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    Crítica Westworld 3X07: O propósito de Caleb

    Ainda que um tanto anticlimático, penúltimo episódio da temporada apresenta sérios desdobramentos rumo ao desfecho.

    ATENÇÃO! ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS DE WESTWORLD.

    Estamos próximos do desfecho da 3ª temporada de Westworld, que neste ano nos apresentou a um novo mundo em que a tecnologia controla não só os anfitriões como também (ou melhor, principalmente) os humanos. Como o prometido e o esperado, personagens como Clementine retornaram e os segredos de Caleb finalmente foram revelados. Neste sétimo episódio, intitulado "Passed Pawn" - cujo significado tem a ver com o xadrez e se diz respeito àquele peão que não possui nenhum adversário e que não pode ser bloqueado -, o xeque-mate que a narrativa traz é o verdadeiro significado do papel de Caleb. Papel este que Dolores sempre soube qual era.

    É importante avaliar como a trajetória de Caleb soou crescente e eficiente até aqui, uma vez que o personagem sempre demonstrou oscilações de memória e uma falta de adequação mesmo quando seu caminho se encontrou com o de Dolores. Graças à ótima atuação de Aaron Paul, Caleb diz muito com seu olhar ora perdido, ora cansado ao tentar entender tudo o que está à sua volta. E tal comportamento chega ao seu ápice em "Passed Pawn" graças à atitude de Dolores em levá-lo de volta ao local que executou um experimento que, teoricamente, o faria seguir seu looping narrativo até o fim. Após a grande descoberta dos planos de Serac (o verdadeiro clímax desta temporada), já era claro que Caleb também tinha uma linha da vida delineada por máquinas.

    O que nos restava saber era se todos os flashbacks expostos desde o início eram reais, assim como suas memórias de guerra do lado do melhor amigo. Em "Passed Pawn", enfim tudo nos é explicado: desde a morte de Francis até o vácuo obscuro de sua vida que tanto tentou relembrar. Com a ajuda de Dolores e de Solomon, novo "personagem" em forma de máquina à la Hal de 2001: Uma Odisseia no Espaço, seu verdadeiro significado enquanto humano desvirtuado pela tecnologia é exposto. Mas por que tal explicação soa tão abrupta e anti-climática?

    O problema de "Passed Pawn" é o fato de o episódio se apoiar deliberadamente de ferramentas expositivas apenas para explicar ainda mais o quão falsificada se tornou a mente de Caleb. Portanto, é mais do que justo dizer que, após o excelente episódio 05 da temporada, o verdadeiro clímax já fora ultrapassado. Apesar de a explicação sobre todo o arco de Caleb seja bom e importante para fazer com que a trama avance num cenário geral, a forma como foi colocada neste episódio tirou bastante de sua forma por se prolongar mais do que o necessário.

    Para equilibrar o drama e informações do arco de Caleb, o embate de Maeve com Dolores foi um dos grandes momentos do episódio, assim como toda a questão envolvendo William, Bernard e Stubbs. Porém, o motivo da desavença entre as personagens mais fortes da temporada não convence; afinal, a criança pela qual Maeve tanto anseia em cuidar não existe e nunca existiu. Ver maldade ou opressão na missão de Dolores não faz nenhum sentido, pois o que a personagem de Evan Rachel Wood mais quer é libertar os humanos para que, finalmente, os anfitriões também seja definitivamente libertos. É um senso de independência que ajudaria ambos os lados, e não deixa de ser irônico o fato de Maeve lutar por Serac, cujo ideal sempre foi o de comandar ambas as espécies.

    Em meio a uma boa história de fundo e ligações um tanto simplificadas diante da complexidade da trama neste novo mundo, Westworld ruma por uma conclusão de temporada que promete entregar algumas contradições significativas; em especial, a revolta de algumas versões de Dolores (especialmente Charlotte) contra si mesma e as possíveis ações de Caleb que afetarão sua própria espécie. Homens lutando por robôs e robôs lutando por homens... um grande paradoxo que certamente não terminará de forma pacífica.

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