A figura histórica de Spartacus sempre foi envolta em incertezas. Pouco se sabe sobre o gladiador trácio que liderou uma grande revolta de escravizados contra a República Romana em 73 a.C., e os registros disponíveis foram escritos mais de um século após sua morte. Ainda assim, as lacunas não impediram Steven S. DeKnight de transformar esse passado nebuloso em uma das séries mais sangrentas e impactantes da TV.
Composta por três minisséries e um prelúdio, Spartacus ficou conhecida por sua estética gráfica e pelas mortes inesperadas que moldam o enredo. A segunda temporada, Spartacus: Vengeance, começa justamente após um choque narrativo que abre espaço para novos conflitos. Em entrevista ao Cinemablend, DeKnight comentou se já se arrependeu de eliminar personagens essenciais da trama:
“Eu nunca realmente me arrependo de matar um personagem, porque sinto que, quando faço isso, serve a um propósito específico [...] ou o personagem completou seu ciclo, ou precisa morrer para impulsionar o herói em uma nova direção. Há muitos atores de quem sinto falta, e muitas características que eu também sinto falta.”
Mortes guiadas pela narrativa e pelo avanço de Spartacus
Para entender essa visão, basta lembrar o desfecho da primeira temporada. Spartacus (Andy Whitfield) se volta contra Batiatus (John Hannah), o lanista que o comprou por impulso e o submeteu a treinamentos brutais. No confronto final, o gladiador mata seu mestre e promete fazer “Roma tremer”, marcando um divisor de águas.
Segundo DeKnight, esse era um destino narrativo inevitável: “Para que a história continuasse, Spartacus precisava matá-lo para que aquela temporada tivesse seu fechamento [...] Por essa razão, um personagem fantástico e um ator fantástico tiveram que partir.” Ele completou: “Sinto falta de John Hannah, mas não me arrependo de nenhuma dessas mortes.”
Com a saída de Batiatus, a trama abre espaço para Glaber (Craig Parker), que assume o posto de antagonista em Vengeance. Determinado a sufocar a rebelião escrava, o romano se revela menos astuto do que aparenta, deixando transparecer sua arrogância a cada decisão. Esse traço acaba se voltando contra ele quando Spartacus (Liam McIntyre) transforma sua soberba em armadilha. O resultado é uma morte brutal que resume o tom da temporada e entrega exatamente o que ela prometeu.