Terceira temporada de “A Era Dourada” intensifica os conflitos familiares e sociais
Paulo Ernesto
Paulo Ernesto
-Redator
Crítico de cinema, roteirista e apresentador, Paulo une sua paixão por contar histórias com o amor por cultura pop. Já dirigiu curtas premiados e hoje produz conteúdos multiplataforma comentando cinema, séries e tudo que mexe com o coração cinéfilo.

A nova temporada da série de Julian Fellowes traz temas como separações, transformações e o protagonismo feminino.

Na Nova York dos anos 1880, a terceira temporada de A Era Dourada, série criada por Julian Fellowes (criador de Downton Abbey), deixa claro que o topo da sociedade pode ser um lugar bastante instável.

Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, os criadores e o elenco conversaram sobre a terceira temporada que estreou nos últimos dias na HBO e no Max.

A trama continua a seguir a escalada da família Russell. Bertha (Carrie Coon) faz uma jogada que pode alçá-los a um novo patamar de prestígio, enquanto George (Morgan Spector) aposta em uma decisão que pode transformar a indústria ferroviária. Mas no meio disso, o casamento deles, até então sólido, entra em sua fase mais turbulenta.

“Será que o público vai ter paciência pra essa tensão? Ou vai tomar partido?”, provoca Morgan Spector. “Sempre houve respeito e honestidade entre eles. Mas quando isso começa a ruir, qualquer relação corre perigo”, completa Carrie Coon.

É uma temporada de conflitos, o que antes os unia como a ambição e a determinação, agora ameaça afastar.

Mudança de trono do outro lado da rua

Do outro lado da Quinta Avenida, a hierarquia é balançada na casa dos Brook-van Rhijn. Ada (Cynthia Nixon), antes tímida e submissa, agora herda uma fortuna e muda a dinâmica com a irmã Agnes (Christine Baranski), acostumada ao controle absoluto.

“É uma bênção com gosto amargo”, define Baranski. “O mundo dela vira do avesso mesmo não perdendo todo o dinheiro, e é um roteiro brilhante nesse sentido.”

Enquanto isso, Marian (Louisa Jacobson) e Gladys (Taissa Farmiga) seguem jornadas paralelas em busca de liberdade. Ambas confrontam expectativas sociais e familiares.

“O que mais assusta a Marian é saber que terá que seguir sozinha”, diz Louisa. “E a Gladys descobre que sua liberdade talvez passe justamente por entender a visão da mãe. Isso é doloroso de admitir”, confessa Taissa.

O amor e o ativismo

Peggy (Denée Benton) também trilha um caminho complexo, ao mesmo tempo em que se encanta por um médico progressista, precisa enfrentar a resistência da família à sua carreira e seu engajamento político.

“É bonito ver o quanto ele apoia os sonhos dela”, comenta Denée. “Um casal de verdade ajuda o outro a se realizar”, completa Jordan Donica.

Além disso, Peggy mergulha cada vez mais cedo no movimento sufragista e a série não esconde sua intenção de discutir temas históricos com relevância atual.

“Ainda estamos decidindo quem merece ter direitos e quem não. São as mesmas conversas se repetindo”, diz Denée.

Eu quero o divórcio!

O divórcio, tabu da época, é um dos grandes temas desta nova fase. Inspirada pela história real de Alva Vanderbilt, a série mostra como a sociedade americana começou a aceitar separações desde que haja novos casamentos e alianças estratégicas.

“Essas mulheres mudaram as regras porque decidiram que não havia espaço suficiente para elas”, afirma Julian Fellowes. “Elas influenciaram o mundo à força, e isso me fascina.”

Quantas temporadas ainda virão?

Questionado sobre quantas temporadas ainda seriam necessárias para contar essa história por completo, Julian Fellowes passou a bola para a roteirista Sonja Warfield que brincou: “No mínimo 25!”

E os atores confirmam a tensão crescente nos rumos da série: “Ninguém está equilibrado nesta temporada”, antecipa Morgan Spector.

“Está tudo instável, emocionalmente e existencialmente”, resume Carrie Coon.

A terceira temporada de A Era Dourada estreia dia 22 de junho na HBO e no Max.

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