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    Exclusivo: "Carrossel preenche a lacuna de filmes brasileiros infantojuvenis", afirma diretor

    Maurício Eça conversou com o AdoroCinema sobre as diferenças entre a série de TV e o filme do Carrossel.

    James Cimino/UOL

    Estreia esta semana a aventura brasileira Carrossel - O Filme, adaptada da série de televisão de mesmo nome. A parceria entre o SBT e a Televisa trouxe às telas Cirilo (Jean Paulo Campos), Maria Joaquina (Larissa Manoela), Paulo (Lucas Santos), Jaime (Nicholas Torres) e cia., mas desta vez em um acampamento de férias, onde o grupo deve combater a dupla de vilões formada por Paulo Miklos e Oscar Filho.

    O AdoroCinema conversou em exclusividade com o cineasta Maurício Eça, que dirigiu o filme junto de Alexandre Boury. Ele explicou a diferença entre a história na TV e no cinema, comentou o aguardado beijo entre Cirilo e Maria Joaquina, e falou sobre a dificuldade de dirigir 16 crianças ao mesmo tempo:

    James Cimino / UOL

    Entrando no projeto

    "O convite foi bem inusitado, porque eu tinha acabado de fazer um drama (o filme Apneia). Sempre gostei de filmar com crianças, e ter uma fórmula que já fez tanto sucesso, mas em formato novo, era um grande desafio. Participei um pouco do processo de roteirização no final: fizemos algumas leituras para encontrar o tom certo, e rodamos em janeiro.

    O projeto já tinha o Alexandre Boury, que ia fazer a co-direção comigo. A gente se conheceu, conversou sobre o que cada um faria. Existia uma divisão lógica, mas no final, fizemos as coisas juntos. Às vezes um cuidava mais dos atores e o outro da câmera, às vezes a gente invertia. Mas foi harmônico".

    Cinema x Televisão

    "Mesmo que as crianças tivessem crescido quase três anos desde a última vez que foram vistas, a gente decidiu que as características de cada um tinham que permanecer lá. Isso foi fácil de trabalhar, porque além de grandes atores, as crianças já tinham os personagens dentro delas, já tinham essa autoria consolidada. O nosso desafio era retirar um pouco do excesso da televisão, porque são duas linguagens totalmente diferentes. A nossa conversa foi para tornar menor o exagero, não é preciso gesticular tanto, e a relação com a câmera é diferente...

    Para eles, foi ótimo, eles adoraram. Eu me lembro da Maísa falando, no primeiro dia: “Eu estou tão emocionada! É a minha primeira cena no cinema!”. Para eles, era diferente. Na televisão, em um dia eles gravavam trinta cenas. No cinema, às vezes uma diária representava uma cena só. Eles viram que era um cuidado diferente, um trabalho de câmera diferente. O espírito de Carrossel está presente, mas renovado".

    James Cimino / UOL

    Referências, cinema brasileiro infantojuvenil

    "A gente assistiu a vários clássicos, e se lembrou de filmes como Os Goonies, Esqueceram de Mim... Optamos por um roteiro de aventura, mesmo que tenha romance e comédia. É diferente dos conflitos da novela, que eram infantis. Essa história é mais adolescente. Agora tem um vilão, a resolução... Esqueceram de Mim é uma referência clássica, citada no filme, inclusive. A gente tem uma lacuna no Brasil, desde Trapalhões e Xuxa. Depois teve Tainá, mas fora isso, tem um buraco de grandes filmes infantojuvenis de férias, para a família inteira. Carrossel aparece nesse momento, suprindo essa falta.

    Este filme vai trazer desde os filhos até o pai e a mãe aos cinemas, desde os pequenos aos maiores. Muitos pais com filhos têm assistido e achado divertido. Com os vilões, por exemplo, fica algo mais leve, para dar uma relaxada nos pais. E o filme não fica passando lição de moral, mas ele tem mensagens legais, sobre o trabalho em equipe, sobre a amizade. É interessante por ser um acampamento de férias, algo antigo, longe do videogame, mais ligado à natureza... Esse local representa um rito de passagem, com as experiências que eles estão vivendo: o primeiro beijo, por exemplo".

    Dupla de vilões

    "No início, era um vilão só, apenas o Gonzalo. Depois, pensamos que seria melhor uma dupla, para ficar com raiva do vilão, mas achar engraçado ao mesmo tempo. Foi natural: começamos a pensar no Paulo Miklos, por causa do trabalho em O Invasor. Falamos com ele, e ele adorou a ideia. Sempre curtimos o Oscar Filho no CQC, e ele tem talento como ator, como comediante. Ele aceitou desde o início, disse que faria qualquer coisa. Pensamos muito no humor físico, porque o personagem quase não fala. Ele adorou esse papel físico, inspirado em Charles Chaplin, Buster Keaton, Jerry Lewis. O Paulo Miklos buscou algo próximo do Gargamel, um vilão bem vigarista".

    O beijo de Cirilo

    "A cena de beijo do Cirilo foi uma vontade nossa, porque ela nem estava no roteiro! Filmamos outra cena de beijo, mas ela não chegou à versão final. O SBT pediu apenas para a gente respeitar a característica dos personagens. A Íris Abravanel queria que a gente passasse uma mensagem bacana, sem necessariamente transmitir uma lição de moral". 

    Hora de brincar, hora de filmar

    "Eu já trabalhei com crianças na publicidade. Fiz uma série na extinta TV Manchete com crianças, mas ainda não tinha feito isso no cinema. Foi diferente trabalhar com 16 crianças, porque todos eles já tinham personagens. O desafio foi mais nosso do que deles, porque a gente tinha que fazer isso ficar legal, mas com uma roupagem nova. É mais fácil trabalhar com crianças, porque eles não julgam. Às vezes você dá uma direção, e eles vão a outro caminho, usam a imaginação. Isso é muito legal, eles estão realmente curtindo.

    Isso era trabalho, pois filmamos durante as férias deles, mas eles estavam realmente em um acampamento com um monte de amigos de verdade. Eles se divertiam, riam, faziam palhaça, e foram eles que criaram esse ritmo ao filme. Em algumas cenas, todos falavam ao mesmo tempo... Tivemos uma cena com todos juntos! Foi uma bagunça, mas eles sabiam a hora de brincar, e a hora de ficar sério!"

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