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    The Walking Dead S09E08: Mistério, terror e mortos que sussurram

    Confira nossa análise da midseason finale de The Walking Dead.

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    ATENÇÃO! Contém spoilers do episódio 8 da 9ª temporada de The Walking Dead, "Evolution".

    O último episódio do ano de The Walking Dead apresentou os vilões que vão marcar a segunda metade da nona temporada: os Sussurradores. Tanto para quem conhece os personagens dos quadrinhos como para quem nunca ouviu falar deles, certamente a série trouxe uma dose cavalar de medo, esquisitice e uma importante morte, como era esperado com a chegada daqueles que sussurram.

    Nesse sentido, foi interessante a escolha da produção de trazer os novos vilões acompanhados de muito mistério, sempre do ponto de vista dos personagens regulares da série, como Eugene (Josh McDermitt), que acredita que os zumbis passaram por uma evolução e agora pensam e falam; Jesus (Tom Payne) e Aaron (Ross Marquand), preocupados com a forma como a horda de mortos-vivos estava andando em círculos e passando pelo mesmo caminho inúmeras vezes.

    Enquanto Daryl (Norman Reedus) se apresenta como um grande "rastreador" com seu cachorro — de longe, uma das melhores relações da temporada —, dificilmente eles encontrariam Eugene em um campo aberto, como passaram grande parte do episódio à procura. A escolha do roteiro deixa aparente que o motivo é forçar os personagens a ficarem no meio do novo mistério.

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    Além disso, é compreensível que Eugene estava ferido e não poderia correr, e nenhum dos personagens esperava que a horda os seguisse até o celeiro. Porém, ainda assim são zumbis, que se movem devagar e seria bem fácil fugir deles. Apesar dos Sussurradores guiarem os mortos-vivos, eles parecem seguir as regras da horda e andar a passos lentos. Dito isso, seria até fácil para os personagens darem um jeito de fugir do grupo. Só que, pelo contrário, eles acabaram presos em um cemitério, à noite.

    Então chegamos no final da midseason, uma das melhores cenas do episódio. Por mais que a neblina tenha dado um clima a mais de terror para a cena, dificultou um pouco a compreensão do que estava acontecendo — tanto para os protagonistas, quanto para o público. Jesus resolve dar uma de herói e enfrentar uma horda de mais de 140 zumbis sozinho. No começo, ele dá conta do recado, com seus golpes de artes marciais e sua espada, mas é surpreendido por um morto-vivo que não estava tão morto assim e lhe dá uma facada nas costas. Tratava-se de um humano disfarçado, no caso, um sussurrador, que usa peles de mortos e fala sussurrando para se misturar às hordas de zumbis. Perde-se Jesus, perde-se a esperança.

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    Era de se esperar que a introdução dos novos vilões viesse acompanhdo de uma perda importante em The Walking Dead — algo chocando, claro, considerando que a série se despediu recentemente de Rick (Andrew Lincoln) e Maggie (Lauren Cohan). O episódio que antecedeu "Evolution" elevara Jesus novamente ao papel de protagonista da produção, mostrando as facetas de líder de Hilltop (ainda que contra sua vontade), mentor de Aaron e acendeu uma possível chama de romance entre eles. O personagem é homossexual nas HQs — e, aparentemente, na série também, apesar de isso nunca ter sido dito abertamente. Assim, TWD perde a oportunidade de desenvolver não só um membro da comunidade LGBT mas um possível pilar para os habitantes de Hilltop e dos demais grupos.

    Porém, em uma midseason finale simples, o arco dos Sussurradores foi o único que realmente importou. Ainda pautado em apresentar o novo período de The Walking Dead, o capítulo também focou em mostrar o que mudou na relação entre Michonne (Danai Gurira) e os demais personagens, que agora a recebem com receios em Hilltop. Entretanto, a chegada da líder de Alexandria na outra comunidade com o novo grupo de sobreviventes serviu apenas para mostrar ao público que todos lamentam o passado e o que perderam, e que o futuro definitivamente não é como eles esperavam.

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    Outro arco que deixou a desejar foi o de Henry (Matt Lintz), agora adolescente, aprendiz de ferreiro em Hilltop. Por algum motivo, ele achava que Enid (Katelyn Nacon) estava solteira e estaria interessada nele — descobrimos que ela está em um relacionamento com Alden (Callan McAuliffe), o ex-Salvador que uniu a Hilltop. Desiludido com a vida, ele é recebido por adolescentes que viveram metade de suas vidas no apocalipse zumbi e não sabem nada de sobrevivência. Eles agem como qualquer jovem estúpido em filme de terror, bebendo, saindo escondido dos muros de Hilltop e zoando com os zumbis. Será que ninguém ensina nada pra essas crianças? Até Judith, muito mais nova, daria uma lição (e uma surra) em todos eles! Curiosamente, a série faz questão de exaltar que Henry, apesar de ser insuportável como criança e seguir assim quando adolescente, é muito melhor do que todos eles, misericordioso com o zumbi que um dia foi uma pessoa.

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    Apesar de pecar bastante na condução arrastada dos arcos, o episódio traz outro destaque positivo: a relação entre Negan (Jeffrey Dean Morgan) e o Padre Gabriel (Seth Gilliam). A conversa entre eles lembra a primeira cena dos dois na temporada anterior, quando estavam presos entre zumbis na frente do Santuário. Aparentemente, agora o Padre é um dos responsáveis por cuidar do prisioneiro e ajudá-lo a meditar, após o surto emocional que Negan teve antes do novo salto temporal da série. Aqui, o sarcasmo e o talento de Jeffrey Dean Morgan roubam a cena — e até nos fazem rir sobre Negan ter virado o fofoqueiro! - mas não salvam as sequências arrastadas do capítulo. A trama deixou mais uma ponta solta para quando a série voltar de seu hiato: a cela de Negan estava aberta. Será que o ex-líder dos Salvadores vai fugir? Ou será que vai tentar provar seu valor em Alexandria?

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    A primeira metade da nona temporada, bastante superior às anteriores, navegou entre diferentes reviravoltas. Um primeiro salto temporal, de 18 meses entre o oitavo e o nono ano da série, que apresentou a sociedade idealizada por Rick Grimes após a guerra contra Negan; a dificuldade do conflito entre os grupos; a lembrança do passado presentes em conversas entre Rick e Daryl; e o desaparecimento do protagonista. Depois, o segundo salto temporal, de seis anos, apresentou uma nova sociedade, com crianças que nasceram depois do apocalipse, como Judith; os personagens mais velhos e com novas funções e papéis; e a chegada de um grupo de vilões inédito.

    Como é de costume, a midseason finale terminou com um cliffhanger dos personagens sendo circulados pelos Sussurradores, dando a entender que ninguém está a salvo. Faltam alguns ajustes, mas o futuro para a produção é promissor. A temporada que mais avançou no tempo na produção promete seguir trazendo um sopro de ar fresco para The Walking Dead. Mesmo que isso venha na forma de humanos que usam "roupas" com cheiro de putrefação.

    The Walking Dead retorna com novos episódios em fevereiro de 2019.

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