É, sem exagero, uma das produções mais rigorosamente fiéis à física espacial já feitas para a TV. Dá gosto ver que roteiristas e direção fizeram a lição de casa. A série respeita o vácuo, a mecânica orbital, o impacto da gravidade (ou da ausência dela) nos corpos humanos, e até o funcionamento realista dos conflitos armados no espaço. Não há atalhos hollywoodianos. Há ciência aplicada à narrativa e, isso, por si só, já é um espetáculo.
A trama, especialmente nas primeiras temporadas, é envolvente, coerente e bem amarrada, misturando política interplanetária, dilemas morais, conspirações e biotecnologia com equilíbrio e tensão. Há um senso de escala grandioso, sem perder o foco nos personagens, e isso torna o universo denso, crível e vivo.
Claro, nem tudo é perfeito. Em determinado ponto, especialmente ali no meio da série, a trama se estica mais do que precisava. Perde um pouco do foco e fica confusa em algumas linhas narrativas. É como se o roteiro tivesse entrado em órbita sem calcular direito o impulso de correção. Ainda assim, isso não tira o mérito da obra. A série se recupera, mantém a qualidade visual e o compromisso com a coerência interna.
No final das contas, The Expanse é daquelas séries que marcam. Difícil não querer revisitar esse universo. É um presente para quem gosta de ficção científica séria, adulta, e que trata o espectador com inteligência.