A monstruosa expansão – territorial e de conteúdo – da Netflix é um deleite para os espectadores e ameaçadora aos seus concorrentes. Porém, o serviço prestado pela plataforma é vista como perigosa também para uma das mídias que explora, o cinema. Ao menos foi essa a alegação de um jornalista em coletiva de imprensa realizada hoje, no Festival de Cannes.
Diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos foi ao festival francês falar sobre os rumos e projetos da empresa, e jamais esperaria receber de cara uma pergunta tão cortante: "Você está ciente de que em cinco, dez ou quinze anos [o modelo Netflix] vai destruir o ecossistema cinematográfico europeu?", perguntou um repórter local, sem argumentar sobre sua acusação.
Nem é preciso. A Netflix é alvo de críticas desde sempre, principalmente, por (supostamente) ser uma ameaça ao cinema tradicional, não uma alternativa que enriquece o mercado. Para Sarandos, a empresa que representa vai além: em oferecer uma plataforma global para cineastas europeus, a Netflix vai "estimular o ecossistema cinematográfico europeu".
Consagrado nos anos 90 como um visionário, o produtor Harvey Weinstein saiu em defesa da Netflix, destacando a ação da empresa como um "despertar" para o monopólio de exibidores europeus. Sarandos completou sem ataque, afirmando que o serviço online "não é contra os cinemas, mas a favor dos filmes": "Nada na Netflix pode competir com sair de casa para ir ao cinema com sua namorada. Se você não quer calçar o tênis, nada nos cinemas pode competir com a Netflix."
Por fim, Ted Sarandos ainda levantou um novo ponto de vista, apontando um prejuízo da Netflix, que ainda briga para exibir seus filmes nos cinemas na mesma data que estreiam online: "Nosso desafio é produzir filmes tão bons que os cinemas queiram exibi-lo mesmo que eles estejam passando na Netflix."
Qual a sua opinião sobre o assunto?