Minha conta
    Silenciadas: Entenda a história real por trás do premiado filme da Netflix

    O premiado filme espanhol é baseado na maior queimada de bruxas na história da Europa.

    Silenciadas é o novo filme espanhol da Netflix que chegou ao catálogo na última semana e já consta como uma das três produções mais assistidas da plataforma no Brasil. O drama gira em torno de cinco amigas que foram presas por uma autoridade que caçava e queimava todas as jovens e mulheres que eles acreditassem ser bruxas. Para escapar da morte, as garotas são obrigadas a realizar o ritual Sabbath, o qual supostamente elas podiam conversar e se relacionarem sexualmente com o diabo.

    Baseado no livro A Feiticeira, da autora Jules Michelet, o longa-metragem é liderado por Amaia Aberasturi, Yune Nogueiras, Garazi Urkola, Irati Saez de Urabain e Jone Laspiur, como as cinco jovens presas no pequeno condado espanhol, e o ator veterano Alex Brendemühl. Com o enredo baseado em acontecimentos reais, o AdoroCinema vai te contar tudo sobre essa história!

    Caça às bruxas na vida real

    Embora Silenciadas seja contada a partir de uma perspectiva espanhola, a história real a qual o filme se baseou aconteceu na França, no ano de 1609. O inquisidor Rostegui, interpretado por Alex Brendemühl, é inspirado no juiz francês Pierre de Rosteguy de Lancre, cujas ações tornaram a província de Labourd em um verdadeiro palco para o massacre de centenas de mulheres.

    Um ano antes de Pierre de Lancre executar o assassinato em massa, ele tinha sido contratado pelo rei Henrique IV para investigar as práticas de feitiçaria nos territórios bascos da França. A operação começou após uma denúncia de um grupo seleto de pessoas e, eventualmente, as autoridades francesas buscaram a ajuda do juiz da área e encontraram Pierre.

    A compatibilidade entre o governo e o francês e Pierre de Lancre se tornou fundamental para a execução dos massacres, pois o inquisidor acreditava que os habitantes bascos eram "ignorantes, supersticiosos, orgulhosos e irreligiosos''. Na série de três livros que De Lancre publicou entre os anos 1617 e 1622, ele detalhou negativamente o que ele acreditava ser o ritual Sabbath das bruxas, a licantropia e as relações sexuais que as feiticeiras supostamente tinham com o diabo.

    Intolerância religiosa que resultou em um massacre

    O conflito mencionado no parágrafo acima deu início a uma cadeia de eventos que resultou na queima de mais de 70 pessoas por ano, incluindo líderes católicos. De acordo com relatos da época, Pierre de Lancre chegou a se gabar por ter queimado mais de 600 pessoas em suas missões.

    Convicto de que queria “limpar” a França com o extermínio de bruxas, o inquisidor convenceu o governo a continuar a caçada, mas acabou sendo demitido pelos parlamentares da cidade de Bordéus. Foi então que começou a escrever seus livros para registrar os acontecimentos de sua jornada e, em 1631, Pierre de Lancre faleceu.

    Maior julgamento de bruxas da história

    A história real começou na França, mas se estendeu para a Espanha e, aos poucos, se tornou o maior julgamento de bruxas da história. Assim como em Silenciadas, o objetivo da Inquisição Espanhola, instituída pelos monarcas Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, era purificar as terras e assegurar também a ortodoxia religiosa. Eventualmente, o tribunal abriu caminho para a zona rural espanhola do País Basco, e as perseguições às feiticeiras foram estimuladas pelas atividades de Pierre de Lancre.

    Entre os anos de 1609 e 1614, mais de 7.000 plebeus suspeitos de cometer satanismo e heresia foram perseguidos. De acordo com os historiadores, 6 mil foram queimados na fogueira e mais 5 mil morreram na prisão. Quase duas mil “confissões” foram tiradas das pessoas, da mesma forma que acontece em Silenciadas. Foi relatado também que os soldados torturaram e coagiram os presos a assinar o documento alegando serem bruxos.

    Inspiração em Alonso de Salazar Frias

    Além do juiz Pierre de Lancre, Rostegui de Silenciadas também assemelha-se a Alonso de Salazar Frias, uma figura histórica fundamental na Inquisição Espanhola. O inquisidor fazia parte do júri que presidiu as audiências do julgamento basco e no de Navarra, e chegou a receber o título de “advogado das bruxas” pelos historiadores, devido ao seu papel ambíguo no julgamento.

    Alonso de Salazar Frías tinha convicção de que as bruxas não faziam feitiços por mal, pois estavam mais enraizadas em ilusões do que na realidade. Dessa forma, o argumento do inquisidor se assemelha ao pensamento de Rostegui no início de Silenciadas, em que ele diz que bruxas estão em meros sonhos.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top