
Toda uma geração divide a franquia de princesas da Disney. Depois que A Bela Adormecida foi lançada em 1959, os estúdios levaram 30 anos até lançarem outra animação protagonizado por uma princesa. Nessas três décadas, Walt Disney faleceu, o pensamento feminista aflorou e Martin Luther King marchou para Washington em prol dos direitos humanos. Então, em 1989, quando a Disney finalmente lançou A Pequena Sereia, a crítica elogiou a heroína moderna, que pensa e age de forma independente, e até rebelde, querendo sair de casa.
Entretanto, em um aspecto, a história de Ariel representava um retrocesso no gênero das princesas. Em um filme centrado em uma jovem mulher, tem muitos homens falando. Este foi o primeiro longa-metragens protagonizado por uma princesa da Disney, no qual homens falaram mais do que mulheres. E muitos outros se seguiram.
Tudo bem que, na trama de A Pequena Sereia, a jovem perdeu a voz para poder ganhar pernas de Ursula e ir atrás de Eric, mas nas cinco animações seguintes do estúdio, as mulheres falaram ainda menos. Segundo o estudo das linguistas Carmen Fought e Karen Eisenhauer, que trabalharam em um projeto para analizar o diálogo das princesas da Disney, em geral, os homens têm três vezes mais falas que as mulheres - e não estamos só falando dos príncipes e princesas protagonistas.

Pelo contrário, os filmes que vieram depois, mudaram esse aspecto. Homens falam 68% das falas em A Pequena Sereia; 71% em A Bela e a Fera; 90% em Aladdin, 76% em Pocahontas e 77% em Mulan (a própria Mulan foi contada como mulher, mesmo que estivesse se passando por um homem). Esse quadro só apresentou mudanças consideráveis mais recentemente - mais de dez anos depois do lançamento de Mulan -, com Enrolados, Valente e Frozen - Uma Aventura Congelante.
Segundo as pesquisadoras, parte do problema vem do fato de que esses filmes mais modernos são populares entre homens também. Fora a heroína, poucos longas apresentam exemplos de mulheres sendo poderosas, respeitadas, úteis ou, até mesmo, engraçadas.


De acordo com a pesquisa, porém, há um lado positivo: o tópico dos diálogos têm mudado. Nos primeiros clássicos da Disney, mais de metade dos elogios feitos à mulheres tinham a ver com sua aparência (55%), enquanto só 11% eram relacionados a habilidades e realizações.
Nos longas lançados a partir dos anos 90, 38% dos elogios tinham a ver com a aparência, enquanto um quarto era relacionado a habilidades e ações. O padrão foi, finalmente, revertido nos longas mais recentes - A Princesa e o Sapo, Enrolados, Valente e Frozen. Pela primeira vez, mulheres são mais enaltecidas por suas habilidades e realizações do que por sua aparência.
E você, o que acha disso?