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    À Beira do Caminho
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    À Beira do Caminho

    Emoções

    por Francisco Russo

    Roberto Carlos é uma paixão nacional. Ao longo de décadas, o cantor soube transpor para a música sentimentos tão complexos como a amizade e o amor, apresentando situações e sensações bem familiares a muitas pessoas – eis um dos motivos de seu sucesso. Tendo isto em mente, o diretor Breno Silveira encomendou à roteirista Patrícia Andrade a tarefa de desenvolver um filme em torno das músicas do cantor. O resultado é À Beira do Caminho, que tem como principal característica a simbiose entre história e várias de suas canções.

    A trama acompanha João (João Miguel, endurecido), um solitário caminhoneiro que vaga pelas estradas do Brasil. Um dia, ele descobre o menino Duda (Vinicius Nascimento) escondido em seu caminhão. Órfão de mãe, Duda está à procura do pai, que partiu para São Paulo antes mesmo dele nascer. Suas únicas pistas são uma antiga foto e um endereço para onde ele teria ido. Irritado com o carona inesperado, João promete deixá-lo na próxima cidade em que parar. Mas, aos poucos, a história de vida do menino faz com que João amoleça e decida resolver algumas pendências do passado.

    Para compensar a história simplória, Breno Silveira usa dois artifícios: a representação visual de situações apresentadas em certas canções, no sentido do público reconhecer de imediato o que os personagens sentem, e a mão carregada na emoção. Conhecido por saber filmar cenas do tipo, como comprovam 2 Filhos de Francisco e Era Uma Vez..., o diretor explora sua maior característica em diversos momentos ao longo da história. Para tanto há diversos ganchos, todos buscando sensibilizar o espectador com uma certa facilidade, como a busca pelo pai, a presença de uma criança abandonada, um trauma amoroso do passado e problemas familiares. Pode-se até dizer que são as cenas de emoção que carregam o filme, amparadas pelos bons desempenhos de João Miguel, Vinícius Nascimento e Dira Paes, em detrimento da história como um todo. Esta por vezes se revela frágil, atraindo apenas por um clima de mistério em relação ao passado de João, desconstruído ao longo do filme.

    Apesar de uma certa manipulação, no sentido de buscar sempre a emoção fácil, À Beira do Caminho é um filme bem feito que agrada por ser bastante eficaz no que se propõe a ser. Com boas atuações e uma trilha sonora bem escolhida, não apenas pelas músicas em si mas pela forma como são inseridas no decorrer da história, é um filme que pode pegar o espectador pela memória afetiva, impulsionado pelas próprias lembranças relacionadas às canções de Roberto Carlos. Destaque também para a brincadeira com as frases nos para-choques de caminhão, sempre bem humoradas e representando o estado de espírito de João naquele momento.

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    Comentários

    • Nelson Jr
      o filme é muito lúdico, a fotografia é muito boa., e a trilha sonora das lindas canções de Roberto Carlos , encaixada em cada cena do filme é muito boa, o filme é tocante , delicado, poético., apesar da história e do roteiro simples.., essas outras qualidades sobrepõe e faz o filme ser belo! Destaque para o fantástico João Miguel.
    • Artemiro Cruz
      O filme é um poema de delicadezas e de sensibilidades tão intensas quanto tocantes. A interpretação de João Miguel é tão afinada que o sentimento derrama por todo ele (olhos, expressão, lábios, voz, gestual). Chorei tanto que quase desidratei... Deslumbrante do início ao fim!!!
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