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    Exclusivo: A atriz Laia Costa fala sobre as dificuldades de Victoria, filme com plano sequência de 134 minutos

    "Nunca diga a mesma coisa, nunca faça a mesma coisa".

    Imagine assistir a um filme de ação, que se passa em 22 lugares diferentes, sem um único corte sequer: a câmera acompanha os personagens e as ações sem parar, durante mais de duas horas. Esta é a premissa ousada de Victoria, projeto do alemão Sebastian Schipper que estreia nos cinemas brasileiros dia 24 de dezembro.

    Depois de conversar com o diretor, o AdoroCinema entrevistou a atriz principal, Laia Costa, que comentou as dificuldades e prazeres de trabalhar neste filme. Ela tinha que criar os diálogos, e ao mesmo tempo se mover dentro de uma história precisa, manejar carros, armas e tocar piano (mesmo sem saber tocar piano). Com tantos desafios cumpridos, a espanhola venceu o German Film Awards e foi indicada ao European Film Awards pelo papel.

    Assista a uma cena exclusiva de Victoria, cedida pela Imovision, e leia o nosso bate-papo:

    Como você ouviu falar neste projeto pela primeira vez?

    A diretora de elenco, Luci Lenox, conversou comigo sobre o projeto. Eu participei de um teste de elenco na Espanha, e dois dias mais tarde, tive uma reunião com Sebastian Schipper.

    Victoria passa por muitas transformações ao longo da história. Como você descreveria a sua personagem?

    Ela tem trabalhado a vida inteira para se tornar pianista, abrindo mão da juventude e dos amigos para alcançar o seu sonho. Mas um dia isso acaba, e ela fica perdida, profundamente decepcionada com a sua vida. Por isso, ela começa uma jornada interior muito especial.

    Quantos ensaios foram necessários antes de filmar? Quais foram as maiores dificuldades de produção?

    Nós ensaiamos durante doze dias, antes de fazer três tomadas inteiras. O filme é um grande processo de coordenação entre vários departamentos. Assim como os outros atores, eu não via ninguém da equipe técnica enquanto estava atuando, mas tudo estava perfeitamente preparado no local quando nós chegávamos. Existiam mais de 22 locações e 250 pessoas envolvidas no projeto.

    Imagino que, como a imagem nunca parava, você tinha liberdade para improvisar caso as coisas dessem errado.

    Nós improvisamos o tempo inteiro, mas também trabalhamos muito para garantir que tudo caminhava no sentido certo. Nós tínhamos liberdade dentro dos personagens para reagir de maneira realista diante da câmera. Era um processo criativo que estava sendo criado por todos nós juntos, como uma equipe.

    Qual era a dificuldade de se concentrar em diálogos e nas indicações precisas de atuação quando havia movimentos tão precisos a seguir?

    Nós tínhamos liberdade para nos mover como queríamos, e não tinha nenhuma linha de diálogo escrita! Sebastian só tinha duas regras: "nunca diga a mesma coisa, nunca faça a mesma coisa". Ele queria manter a realidade, o frescor. Mas é claro que tinham algumas questões técnicas a lembrar enquanto atuávamos, e combinamos tudo isso com antecedência. A cena do piano é um exemplo disso, porque eu não sei tocar piano, mas trabalhei as posições das mãos todos os dias durante um mês.

    Victoria está sendo apresentado pelos distribuidores como um dos maiores planos sequências do cinema. Você acha que este fator técnico pode acabar se tornando mais importante que a história?

    A resposta da plateia foi diferente, eles esqueceram completamente a questão do plano-sequência porque estavam envolvidos demais com os personagens e a história. Na minha opinião, o plano-sequência é parte da proposta do filme, assim como a maneira de filmar, com uma direção de fotografia que lembra um jornalista de guerra tentando acompanhar a ação. Os dois elementos fazem parte da estética. Mas as pessoas acabam amando os personagens e suas vidas.

    Você tem recebido muitos prêmios e indicações por esse papel. O que as premiações significam para você?

    É muito bom receber o reconhecimento das outras pessoas, isso me deixa muito feliz. Mas acredito que os prêmios não mudam a nossa carreira. Foi o próprio filme, Victoria, que mudou minha carreira. Quando você participa de um projeto bem-sucedido, que é distribuído no mundo inteiro, você tem uma ótima porta de entrada para outras indústrias do cinema. Por isso, todos nós temos mais propostas internacionais agora.

    Quais são os seus próximos projetos?

    Agora, estou tentando decidir quais serão os meus próximos passos. Depois de trabalhar na Alemanha, na Rússia e nos Estados Unidos, acho que o Brasil seria o destino perfeito! 

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