Você já conheceu algum Amigo de Aluguel, o curioso profissional contratado para acompanhar uma pessoa num casamento, reunião ou enterro, por exemplo? Já se imaginou usando um serviço desses?
Esse é o motor da nova série da Universal TV, que traz um ator fracassado (Felipe Abib, de Vai que Dá Certo) aceitando interpretar os tipos mais improváveis para ganhar algum dinheiro. Sua agente nesta empreitada é a amiga Sara (Luciana Paes, de O Animal Cordial), que encontra a cada novo episódio um cliente diferente para o atrapalhado Fred, que interpreta 13 personagens diferentes, de namorados a padres.
O AdoroCinema teve a oportunidade de acompanhar um dia nas filmagens da série, que gravou duas temporadas de uma vez só pelas ruas de São Paulo. Conversamos com Abib e Paes sobre o projeto, que estreia dia 26 de agosto, às 23h na Universal TV:
Divulgação
Os personagens
"O Fred é esse cara meio bombeiro, sabe?", explica Felipe Abib. "Ele vê alguém com problema e vai lá resolver. Tem esse lado meio super-herói de querer resolver as coisas. No fundo, quando ele compõe o personagem e veste a roupa, ele vira outro cara muito mais apaixonado pela vida, mais criativo e improvisando situações que jamais alguém poderia fazer. Por isso o Fred é a pessoa certa para esse projeto - até porque um ator profissional não teria tempo para fazer isso".
Mas como Fred conheceu a agente Sara? Luciana Paes conta a história: "A Sara foi agente do Fred há muitos anos. Mas aí, 10 anos no futuro, a sobrinha dela toma um pé na bunda do ex-namorado. Numa conversa com a sobrinha, a Sara sugere: 'Vai com alguém nesse casamento. Arranja um bofe lindo e mostra que você está ótima'. Ela tem a ideia de chamar um ator para fazer isso. É um casamento de judeus ortodoxos. Ela vai atrás do Fred e descobre que ele está distribuindo panfletos vestido de galinha no viaduto. Então começa essa relação. Esse trabalho dá certo e começam a entrar outros trabalhos, com mais dinheiro. A Sara percebe que isso pode ser uma possibilidade de ganhar dinheiro e ela entra na parte de business. O Fred entra com o talento e ela entra com a experiência, a administração".
Engraçado até na imagem
Durante as gravações, um elemento que chamou a atenção foi um veículo colorido, no qual o personagem escolhia as suas roupas. Felipe Abib comenta: "O Fred tem uma Kombi cheia de figurinos. Então essa coisa dá um lugar mambembe, um corpo mambembe". Para Luciana Paes, os figurinos também servem para brincar com as épocas:
"Você não descobre muito bem o tempo em que eles se encontram, porque os personagens são estilizados. Cada um tem uma cor, então às vezes parece uma coisa meio 1970. Parece que cada personagem veio de uma época: o Fred é meio 1970, a Sara é meio 1990... A Sara já teve dinheiro em algum momento e adora uma bolsa boa, um sapato bom. Só que agora ela está na pindaíba, buscando saídas. Sabe aquela pessoa que já trabalhou como agente, trabalhou na moda, empresa madeireira? Então ela é chique extravagante. A escolha do figurino ficou super bacana com a combinação de paletas pastéis. Tipo rosa bebê e laranja bebê que, combinadas, ficam extravagantes.
Divulgação
Uma série sobre atores
Abib define a série através de referências: "Eu sempre me lembrava de séries americanas como Um Maluco no Pedaço. Ele é um ator que vive uma situação difícil, uma vida sofrida e tem uma situação familiar estranha. Ele é um ser estranho. Em termos de comédia, é um humor leve, que lembra um pouco até A Grande Família". Paes precisa: "É uma comédia familiar. Não tem palavrão, tem um personagem infantil forte, que é o Ivan, filho do Fred. A relação dos dois é muito importante na história".
Por isso, a premissa seria universal: "O Fred é ator, mas poderia trabalhar com qualquer outra coisa. A relação dele com a família é a mesma de qualquer pessoa com a sua família. É interessante ver que, por ser ator, ele tem um processo de trabalho diferente. O Fred sai para trabalhar à noite e passa horas sem ver o filho, o que cria um conflito com as responsabilidades sociais, algo que uma vida mais conservadora consegue dar conta. O padrasto do garoto tem uma vida mais padrão, mais regular, com o filho. Mas o ator não consegue se adaptar a buscar na escola, levar no cinema... Isso mostra mais o lado mais outsider da profissão".
Muitos personagens e duas temporadas de uma vez só
Amigo de Aluguel traz a oportunidade rara a Abib de interpretar vários personagens no mesmo projeto. É mais difícil o processo? "É uma loucura muito interessante", ele revela. "Teve um episódio em que gravamos metade da diária com idosos, e a outra metade com crianças. Era 8 ou 80. A Lu me ajudou muito na preparação para a série, porque somos amigos há muito tempo, já temos uma intimidade. Compor esse número de personagens demanda um risco, né? Você precisa ter retorno de alguém em quem confia, alguém que te apresente possibilidades. Às vezes você não consegue imaginar sozinho."
"Já a Sara é muito importante nesta história, mas ela não tem muita transformação da primeira para a segunda temporada", afirma Luciana Paes. "Ela é uma personagem que faz a roda girar, mas através dela as coisas não acontecem. Os episódios são muito independentes. É o Fred quem muda: ele vai ficando mais autoconfiante e também menos egocêntrico, percebendo as falhas dele em relação à família".
Divulgação
Espaço para improviso
Luciana Paes afirma que, apesar do texto muito bem escrito, todos os atores tinham grande liberdade para propor novas ideias durante as filmagens. Algumas cenas vieram do improviso: "Às vezes a comédia está na inutilidade mesmo, e não no roteiro. É esse tipo de comédia que vai surgindo na hora da ação. A gente queria deixar a série bem macia".
Abib concorda: "É muito interessante a gente ser muito amigo também, porque existe uma proteção de um com o outro. Se eu proponho uma coisa, eu sei que a Lu vai receber bem. Eu também não posso chegar e mandar na galera mais velha, nos idosos. Com os atores convidados a gente acaba sendo mais respeitoso, mantendo o texto, a não ser que eu já conheça os convidados há muito tempo. Agora, entre eu e a Lu, existe a amizade que corre por trás dos personagens.
"Para os dois personagens, Sara e Fred, ter essa liberdade é incrível", pontua Paes. "Obviamente, a gente acaba rindo mais!", completa Abib.
