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    Game of Thrones S06E10: Pais, filhos e Os Ventos do Inverno (Crítica)

    Crítica do episódio final da sexta temporada de Game of Thrones.

    ATENÇÃO: Contém spoiler do episódio 6x10 de Game of Thrones, The Winds of Winter.

    É o ano dos Stark. Em uma temporada que começou perseguida pela pergunta sobre a vida de Jon Snow, foi a hora e a vez de os Lobos Gigantes darem a volta por cima depois de tantas baixas, tantos desencontros e tantas tristezas. Com um episódio repleto de Reis, Rainhas, golpes, dragões e linhagens parentais, Game of Thrones fecha o seu ano seis em grande estilo.

    O episódio entrega diversas resoluções e embora algumas delas já haviam sido previstas, e outras sugeridas claramente pelos episódios anteriores, nenhuma previsibilidade tira o mérito da entrega. O plano de Cersei para se livrar do julgamento da Fé Militante não era exatamente uma surpresa, mas toda a sequência é tão angustiante e tensa que causa um bom incômodo até naqueles que já sabiam o que iria acontecer. Da redenção de Loras ao desespero de Margaery e à partida de Meistre Pycelle (um personagem pouco explorado, mas sempre presente), tudo é executado com tamanha precisão que mesmo aqueles que já sabiam do que aconteceria são pegos de surpresa. Sem deixar uma pausa para respirar, os primeiros trinta minutos do episódio entregam uma execução perfeita, marcada por uma trilha sonora rítmica do excepcional Ramin Djawadi que ganha ainda mais poder com a montagem segundo-a-segundo do Primo Lancel tentando, em vão, chegar perto da chama para conseguir deter o fogovivo.  Uma obra de arte.

    HBO/Divulgação

    A destruição do Septo de Baelor e as consequências do ato trazem para a cena novamente os sentimentos conflitantes que guardam um dos trunfos de Game of Thrones. O misto de sensações causado por cada personagem ou reviravolta é um dos fatores mais fascinantes de toda essa sequência. Praticamente unânime é a felicidade com o fim do Alto Pardal, mas o impacto da morte dos irmãos Tyrell é triste – principalmente de Margaery, que passou a temporada armando um plano para a sua família. Toda a irritação que qualquer um tenha sentido por Septã Unella no final da quinta temporada vai por água abaixo aos sons de seus gritos sendo torturada por Cersei e Gregor Clegane. Mesmo para aqueles que torcem para Cersei, é muito difícil não questionar as suas ações tão cruéis. Adicione aí mais uma camada de questões a serem tratadas com o suicídio de Tommen. Para um personagem que pouco ou nada causou ao público durante toda a sua participação na história, o momento mais impactante é o seu suicídio. O momento em que o jovem Rei tira a vida é uma belíssima demonstração de que o silêncio pode ser muito mais poderoso que a fala, quando utilizado corretamente.

    "The Winds of Winter" traz momentos poderosos para todos os lados, mas continua guardando para o Norte as cenas que levam todos à loucura. É difícil não vibrar com os gritos de “O Rei do Norte” (ou DAKINGINDANORTH), ou não ficar feliz com Lyanna Mormont dando lição de moral em todos os outros senhores que não juraram lealdade aos Stark anteriormente, mas existem várias nuances que não podem passar despercebidas. Sansa ter admitido que errou ao não ter contado a Jon sobre o exército do Vale e a declaração dele sobre eles precisarem ter confiança um no outro foram cenas marcantes, mas Sansa não confiar em Mindinho não significa que as coisas que ele diz não a afetem. Oficialmente, Jon Snow ainda é um bastardo, embora defenda a Casa Stark, e por isso o certo seria Sansa ser coroada como a Rainha do Norte. O olhar entre ela e Mindinho após a ovação de Jon sugere que ela também tenha chegado a esta mesma conclusão.

    A questão sobre a importância dos laços familiares vai além nesse episódio e acaba costurando todos os arcos. Vingança pela perda de entes queridos é o que une Lady Olenna, a remanescente dos Tyrell, e Ellaria Sand e as Serpentes de Areia, de Dorne. A despeito do medo de seguir os passos do pai, Daenerys entra para o grande jogo de verdade dessa vez e embarca para os Sete Reinos. E, respondendo uma pergunta que está sendo feita há vinte anos, Bran termina de ver o que acontece na Torre da Alegria.

    HBO/Reprodução

    O flashback mostra Bran continuando junto ao pai (mais jovem) após a luta que havia sido mostrada no episódio 6x03, e aqui temos Lyanna Stark no alto da torre em sua icônica cama de sangue. Embora leitores dos livros conheçam bem a descrição da cena, é um momento bastante marcante, não apenas pela natureza do segredo revelado, mas por ser algo que atormentou Ned durante muito tempo, e por ser a fonte da teoria mais famosa sobre As Crônicas de Gelo e Fogo. Não ficou claro exatamente por que uma parte da fala de Lyanna para Ned não é ouvida, mas é bastante seguro dizer que a teoria se confirmou, já que o medo de Lyanna era que a criança fosse morta por Robert Baratheon, e isso só aconteceria se fosse uma criança Targaryen – que pudesse reclamar o Trono de Ferro. Já podemos comemorar, R+L=J. A questão agora vai além da revelação e fica a ser visto o que isso vai significar quando Bran contar a verdade a Jon. E, já que estamos no assunto, as chances para um grande encontro dos Stark na sétima temporada são extremamente altas, já que todos os que restaram estão indo para a mesma direção.

    A esta altura da história, algumas coisas precisam ser aceitas. A falta de cronologia tem incomodado alguns fãs há um certo tempo, e neste episódio fica evidente que os eventos não estão necessariamente acontecendo em um mesmo espaço de tempo pré-determinado. A chegada de Arya tão rápido nas Terras Fluviais não condiz com o fato de Lorde Varys ter ido e voltado de Meeren para Dorne no espaço de um episódio, por exemplo. A passagem de tempo na série de fato é incongruente, e dessa vez não foi algo que tenha incomodado. Pelo contrário, Arya riscar o nome de Walder Frey da lista de uma maneira tão emblemática foi mais uma surpreendente demonstração de força de um episódio já recheado de grandes momentos.

    HBO/Divulgação

    Com os Tyrell temporariamente fora do caminho, Cersei finalmente alcança o Trono de Ferro, em um golpe sem contestadores que questionem a jogada. A decisão de tirar Margaery do caminho de Cersei de forma tão preguiçosa é bastante simplista, e vamos ter que apenas imaginar o que seria de um encontro entre ela e Daenerys. Mas não é por isso que o caminho da nova Rainha está livre; Enquanto o inverno finalmente chega, anunciado pelo corvo branco e pela voz de Sansa Stark, Daenerys Targaryen desembarca em Westeros muito em breve, com seus três dragões e com sua nova Mão. E, do outro lado, literalmente entre o Gelo e o Fogo, existe um Jon Snow metade Targaryen e metade Stark que realmente não sabe de nada. Ygritte estava certa o tempo todo.

    HBO/Divulgação

    Considerações finais:

    1- Seja Stark ou Mormont, as Lyannas são as melhores personagens desta temporada.

    2- O diretor deste episódio é o mesmo diretor do episódio 9. Miguel Sapochnik. Que dobradinha! Aliás, na quinta temporada ele dirigiu o episódio 7, The Gift, e o episódio 8, Hardhome.

    Nota: 5,0

     

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