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    Mal Me Quer: Divórcio fake vira "enrascada sinistra" para casal vivido por Júlia Rabello e Felipe Abib (Entrevista exclusiva)

    Será que um divórcio pode salvar uma falência? Júlia Rabello, Felipe Abib e o diretor Ian SBF falam da nova série brasileira da Warner; a primeira temporada estreia em 2019.

    Stella de Carvalho

    Após quatro semanas de gravações, a nova série brasileira da Warner está finalizada: Mal Me Quer tem estreia prevista para 2019 com trama sobre divórcio fake e muito bom humor. Protagonizada por Júlia Rabello e Felipe Abib, a comédia conta a história de um casal muito apaixonado que, para não abrir falência e perder todos os bens conquistados para a família, resolve se separar e precisa ir até o fim com a farsa.

    O divórcio "de mentirinha" aparece como possibilidade de salvação financeira logo no início da série, mas, vale lembrar, é ilegal. Os desdobramentos dessa enrascada cômica e romântica dão o tom dos seis episódios da primeira temporada, que tem estreia prevista para 2019. A produção é da Boutique Filmes, responsável pela original Netflix 3%, e a direção é de Ian SBF, que também dirige Júlia Rabello no Porta dos Fundos

    "É uma das poucas vezes que eu posso contar uma história que não seja piada o tempo todo", comemorou o diretor em entrevista ao AdoroCinema. A comédia ágil que consagrou as esquetes do grupo no Youtube também deve dar as caras, mas não é o objetivo final em Mal Me Quer: "Em um episódio de meia hora, temos outras coisas para fazer além de só contar uma piada e estou feliz de fazer uma coisa diferente", explicou Ian. Fãs do Porta também podem desistir de ver easter eggs no estilo daquele icônico episódio "Sobre a Mesa": "tem a Júlia e eu, mas é só uma incrível e feliz coincidência".

    Durante nossa visita ao set de gravações, pudemos conferir momentos divertidos do casal formado por um agente de turismo e uma dentista, além da interação super natural entre os três filhos da dupla, vividos por Klara CastanhoLipe Volpato e Chiara Scalett. A famíila de classe média com certeza vai lembrar alguma que você conhece e o cenário é bastante familiar, com direito até ao brasileiríssimo rodinho de pia repousando na cozinha.  

    Entre uma cena e outra, conversamos com Júlia, Abib e Ian SBF sobre como é fazer uma comédia romântica em cima do delicado drama do divórcio e como o momento otimista de séries nacionais está mexendo com o mercado; acompanhe a entrevista completa abaixo!

    Stella de Carvalho

    Já vimos muitos relacionamentos de mentira na ficção, mas divórcio de mentira é novidade… Como está sendo essa experiência?

    Júlia Rabello: Quem quer passar por um divórcio, né? Tem que ser muito maluco para querer inventar, “Ah, não estou fazendo nada, vamos se divorciar?”. Acho que por isso a gente nunca tinha visto divórcio de mentira, mas eles têm um super problema que os obriga a passar por essa situação insuportável. É de mentira, mas o mundo tem que olhar e achar que é de verdade. Tem um combo de piadas muito bom aí.

    Ian SBF: Eu vejo muito mais como uma comédia romântica porque é sobre um casal que se ama, que se gosta, e eles têm que atravessar percalços e problemas para conseguirem continuar juntos. Você fica o tempo todo torcendo por eles e rindo das coisas que acontecem. A química dos dois, o roteiro, tudo foi feito para levar você a gostar desse casal, que funciona muito bem junto.

    E os filhos? Como é essa situação em família? Eles estão sabendo que é de brincadeira ou eles acham que é verdade?

    Júlia: Spoiler! (risos)

    Felipe Abib: O casal descobre que o problema é sério, então eles entendem que é mais fácil os dois passarem dificuldades do que colocarem os filhos para passar por esse perrengue. É mais fácil eles ficarem separados do que dormirem debaixo de uma ponte e perder tudo. 

    Depois de tanto tempo, como é esse retorno a solteirice dos dois, mesmo que de mentirinha? O que a gente pode esperar?

    Júlia: É bem de mentirinha, porque um fica de olho no outro. Eles estão há muito tempo fora do mercado e tem que aprender a lidar com novas tecnologias. É esquisito, quem não tem intimidade com esse lance já chega total de tiozinho. 

    Felipe: Somos os próprios tiozinhos. (risos) Tem que aprender a se vender bem no Tinder, nos aplicativos, rola até um ciúme, qual foto vai botar no perfil? E aí eles vão relembrar com quem do passado ainda podem ter um caso, até onde vai esse jogo de aceitar ou não aceitar... Qual o limite disso? Tem que postar e mostrar que é verdade, só pegar na mão não vai dar certo.

    Júlia: Tem que ir negociando como vai ser esse date fake. E é muito grave você fingir divórcio, é crime de fraude. E tem uma coisa interessante que a brincadeira começa a virar verdade porque quando eles têm que demonstrar uma crise para o mundo exterior, isso arrasta um pouco para dentro. Eles estão numa enrascada sinistra.  

    Vivendo essa situação na ficção, vocês acham que isso poderia acontecer de verdade ou seria surreal demais?

    Júlia: Eu acho que a vida é muito mais criativa do que a gente! Tem situações da vida que a gente olha, ri e pensa “Ah, se a gente coloca isso na televisão as pessoas vão dizer que é falso”. Eu acho super possível esse tipo de situação acontecer, agora, é desgastante. Eu nunca diria que é uma boa solução.

    Felipe: Sim e eles são muito unidos. Às vezes os problemas do meu personagem são os mesmos problemas dela em outra cena. A crise é coletiva, é dos dois, não é uma crise individual. O problema é dos dois e isso que é o barato.

    Várias séries novas estão sendo produzidas no Brasil, para canais a cabo e streaming. Como vocês enxergam esse momento e as novas possibilidades?

    Felipe: Se a gente estava antes atrelado só à novela ou a um cinema alternativo, ou mesmo a um tipo de comédia bem comercial, agora a gente está abrindo esse mercado do meio. 

    Ian SBF: O mercado está absurdamente aquecido. A gente está tendo que ensinar gente nova para fazer o trabalho porque não tem equipe suficiente para fazer tanta série que está surgindo agora. É incrível porque está aquecido, mas complicado porque tem que capacitar muito rápido para não deixar a bola cair. Mas, por tudo que eu estou vendo e escutando, a gente está dando conta da demanda que está chegando aí.

    Júlia: Eu acho que a gente sempre acha que o Brasil é o país do futebol - a gente foi até o 7x1 - mas a gente também é um bom contador e um bom “ouvidor” de histórias. A gente adora histórias, o brasileiro tem uma tradição em torno disso. Agora a gente tem que fortalecer esse mercado e depois segurar a onda. Temos que pensar no crescimento do todo, não só dos profissionais, mas também de quem vai apreciar essas histórias também. 

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