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    Gato de Botas - Coletiva de imprensa

    Antonio Banderas e Salma Hayek visitaram o Brasil e concederam entrevista coletiva no Rio de Janeiro. O AdoroCinema marcou presença e traz o que aconteceu de melhor para vocês.

    Algo que todos os cinéfilos já perceberam é que o Brasil entrou definitivamente no circuito de lançamentos das produções internacionais, em especial, as de Hollywood, que até pouco tempo atrás ignoravam o país. E a produção de Gato de Botas fez o dever de casa ao incluir o Rio de Janeiro em sua maratona de divulgação e promoveu uma coletiva de imprensa com a presença do astro Antonio Banderas, da atriz Salma Hayek, do diretor Chris Miller e ainda o executivo da DreamWorks Jeffrey Katzenberger. Na entrevista, inclusive, o alto executivo da DreamWorks fala sobre isso. E você vai poder ler também sobre detalhes das gravações, do processo de dublagem e o que os atores sabem sobre o cinema nacional. O AdoroCinema foi convidado para o evento e, abaixo, você tem um panorama do que foi conversado na sexta-feira, 18 de novembro de 2011, além do vídeo clipe exclusivo produzido por nós para o evento.

    Gato de Botas

    O personagem

    Antonio Banderas, que dá voz ao protagonista desde Shrek 2, contou para os presentes que a ideia de ter um filme próprio surgiu há bastante tempo. Disse que este envolvimento de, praticamente 10 anos com o personagem é interessante e algo percebido por ele lá no começo, quando optaram pela voz que ele chamou de "geográfica" e diferente, já que um personagem baixinho, normalmente, deveria ter uma voz mais aguda.

    Reforçando sua curtição com esse contraste, essa coisa de ir na direção oposta, contou que o desenvolvimento do Gato foi acontecendo ao longo desse período e o roteiro inicial, segundo ele, mudou muito até o produto final. "É como um entidade viva", complementou, chamando atenção para a constante evolução dos personagens que crescem ou diminuem, de acordo com o que se consegue captar durante o trabalho, atribuindo uma parte do mérito ao método de trabalho do diretor Chris Miller (eles trabalharam juntos em Shrek Terceiro), que consegue captar a energia.

    "Acho que foi isso que aconteceu com Gato de Botas. Era pequeno no começo, mas foi crescendo durante o processo, veio o terceiro Shrek, o quarto e aí Jeffrey começou a ver com Chris a possibilidade de ter um filme próprio". Mesmo assim, Banderas disse que a definição mesmo quem dá é o público. São os espectadores que dizem se um personagem tem condições de seguir em frente ou não.

    "É como um entidade viva"

    A primeira vez

    Salma Hayek abriu sua conversa quebrando o gelo, perguntando e (ao mesmo tempo) respondendo aos presentes que preferia falar em espanhol. Mais tranquila, falando seu idioma, ela falou da experiência da primeira vez emprestando a voz numa animação e que adorou. Algo que só foi possível porque Miller a estimulou bastante no processo de criação da gatinha e houve muita troca entre eles.

    O trabalho em equipe

    Hayek lembrou que na vez em que ela encontrou com Banderas a coisa só melhorou porque seu personagem gosta muito de "brigar" e aí ela falava uma coisa, ele rebatia e vice-versa e a improvisação ficou desenfreada até a hora em que o diretor cortou: "Tá bom, tá bom. Chega de improvisação".

    A partir daí, disse, muitas coisas acabaram indo parar no filme. Lembrou também que isso não é comum (atores dublarem juntos), mas que o produtor e o diretor permitiram, o que deu muito certo, pois conferiu ao filme um frescor diferente.

    Banderas recorda na sua memória, que apenas Julie Andrews e John Cleese fizeram algo semelhante em Shrek Para Sempre. Ele fala da dificuldade de trabalhar todos juntos em um filme assim porque o processo é muito mais demorado que o normal. Lembra que são cerca de dois, três anos e o normal é que tudo seja feito separado.

