvão Colombo, Leonardo Da Vinci e a Monalisa em uma mesma trama. Cris (Colombo) é um menino obcecado pela ideia de navegar. Preocupado com a situação financeira do pai, ele embarca em uma aventura em direção à terra virgem de "Hi Brasil". Com a ajuda dos amigos Leo (Da Vinci) e (Mona) Lisa, ele vai enfrentar o ambicioso Capitão Bonneville e um terrível monstro marinho, o Nautilus (que batizava o filme, originalmente) em uma aventura que envolve seres não humanos.
Navegando em águas internacionais.
A fantasia sobre o encontro dos personagens “serve para a gente fazer uma brincadeira com os fatos históricos e apresentar um pouco da História para as crianças”, comentou o diretor, em conversa com a imprensa e o público na manhã desta sexta-feira. O mash-up, admitiu, tem influencias do sucesso O Código da Vinci. Em produção desde 2009 – com roteiro de Stil (Pedro Ernesto Stilpen), profissional com uma longa carreira na animação, desde os anos 1970 –, o texto do filme passou por cerca de 30 tratamentos.
“Quando a gente estava lá pela 27ª versão, contratamos o Ennio Torresan, brasileiro que trabalha na Dreamworks, como consultor, para que o filme tivesse um apelo mais internacional”, contou Gava. Como resultado, personagens foram cortados e o vilão (havia dois) foi fundido em um único papel.
Daniela Nader
Esteticamente, a produção é baseada em uma técnica de multiplanos – em que o plano da frente cobre o de trás –, com uma palheta de cores bem influenciada pelo visual de Como Treinar Seu Dragão (nas palavras do cineasta), entre outras referências.
Já a ilha de “Hi Brasil” é um território que faz parte da mitologia (para além do filme), representada em diferentes mapas entre os séculos XIV e XIX. “A gente vai descobrir no próximo filme se essa ilha fica ou não no Brasil”, adiantou Rodrigo. Sim, você leu direito. Apesar de ainda não ter data de lançamento definida, As Aventuras do Pequeno Colombo tem produção/ distribuição (Paris/ Downtown e Globo Filmes) garantida – ao contrário dos outros longas já exibidos no festival – e até roteiro para uma possível continuação.
Treta entre os curtas.
Pela competitiva nacional de curtas-metragens, outra animação foi exibida: O Último Engolervilha II (RJ) – que, “apesar do ‘II’, já é o quinto da série”, explicou o animador Jackson Abacatu no palco do Cine São Luiz. Ele é um dos 14 profissionais que contribuíram para o filme coletivo, um projeto capitaneado pelo desenhista Marão, que não estava presente. Com quase 13 minutos de duração, a obra é uma sucessão de animações de variadas técnicas e temas que não necessariamente se comunicam entre si. Sem orientação ou recorte, o que prevalece é um tom nonsense e anárquico, que resulta hilário (como nos “Engolervilhas” anteriores). “Muitos dos profissionais envolvidos trabalham em estúdios ou produtoras e
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aqui eles têm a oportunidade de fazer coisas que não fazem no dia a dia, de extravasar”, comentou Abacatu.
Pela mesma mostra, entrou na disputa a ficção fluminense O Coelho. Anunciado como um representante do “empoderamento” feminino pelo realizador, Marcello Sampaio, o filme dividiu a plateia. Muitos vibraram com o final catártico da história da menina de 11 anos abusada pelo pai em uma família nada convencional (há uma cena de estupro da menor); outros viram o discurso “feminista” usado de maneira errada, como se, para ocupar um espaço de destaque, a protagonista precisasse entrar no papel do macho. “O coelho é um bicho fofinho, mas que ataca quando se sente acuado”, justificou o realizador.
A noite começou com 22 pessoas no palco para apresentar o curta pernambucano de ficção A Vida Em uma Viagem, de Tauana Uchôa, que volta para a competitiva local, depois de exibir o doc. Não Tem Só Mandacaru.
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Pernambucanas:
> Antes de As Aventuras do Pequeno Colombo 2, Rodrigo Gava revelou que tem outro projeto de longa infantil engatilhado. A animação Operação Gaya vai contar a história de uma menina que sonha com o mundo da moda. Quando entra para uma agência de modelos, descobre, no entanto, que a instituição, na verdade, forma espiões, que é o que ela se torna.
*O AdoroCinema viajou a convite do Cine PE