Muitas pessoas costumam dizer que os críticos são ignorantes, a menos que tenham opinião contrária sobre determinados filmes. Não duvido que às vezes eles estejam errados - e também que eu mesmo nem sempre esteja certo -, mas não vamos nos esquecer de que o público também pode estar errado. Hoje trago a prova disso, pois uma vez afirmaram que o que provavelmente é o melhor trabalho de Christopher Nolan foi seu pior filme.
O título em questão é O Grande Truque, o filme que Nolan dirigiu entre Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas. Esse também é um de seus filmes de menor bilheteria - apenas Following e Amnésia arrecadaram menos -, mas o que nos interessa agora é que ele também recebeu a menor classificação de público no Cinemascore, com um B.
Aqui é justo observar que se trata, na verdade, de um empate técnico com Tenet, que também recebeu um B, mas as circunstâncias extraordinárias que cercaram o lançamento desse filme significam que tanto o fracasso de bilheteria quanto esse ponto devem ser pelo menos qualificados. Afinal de contas, a ameaça do coronavírus fez com que muitas pessoas preferissem ficar longe dos cinemas para assistir ao filme - e o Cinemascore acaba capturando as opiniões daqueles que vão ao cinema no primeiro dia nos EUA. No entanto, nada disso se aplica a O Grande Truque.
Touchstone Pictures / Warner Bros.
O final de O Grande Truque pode gerar uma certa rejeição no público, mas mesmo um recurso tão problemático em outro cenário se encaixa muito bem nessa adaptação do romance de Christopher Priest, comandada por atuações estupendas tanto de Hugh Jackman quanto de Christian Bale.
Soma-se a isso seu impecável acabamento formal, transportando-nos totalmente para o período em que a história se passa e introduzindo um fator tecnológico essencial no desenrolar dos acontecimentos. Também não devo esquecer a presença fascinante de David Bowie como o lendário Nikola Tesla, ou o fato de que talvez seja o filme que melhor reflete um tema constante na maioria dos filmes de Nolan: como a obsessão por alcançar algo pode chegar a um limite que leva à autodestruição (ou, pelo menos, chega muito perto disso).
Também é o único filme de Nolan que não sofre com a repetição da exibição. Até mesmo Amnésia sofre com elas, enquanto eu diria até que O Grande Truque melhora com elas, pois já se sabe o que ele vai contar e se está mais atento à maneira como o diretor o faz.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema
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