    "Tá bom, tá bom. Chega de improvisação"

    O novo personagem

    Hayek, como era de esperar, rasgou seda para Kitty Pata Mansa, dizendo que se identificou bastante com seu jeito feminista. "Acho que isso é importante para as meninas ... ter uma heroína tão boa com a espada como o herói do filme", lembrando que não é aquela coisa melo dramática, como as novelas que dão sono.

    "Não é alguém esperando ser salva pelo guerreiro e sim alguém que vai salvar ele. Na vida real é assim. As mulheres sempre têm que salvar os homens", brincou, provocando risos. Acrescentou o fato de ser um filme bastante latino e que seu personagem foge dos clichês da mulher latina, o que é muito encantador para ela.

    Sobre a dança, quando questionada se era tão talentosa, revelou que não dançava tão bem quanto Kitty Pata Mansa, mas que não faz feio, pois é de Veracruz (México) e "lá se dança muito".

    "As mulheres sempre têm que salvar os homens"

    Versões diferentes: inglês, espanhol e português?!?

    Banderas falou um pouco sobre o processo de gravar duas vezes, a original em inglês e a em espanhol para o mercado latino. Sobre uma possível versão em português (no Brasil ele é dublado por Alexandre Moreno), disse que por mais que pareça fácil, para ele é um idioma difícil. "Eu não me atrevo a fazer uma versão em português".

    Hayek interrompeu dizendo que "na próxima, nos falaremos em português e faremos com que os gatos dançem samba", provocando riso entre eles e na plateia.

    "[..] falaremos em português e faremos com que os gatos dançem samba."

    Processo de criação

    O ator fez questão de deixar claro que essa etapa é muito gratificante ao se trabalhar com alguém que dá liberdade para contribuir como Miller faz. "Ele te incentiva a criar. Se eu digo para o Chris, durante o trabalho, que tive uma ideia e gostaria de botar em prática, ele não nega".

    Sobre o novo Gato, Chris disse que quando ele surgiu em Shrek 2 já era distante do criado pelo francês Charles Perrault e quando pensaram em voltar para o original, já era tarde e viram que não daria certo: "Vi que era possível se libertar e isso foi ótimo para o personagem". Salma aproveitou para brincar, afirmando que existia um gato de botas francês e agora um espanhol.

    Quando a diferença em relação aos outros filmes, ele conta que viajou muito mais e o trabalho, claro, foi muito maior. Mas para os criativos do filme, essa independencia foi extremamente positiva, possibilitanto citações e referência de Sergio Leone, Sam Peckinpah, entre outros. Banderas não cansa de repetir que fizeram algo novo, com frescor.

    Banderas lembrou que quando Shrek 2 foi exibido no Festival de Cannes, eles viram um sinal de que havia espaço para continuar e mais do que isso, mostrava potencial para um filme solo.

    "[...] é absolutamente novo, diferente ... separado de Shrek [...]"

    A opção pelo 3D

    O ator, roteirista e diretor Chris Miller (Shrek Terceiro) contou que foi a primeira vez que trabalhou no formato e considerou muito estimulante. Para ele, na verdade, um dos pontos mais importantes na construção da aventura era manter o tamanho do personagem de acordo com a realidade e daí criar esse grande mundo dele. "A história funciona nos dois formatos, mas é mais poderoso em terceira dimensão", concluiu.

    Katzenberger falou sobre a evolução do 3D nos últimos anos, não deixou citar o papel de Avatar e foi bem objetivo ao dizer que o público tem sido massacrado com a tecnologia e que mais importante de tudo era respeitá-lo, apresentando um bom uso do 3D.

    "O público rapidamente rejeitou ... eles se sentiram traídos"

    Ele diz que houve uma oferta muito grande, mas "com qualidade ruim e o público rapidamente rejeitou. Na verdade, acho que eles se sentiram traídos. Afinal, são convidados a pagar um preço especial por algo que não é bom. Hoje, Hollywood já recebeu uma mensagem bem alta e clara de que deve respeitar o público". Para ele, a boa recepção de Gato foi a prova de que eles investiram nesse conceito.

