Eles estão se tornando especialistas em abordar temas sisudos com leveza. Depois do sucesso de Intocáveis, no qual um homem preso a uma cadeira de rodas tem sua vida melhorada a partir do contato com o seu novo cuidador (Omar Sy), os diretores Eric Toledano e Olivier Nakache escalaram novamente o ator para seu filme mais recente, Samba, que tem a imigração como pano de fundo.
Pois a estreia mundial do filme aconteceu nesta sexta-feira, dia 5, no Festival de Toronto, arrancando risos da plateia de jornalistas – que até aplaudiram timidamente a produção, no final da exibição. Samba não é a dança, é o nome do personagem de Omar Sy, um senegalês que mora há uma década na França e está em vias de ser deportado.
Apesar do tema espinhoso, caro à Europa nas duas últimas décadas, os diretores conseguiram – descontando um exagero ou outro – conduzir a história com humor, sem perder a verossimilhança. Um exemplo são as cenas que se passam no escritório público responsável por avaliar (e prestar auxílio) caso a caso a situação daqueles que estão perigando ter que deixar o país. Com um ritmo ágil na edição, cenas curtas mostram a falta de compreensão das mais variadas línguas por parte dos auxiliares, num terreno que é uma verdadeira Torre de Babel.
É aí que entra Samba, que recebeu uma proposta de contrato para trabalhar como cozinheiro/ chefe de um restaurante, mas não pode aceitar o emprego formalmente; é lá que ele conhece Alice (Charlotte Gainsbourg de Ninfomaníaca), uma voluntária da repartição, que está dando um tempo do seu verdadeiro emprego, depois de ser afastada ao sofrer uma crise nervosa.
Apesar da similaridade entre este Samba e o Driss, de Intocáveis, no sentido de ambos serem um tipo de pária à procura de um subemprego que seja, Sy consegue estabelecer um registro completamente diferente para o novo personagem. E Charlotte é simplesmente a garota perfeita para o papel: deprimida, porém doce.
O filme ainda reserva uma surpresa para o público brasileiro, em especial. O protagonista acaba construindo uma relação de amizade com um personagem “do Brasil”. E mais a gente não conta. Ainda não há previsão de estreia do filme na terra do amigo de Samba.
