Chespirito Sem Querer Querendo: Série revela as astúcias, mas também as maiores fragilidades e polêmicas do criador de Chaves

Série biográfica da Max narra a trajetória de Roberto Gómez Bolaños, mostrando suas vulnerabilidades e sua consagração como um dos maiores ícones da televisão latino-americana.

A nova série biográfica da Max, Chespirito: Sem Querer Querendo, estreia globalmente nesta quinta-feira (05), com a missão de revisitar a trajetória do comediante mexicano Roberto Gómez Bolaños – o eterno Chespirito –, cuja genialidade deu vida a Chaves, Chapolin e tantos outros personagens que cativaram uma legião de fãs ao redor do mundo. O AdoroCinema teve acesso aos três primeiros episódios e revela alguns detalhes a seguir.

Com um roteiro supervisionado por Roberto Gómez Fernández e Paulina Gómez Fernandez, filhos de Bolaños, a produção nos conduz por uma emocionante viagem no tempo ao longo de oito episódios – que serão lançados semanalmente, às quintas-feiras, na plataforma de streaming.

A narrativa não linear percorre diferentes fases da vida do artista: da infância e dos primeiros passos como escritor, passando pela vida familiar, até o momento em que, quase “sem querer querendo”, criou um dos universos mais queridos da televisão.

Embora Chaves e Chapolin Colorado estejam naturalmente presentes, o foco da biossérie é revelar os bastidores e oferecer um retrato sem filtros de Chespirito. A obra mostra não apenas sua genialidade e sensibilidade como ator, roteirista e produtor, mas também as falhas, fragilidades e polêmicas por trás do ícone do humor latino-americano.

“Não foi a vida de um santo. Roberto tinha sombras na vida, como todos nós temos. Não estamos glorificando uma pessoa perfeita, sabemos que foi um humano normal. Estamos honrando a vida dele, mas também o lado profissional (...) Foi difícil não romantizar um personagem desse tamanho, com tanto sucesso", afirmou Rodrigo Santos, diretor principal da série, durante a coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (02).

Da infância à glória profissional

Nos primeiros minutos da série, Chespirito – interpretado brilhantemente pelo ator mexicano Pablo Cruz –, não está em um barril, mas em um camarim com uma estrela pendurada na porta. É 1981. A turma do Chaves está em turnê pelo continente, colhendo os frutos do enorme sucesso, enquanto Bolaños lida com sentimentos confusos diante do fenômeno que criou.

Roberto Gómez Bolaños: Uma retrospectiva da vida e obra do criador de Chaves e Chapolin

"Sei que o que estamos fazendo aqui é bom, mas eu preferiria não estar aqui. Adoraria que pudéssemos escapar. Você se lembra?", diz o criador de Chaves ao irmão, Horácio Gómez Bolaños (vivido por Jorge Luis Moreno na série) – o Godinez na sitcom mexicana.

A partir daí, a produção embarca em um resgate emocional que nos transporta por diferentes momentos da vida de Bolaños. Concentrada no período entre as décadas de 1950 e 1980, a trama vai e vem no tempo e não se limita aos anos de glória artística, mas também explora parte de sua infância e a juventude marcada pela descrença da mãe em relação ao seu talento.

Ganha destaque o romance com Graciela Fernández (interpretada por Paulina Dávila), com quem se casou em 1956 e teve seis filhos, além de sua trajetória criativa – dos tempos em uma agência de publicidade às primeiras experiências no rádio, na TV e no cinema –, sempre com um olhar afiado para encontrar humor nas situações do cotidiano.

O maior drama, no entanto, gira em torno de um momento decisivo em sua vida íntima: quando, ainda casado com Graciela, começa a se interessar pela intérprete de Dona Florinda (vivida por Bárbara López) – uma historia de amor que duraria até sua morte, em 2014.

Vale citar que, na série, a personagem foi rebatizada como Margarida Ruiz (Maggie), devido a divergências com Florinda Meza, viúva de Bolaños, sobre o uso de sua imagem e a condução da narrativa. "Minha dignidade como ser humano me move também a defender meu trabalho, meus direitos literários, minha imagem e minha privada", disse Meza em carta aberta.

É muito interessante ver que o lendário episódio de Chaves em Acapulco tenha desempenhado um papel importante na virada da trajetória afetiva de Bolaños. Curiosamente, o especial também foi um dos últimos capítulos gravados com todo o elenco reunido.

Chespirito Sem Querer Querendo: vale a pena ver?

Sem dúvidas, Chespirito: Sem Querer Querendo é um conteúdo valioso para os fãs do comediante no Brasil e em toda a América Latina. Baseada nas memórias do próprio Roberto Gómez Bolaños, a série oferece um olhar íntimo sobre a trajetória do homem por trás da lenda, destacando também o papel essencial daqueles que o apoiaram emocional e criativamente.

Os melhores momentos surgem justamente quando a série nos permite vislumbrar a mente criativa de Bolaños em ação – sua visão única sobre a nascente indústria televisiva, que ele compreendia com rara sensibilidade, perspicácia e inteligência.

Além disso, os detalhes são um deleite para quem sempre acompanhou suas criações mais marcantes: da atmosfera nostálgica na recriação da vila do Chaves à concepção de Chapolin Colorado (que seria verde!), passando pelo seu primeiro grande personagem, o velho rabugento Dr. Chapatín, e até a icônica porta giratória do hotel de Acapulco!

Chespirito: Sem Querer Querendo

Data de lançamento 2025

Séries : Chespirito: Sem Querer Querendo

Com Pablo Cruz (III), Paulina Dávila, Bárbara López

Tudo isso, acompanhado por atuações convincentes que evitam o caricato, eleva a série a algo maior que uma simples resenha biográfica e faz jus ao legado daquele que, com suas antenas de vinil, captou a essência do humor atemporal e familiar.

O elenco que dá vida à história de Chespirito

Pablo Cruz interpreta o comediante na fase adulta, acompanhado por Iván Aragón (fase jovem) e Dante Aguiar (fase criança), em uma narrativa que também destaca figuras-chave na vida pessoal e profissional de Chespirito. O elenco também inclui: