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    "A superestrela não existe mais": Série sobre Brigitte Bardot traduz legado do ícone do cinema francês com atriz revelação (Entrevista Exclusiva)
    Júlia Barbosa
    Júlia Barbosa
    Criada no palco, sempre foi movida pela arte. Defensora ferrenha de Crepúsculo e Ricardo Darín, fala pelos cotovelos sobre as histórias que vemos nas telas e nos bastidores.

    Julia de Nunez dá vida à Brigitte Bardot na minissérie apresentada no Festival Varilux de Cinema Francês 2023

    Assim como há coisas tão inerentemente brasileiras, é quase impossível traduzir o “je ne sais quoi” do francês. Para isso, o exemplo claro é falar de Brigitte Bardot, atriz francesa que redefiniu o que era ser uma verdadeira estrela do cinema nos anos 50 e 60. A minissérie Bardot é destaque do Festival Varilux de Cinema Francês 2023, conta como Brigitte se tornou a “BB”.

    Ao longo de seis episódios, a série biográfica cobre a juventude de Brigitte, desde os 15 anos, quando foi descoberta por um produtor após aparecer em uma revista, até seus 26 anos. A produção é dirigida por Danièle Thompson e Christopher Thompson, mãe e filho, e já é sucesso de público e crítica na França.

    O legado e a emblemática cabeleira loura de Brigitte Bardot ficaram nas mãos de Julia de Nunez, artista revelação de 23 anos. Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, a franco-argentina contou como foi criar sua própria BB em seu primeiro trabalho.

    France 1/Festival Varilux de Cinema Francês

    “Trabalhei com um coach de atuação que me ensinou a falar como Bardot e, verdadeiramente, como ser a Bardot. Estudei muito para entrar no inconsciente dessa jovem e foi, de fato, uma tradução do psicológico para o físico”, explicou.

    Um dos momentos mais emblemáticos da série é a reprodução, em um contexto diferente, da clássica cena do mambo de E Deus Criou a Mulher. Para isso, Julia fez diversas aulas de dança e explica que foi essencial para desenvolver a postura e a movimentação corporal instintiva de Brigitte, que foi treinada para ser bailarina clássica.

    Diferente de Bardot, que transbordava a energia de femme fatale, a estreante exala um tipo distinto de “je ne sais quoi”, despretensioso e leve. De Nunez, que se candidatou ao papel enquanto era caloura do curso de teatro, relembra que sua ficha demorou a cair no longo processo:

    “Uma amiga me mandou o anúncio on-line e achei que fosse um curta estudantil, estava longe de imaginar o que realmente seria. Foram muitas etapas muito trabalhosas e foi até ingênuo da minha parte achar, na época, que não seria algo que demoraria tanto”.

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    O verdadeiro avant-garde e a ascensão de uma estrela

    Além de desenhar a “ascensão de um ícone”, como definiu a própria intérprete de Bardot, a série biográfica também ilustra o cenário do pós-guerra europeu. Em uma sociedade marcada pelo medo e conservadorismo, a musa do cinema francês se mostrava como a definição de “avant-garde”.

    Brigitte Bardot teve quatro maridos e se divorciou pela primeira vez aos 23 anos, mesma idade da atriz que a interpreta. Esse foi apenas um dos motivos para ser considerada vulgar e até obscena na época. A série chega a mostrar que igrejas faziam panfletos com sua foto representando o pecado encarnado. Para Julia de Nunez, só de Brigitte seguir suas vontades já era algo transgressor.

    “Ela era vanguardista o suficiente para não temer o julgamento dos outros e viver sua vida como achar melhor. Na realidade, ela estava certa em interromper o relacionamento deles para experimentar outra coisa, porque é o que ela queria naquele momento", analisa a atriz.

    France 1/Festival Varilux de Cinema Francês

    A liberdade de Brigitte Bardot em relação à sua vida pessoal até era considerada à frente de seu tempo. Mas, hoje em dia, as opiniões controversas da ex-atriz, que hoje tem 88 anos, vão contra qualquer vanguarda. Isso porque ela declarou ser anti-vacina na época da pandemia e já teve uma série de falas preconceituosas, sendo, inclusive, condenada por racismo em 2021.

    A jovem Brigitte Bardot teria um Instagram?

    Nos anos 60, Brigitte Bardot morou por alguns meses em Armação dos Búzios, que fica na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Então um vilarejo de pescadores, a cidade se tornou famosa por causa do amor que BB desenvolveu por ela. Julia conta que gostaria muito de visitar o cinema e a estátua que homenageiam Bardot, mas os impasses logísticos do festival não permitiram a exibição da série lá.

    Brigitte usou Búzios como refúgio dos paparazzis que a seguiam nas ruas cariocas. A série tem como narrativa paralela o nascimento da imprensa de tabloides francesa, que se apropriou da imagem e da privacidade da atriz para crescer exponencialmente. Para de Nunez, essa é uma grande diferença entre as celebridades atuais e a experiência de antigamente com a fama:

    “Talvez se Bardot fosse uma jovem atualmente, ela teria um Instagram. Nas redes sociais, ela teria a opção de se expor por escolha própria e, antes, havia uma relação física de perseguir os famosos”.

    Ainda falando sobre redes sociais, Julia de Nunez destaca que é por causa delas que não existiria um fenômeno BB nos dias de hoje. “A super estrela não existe mais porque todo mundo pode se tornar famoso, todo mundo pode ter notoriedade. Hoje, no Tik Tok ou no Instagram você tem várias pessoas com milhões de seguidores e isso se tornou banal e cotidiano”, pontua.

    O Festival Varilux de Cinema Francês 2023 acontece até o dia 22 de novembro. Após o término do evento, os episódios de Bardot estarão disponíveis gratuitamente no streaming do festival por tempo limitado.

    Bardot
    Bardot
    Data de lançamento 2023-05-08 | min
    Séries : Bardot
    Com Julia de Nunez, Victor Belmondo, Géraldine Pailhas

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