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    Clube de Compras Dallas
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Clube de Compras Dallas

    Uma história de perseverança

    por Roberto Cunha

    Com cerca de dois meses de atraso em relação aos Estados Unidos, mais de 40 prêmios na prateleira e seis importantes indicações ao Oscar, Clube de Compras Dallas chega nos cinemas brasileiros. E a magreza dos atores para viver o papel de vítimas da AIDS, lá atrás, quando surgiram os primeiros casos da doença, continua fazendo efeito. Mas se os comentários giram em torno - apenas - desse tema, é importante dizer que o filme tem mais a oferecer. 

    Na história, o caubói eletricista Ron Woodroof (Matthew McConaughey) leva um vida de pura esbórnia, bebendo todas, cheirando muito, traficando drogas lícitas e ilícitas e, sem proteção, transando a torto e a direito com as amigas. Depois de um acidente de trabalho, seus exames de sangue informam que ele está contaminado pelo HIV. O machão convicto contesta, mas com a chegada dos sintomas, passa a investir na quebra do monopólio da indústria farmacêutica com o famigerado AZT, investigando drogas alternativas no México, Amsterdã, China e Japão. Ao lado de um amigo travesti (Jared Leto), cria um clube de fornecimento de remédios não autorizados, que passam a dar sobrevida para ele (homofóbico convicto) e os associados. O problema é a pressão do governo.

    Criticando duramente as políticas comerciais e desumanas da indústria farmacêutica, que segundo o protagonista "oferecem açucar para quem está morrendo" (o placebo dos testes), o roteiro do novato Craig Borten e Melisa Wallack (Espelho, Espelho Meu) mergulha você de cabeça naquele universo triste e degradante. A diferença, porém, está na opção por não apelar para o melodrama e o choro fácil. Se aponta as falhas da FDA (agência americana reguladora de remédios e alimentos) ou das autoridades policiais, isso pode acontecer com noticiários de TV ou através de diálogos inspirados e carregados de humor. O mesmo vale para a maneira como o personagem venceu o forte preconceito dele e dos pares.

    A direção sóbria foi de Jean-Marc Vallée (A Jovem Rainha Vitória) e, entre as curiosidades, tem uma zoada machista para cima do galã de outrora Rock Hudson, uma das primeiras vítimas fatais e famosas da AIDS, e uma citação do clássico Intriga Internacional, de Alfred Hitchcock. Além do já citado esforço de McConaughey e Leto, que perderam muito peso para viver seus personagens e estão muito bem, o filme tem também Steve Zahn, Jennifer Garner e Griffin Dunne, em participações modestas. Ao fim, nos créditos, informações sobre o destino de Ron, que sobreviveu ainda mais sete anos após o diagnóstico e a morte anunciada. É uma incrível história de perseverança.

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