    Vida pessoal

    Como sempre tem alguém que procura fugir do contexto da entrevista, mais de uma pergunta pessoal foi feita para Banderas. Quando perguntaram sobre como tinha sido trabalhar com outros diretores em outros gêneros, o astro deu uma certa suspirada, visivelmente incomodado com a situação, mas manteve o humor e respondeu sem se alongar.

    Sobre os gêneros diferentes, afirmou sem pestanejar que é muito bom poder transitar entre eles. Citou a importância de poder rir com os personagens, como em A Máscara do Zorro (visível influência na animação).

    Quando perguntado sobre o que tinha de Antonio em Gato, saiu pela tangente, dizendo que gosta de tudo nele, como o lado divertido e o canallha, mas que acredita ter ido além do limite.

    No campo pessoal, disse ainda que tudo é bem separado. "A relação entre minha carreira e minha vida pessoal é muito distante", reforçando que procura manter esse distanciamento. "Meus filhos não me veêm como o Gato de Botas e minha esposa não me como Roberto Letgar (A Pele que Habito), felizmente", brincou.

    Sobre ter um Ovo na vida (alusão ao amigo traidor da história de Gato), Banderas brincou que todos nós já tivemos uma ovo na nossa vida. Citou a infância, lembrando que esses momentos de amizade, traição e perdão fazem parte da vida das crianças. "É o que chamamos de más influências. O filme fala sobre a amizade, sobre a traição e sobre algo bonito que é o perdão".

    "É o que chamamos de más influências."

    Dublagem

    A dublagem tem sido alvo de constantes reclamações dos espectadores de cinema e também de uma parcela daqueles que assistem televisão por assinatura. A razão óbvia é a popularização do veículo e a consequente necessidade de ser visto e "entendido" por parte dos canais, de olho na audiência.

    Hayek se adiantou sobre o assunto e acabou cometendo uma pequena gafe ao dizer com toads as letras que não suporta dublagem e prefere sempre o som original. Isso porque o filme chega no Brasil com versão dublada em português. Mas ela acabou consertando mais adiante quando lembrou que isso era comum acontecer no gênero animação, dedicada a criançada.

    "O Brasil ... um dos maiores mercados ... do mundo"

    Brasil: parada obrigatória

    Na qualidade de produtor, alguém que precisa saber lidar com o dinheiro por trás dos filmes, Katzenberger não escondeu sua visão sobre o país do futebol como um país do cinema. E para isso fez uma breve comparação com o número de salas existentes por aqui (cerca de 2.500) em relação ao número de habitantes (200 milhões) e o que acontece nos Estados Unidos (40 mil para 300 milhões).

    Para ele o futuro do cinema no Brasil é fantástico. E conclui, dizendo que não por acaso nos últimos três anos o interesse das produções pelo país tem aumentado e essa era a razão deles terem vindo para cá, "um dos maiores mercados de cinema do mundo", conclui.

    " [...] tem um pouco de Walter Salles".

    O cinema nacional

    O galã latino disse conhecer Walter Salles e que o crescimento da America Latina é óbvio, citando, inclusive, os problemas econômicos na Europa. Salma, por sua vez, aproveitou a ocasião para contar algo que, segundo ela, era um segredo: Salles iria dirigir Frida.

    O longa estrelado e produzido por ela contou com a ajuda do cineasta brasileiro em várias etapas. Ela disse que ele só não assumiu a direção por problemas de agenda, mas que o Frida "tem um pouco de Walter Salles".

    Veja trechos da entrevista em vídeo exclusivo preparado pelo AdoroCinema clicando em Antonio Banderas e Salma Hayek falam sobre Gato de Botas.

    Para ler a crítica, clique em Gato de Botas Roteiro bem calçado (Roberto Cunha).

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