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    Entrevista com Edward Norton de O Legado Bourne

    O ator Edward Norton está no Rio de Janeiro, deu entrevista sobre seu próximo filme O Legado Bourne e falou de filmes nacionais como Tropa de Elite e Ônibus 174.

    por Roberto Cunha

    Presente na Rio +20 para participar de encontros sobre as questões do meio-ambiente, uma vez que é embaixador da ONU (Organização das Nações Unidas) para assuntos relacionados ao tema, o ator Edward Norton encontrou uma brecha na agenda e conversou com a imprensa, nesta terça-feira, 19, sobre seu próximo filme O Legado Bourne. O AdoroCinema estava lá.

    O legado Norton

    Com alguns vilões em sua carreira, abrimos a entrevista perguntando se ele tinha algum tipo de predileção por fazer caras maus ou se era apenas uma coincidência. Norton foi preciso ao salientar que seu personagem (Byer) não era bem assim, embora esteja sendo "vendido" como tal e falou sobre o estilo do diretor/roteirista Tony Gilroy.

    "Tony escreve personagens complexos e os três principais, Jeremy, eu e Rachel Weisz, têm sim um lado cinza, mas não são vilões. Eles fazem parte de um sistema, fizeram escolhas e tem essa coisa da corrupção. É bem difícil ficar definindo quem é quem de maneira simples. O que eu gosto em Tony é que em seus filmes ele tem essa coisa das corporações, governos, tomando conta de nossas vidas, controlando, eles são o problema. Isso é interessante."

    Preservando o silêncio

    Contando para ele que tínhamos assistido cerca de 30 minutos de sequências do filme no dia anterior, perguntei se os fãs brasileiros poderiam esperar por cenas de ação dele com Aaron Cross (Jeremy Renner). A resposta foi bem humorada, mas o ator saiu pela tangente. "Eu não posso dizer. Essa é a primeira vez que eu trabalho com um diretor que mandou um "memorando" dizendo para não falar sobre o que acontecerá. É algo assim top secret, chega a ser engraçado." Comentei que ele parecia ter o lado mais cerebral da história e ele concordou, mas alertou que veremos mais coisas. "O filme não está finalizado ainda", disse.

    Fazer parte de uma franquia

    Perguntei se ele curtia uma franquia, lembrou que não era sua primeira vez pois atuou em Dragão Vermelho (2002). "Como fã de filmes, eu gosto de histórias com sequências, essa coisa de "capítulos". Quando é bom, é bem divertido", disse, citando O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel e Guerra nas Estrelas. "Tem muitas histórias assim. É uma boa maneira de se relacionar com elas. Eu posso não ter feito muitas, mas é divertido fazer parte disso".

    Quando destaquei sobre a diferença entre o universo de Hannibal Lecter e Jason Bourne, ele concordou. "Isso mesmo. É um mundo bem específico. O apelo dessas histórias de Bourne é que ela está por aí, nos dias de hoje, fala sobre suspeitas de colaboração entre governo, corporações, fazendo coisas que podem ser erradas. Acredito que as pessoas curtem em Bourne é esse mergulho para ver o que está por baixo da superfície, esse tipo de suspense."

    José Padilha na cabeça

    Continuando a explicação sobre os "esquemas" que existem, ele citou dois sucessos nacionais: Tropa de Elite e Tropa de Elite 2. "Eu gosto desses dois filmes que falam dessa mesma coisa de combate a corrupção. As pessoas gostam disso." Em outro momento, quando perguntaram sobre os filmes brasileiros que ele conhecia, afirmou ter visto Cidade de Deus (quando citaram o título) e, mostrando identificação com o trabalho do cineasta José Padilha, lembrou de Ônibus 174. "É uma história realmente fascinante. Padilha é um cara esperto", contando que já conversou com ele anteriormente.

    É uma continuação ou não é?

    Sobre a dúvida que ficou pairando muito tempo sobre o projeto, Norton disse que não é como começar de novo, mas uma extensão. Segundo ele, nós veremos muitas histórias em paralelo com esses personagens que são peças diferentes de um mesmo sistema. Com a insistência sobre saber quem era o seu personagem, veio a resposta: "Tony gosta de manter esse mistério sobre quem está fazendo o que. Mas eu acredito que eles não são exatamente bons ou maus", afirmando que assistiu os três primeiros filmes e que eles não influenciaram em nada.

    O maior desafio

    Revelando uma pequena curiosidade sobre seu personagem, ele contou que o visual mais "idoso" foi emprestado de um executivo do presidente Barack Obama. Segundo ele, o cara ficou grisalho em dois anos de trabalho com "o poder". A ideia foi aceita pelo diretor, mas Norton disse que perdia horas para ganhar esse envelhecimento no salão. "Era uma tortura. Eu odiava."

    Teremos um quinto Bourne?

    Apesar das restrições nas informações, perguntei se já seria possível imaginar ele em um próximo filme da franquia Bourne. Norton falou da visão de Gilroy com a trilogia e acabou soltando que esse filme não acaba, dando a entender que essa possibilidade existe. Frisando que o cineasta tem essa capacidade de dar continuidade sem parecer repetitivo, aproveitou e elogiou a equipe, citando o diretor de fotografia Robert Elswit neste filme: "É um dos melhores diretores de fotografia. Incrível!"

    Parceiros em cena e seus próximos projetos

    Sobre os próximos projetos, contou que está acabando de escrever um roteiro e pretende dirigir, provavelmente, no próximo ano, mas vai depender de fatores como o investimento. Perguntei sobre qual gênero seria e ele falou que era algo na linha investigativa, com detetives etc. Quanto as preferências na carreira artística, disse que adorou trabalhar com Bill Murray no recente Moonrise Kingdom (2012) e elogiou bastante o trabalho do diretor Wes Anderson. O ator contou também que gostaria de trabalhar com Gene Hackman. "Mas ele está aposentado, então perdi a oportunidade", disse rindo e lembrando que adora também Morgan Freeman e Meryl Streep.

    Rio +20

    Sobre suas expectativas para a Rio +20, mostrou total consciência das dificuldades de se chegar a conclusões definitivas. Falou que existem as frustrações, mas que as pessoas precisam aceitar que um acordo entre muitas nações é bastante complexo e que as coisas vão acontecendo aos poucos. "É preciso manter suas expectativas dentro de uma realidade. É uma grande oportunidade para pessoas do mundo inteiro estarem juntas para trocar ideias e experiências". Perguntado sobre suas ações específicas nessa área, ele considera o trabalho que começou no Quênia há mais de 10 anos como o mais significativo, lembrando que seu pai, como cientista, sempre teve forte ligação com as questões ambientais.

    Envolvimento com a política

    Norton disse que topou ser embaixador da ONU porque entendeu que, apesar de não ser cientista ou economista, seu papel seria o de interlocutor, facilitando a comunicação das ideias para as massas porque esses profissionais têm dificuldades de fazer isso, principalmente, para os mais jovens. Sobre o documentário que fez sobre Barack Obama, lembrou que a produção era para um Senador, mas afirmou ter votado nele e que mantém bom contato com o atual presidente americano. Para ele, no entanto, uma possível candidatura para senador no futuro, já citada em algum momento, está descartada.

    Fotos cedidas por Rod Carvalho (foto 1) e Rogério Resende (fotos 2 e 3). O Legado Bourne tem previsão de estreia para o dia 24 de agosto e conta ainda com Rachel Weisz no elenco. Abaixo, você pode ver trailer legendado.

    O Legado Bourne

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