Ray Cutter (John Travolta) é um falsificador, que faz um acordo com a máfia local (pessoas se levantam), a fim de sair mais cedo da prisão (mais gente abandona suas cadeiras), para passar mais tempo com o filho, que está doente (mais um grupinho ali) e, em troca, vai ter que prestar um último serviço para o bando (ops). Ainda bem que a sala de cinema do Scotiabank Theater é bem grande (392 lugares).
Com mais de 300 filmes em exibição, não há tempo a perder e este O Falsificador, selecionado em caráter de Apresentação de Gala no festival canadense, não se enquadra nem no perfil do cinema comercial de qualidade (como A Teoria de Tudo; Nightcrawler), nem na vertente indie espertinha (de Men, Women & Children, Sete Dias Sem Fim), que foram vistos até aqui. Assim, uma grande parte do público abandonou a sessão durante a exibição do filme, em caráter de estreia mundial.
Primeiro longa-metragem de Philip Martin (experiente em produções para a TV britânica, tendo, inclusive, dirigido Benedict Cumberbatch como Stephen Hawking), o filme se desenrola em uma sucessão de clichês, que exploram o sentimentalismo da relação do pai ex-presidiário dedicado e o filho adolescente desenganado (Tye Sheridan, de Amor Bandido). Este veículo pensou em abandonar o barco quando o avó vivido por Christopher Plummer conversa com o túmulo da esposa, mas se manteve firme – ainda que tenha gastado bastante tempo reparando no implante de cabelo de Travolta.
While We’re Young
Também nesta segunda-feira, foi exibido While We’re Young, o sexto longa-metragem do norte-americano Noah Baumbach – que tem sete títulos do formato no currículo – a estrear no TIFF. Em comparação (inevitável) com a produção anterior do diretor, o hit Frances Ha, pode-se dizer que este novo longa, protagonizado por Ben Stiller e Naomi Watts, tem uma roupagem mais comercial – e não tem o mesmo charme.
Não que seja um filme ruim (de longe), mas a história, também escrita por Baumbach, parece perder um pouco o rumo. O diretor retoma o tema do amadurecimento/ envelhecimento, terreno que domina, para dar conta do encontro de um casal quarentão com outro, jovem (Adam Driver, que está em todas agora, e Amanda Seyfried, que estava em todas até dois anos atrás). Stiller é um diretor de documentário casado com uma produtora de cinema (Watts), enquanto Driver é um aspirante a documentarista e Seyfried faz sorvetes caseiros.
Há uma inversão interessante: os mais velhos são os típicos cidadãos da cidade grande, conectados – e sem filhos, ao contrário dos amigos mais próximos; enquanto os jovens, hipsters, estão mais para o lado analógico, de recusa tecnológica. Por si só, este conflito já seria um mote interessante, mas o filme descamba para outro, moral, metalinguístico, que é bem explorado, mas a transição leva a uma sensação de falta de foco.
Nem O Falsificador nem While We´re Young têm previsão de estreia no Brasil