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    O que é a quebra da quarta parede que acontece em Enola Holmes?

    Em um momento onde tantas séries e filmes, como House of Cards e Fleabag, acabam utilizando o artifício, falamos um pouco mais sobre ele!

    Cada vez mais popularizado e consolidado no vocabulário dos amantes de cinema e TV, o termo "quarta parede" tem se tornado um forte referencial no momento em que precisamos citar alguma obra que acabe se utilizando da técnica de falar diretamente com o público através de algum personagem. Apesar de ser hoje uma prática a caminho de se naturalizar, suas origens também são tão interessantes quanto sua ideia.

    Enola Holmes e outras produções que quebram a quarta parede

    Enola Holmes, da Netflix, por exemplo, foi a produção mais recente ao utilizar o recurso de roteiro, fazendo com que a personagem principal de Millie Bobby Brown expressasse seus pensamentos e aflições ao público quase como uma confissão secreta enquanto a trama se desenrola — algo um tanto parecido com o que Fleabag fez recentemente. 

    Com a volta das pesquisas pelo termo, o AdoroCinema resolveu fazer uma matéria especial contando um pouco mais sobre onde exatamente ele surgiu, quais são suas origens e qual era exatamente sua intenção inicial. Então, antes de olhar pra tela e conversar com algum personagem, vamos lá!

    O QUE É A QUARTA PAREDE?

    Resumidamente, a quarta parede é a tela que separa o público das pessoas que estão fazendo parte daquilo que eles estão assistindo. Remetendo aos antigos tempos do Teatro, a forma mais básica de entender a situação é pensar que um cenário simples possui quatro paredes: as duas laterais e a de trás são aquelas que nós conseguimos enxergar ao redor do personagem, enquanto a quarta é a que está em nossa frente, por onde nós o vemos.

    Logo, quando um personagem "quebra" a quarta parede, quer dizer que ele derruba esta barreira invisível que separa nossa realidade do universo ficcional onde ele vive. A partir do momento que ele fala diretamente conosco, especula-se que aquilo possa não apenas ser uma metalinguagem, mas também que isso signifique, em alguns momentos, que o personagem sabe que não é real, e sim apenas um personagem fictício — como no caso do Deadpool, por exemplo.

    QUAL É A ORIGEM DO TERMO?

    A origem exata é até hoje incerta, já que muitas histórias vêm de várias fontes diferentes. No entanto, especula-se principalmente que ele tenha sido cunhado há alguns séculos, na época dos Teatros Saltimbancos, quando os atores faziam espetáculos ambulantes em carroças cobertas por uma grande lona. O show começava quando o veículo parava e a lona se levantava, revelando a peça que estava a começar.

    Assim, lembrando que as carroças eram abertas na lateral, a lona era considerada a quarta parede para que ela se tornasse um cubículo, que se abria ao passo em que os espectadores começavam a assistir o espetáculo quando as "cortinas" se abriam. Logo, as lonas que cobriam o veículo eram a grande quarta parede do espetáculo.

    Posteriormente, a quarta parede virou um método para que os atores nunca saíssem de seus personagens durante as peças. Especialmente por ocorrerem nas épocas de forte desigualdade social na Inglaterra, as peças eram motivos de vaias, falas constantes, pessoas conversando e comendo alto, e todo tipo de coisa vinda da plateia, que muitas vezes era formada pela nobreza, raivosa por ser criticada nas encenações. Logo, criou-se o método para os atores imaginarem uma quarta parede invisível dividindo tudo que acontecia no palco e as atitudes da plateia que muitas vezes atrapalhavam o show.

    MAIORES EXEMPLOS de quebra de quarta parede

    A ideia de interagir com o público e quebrar a quarta parede não é exatamente nova, mas foi se popularizar no cinema por volta das décadas de 70 e 80, quando o avanço tecnológico que acontecia na época passava a deixar a criatividade dos cineastas mais aflorada pela ideia de que "tudo era possível" numa época onde a computação gráfica dava seus primeiros grandes passos.

    Com isso, filmes como Noivo Neurótico, Noiva NervosaCurtindo a Vida Adoidado tornaram-se lembrados por arriscarem fazer este tipo de coisa num momento em que não era possível medir a aceitação do público quanto a este tipo de prática. Quando Woody Allen o fez, por exemplo, muitos dos críticos disseram que ele estava marcando algo que seria a "tendência do novo século" na maneira de fazer cinema: o mesmo para John Hughes

    O tempo foi passando e consequentemente a técnica foi ganhando um primor narrativo bastante importante. Psicopata AmericanoViolência Gratuita elevaram a ideia de utilizar da quebra da quarta parede em um gênero que não fosse leve, mais perto dos anos 2000.

    Este segundo, inclusive, dirigido por Michael Haneke, foi além da quebra da quarta parede e colocou um personagem literalmente rebobinando o próprio filme, elevando a intenção da ideia para outro nível. Atualmente, exemplos como o recém-lançado Enola Holmes e Fleabag mostram que ainda é possível continuar revigorando uma ferramenta narrativa sem necessariamente saturá-la. 

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