A Academia Brasileira de Cinema anunciou que O Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho, foi o escolhido para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2026. O filme, que já havia despertado atenção no circuito internacional, foi adquirido pela distribuidora norte-americana NEON, responsável por Anora ano passado.
“Uma safra impressionante”
Durante o anúncio, a presidente da Academia, Renata Magalhães, destacou a força da produção nacional este ano: “A qualidade dos filmes brasileiros está impressionante. Muitos poderiam nos representar com dignidade e orgulho”, afirmou. Ela ainda citou títulos como A Melhor Mãe do Mundo, Homem com H e Retrato de um Certo Oriente, que chegaram perto da shortlist, mas ficaram de fora.
A cineasta Maíra Oliveira reforçou a importância da diversidade de olhares no cinema brasileiro: “É essencial termos obras que abram múltiplas visões sobre a política, sem ficarmos presos a uma única narrativa.” Já Tatiana Issa fez um convite direto ao público: “Os filmes pré-selecionados tratam de universos muito distintos. Mesmo que apenas um siga para o Oscar, todos merecem ser assistidos.”
O ator Marcelo Serrado também destacou produções como Oeste Outra Vez, O Último Azul, Manas e Kasa Branca, reforçando a importância de prestigiar a pluralidade da nossa cinematografia.
A força da escolha
Para o produtor Rodrigo Teixeira, de Ainda Estou Aqui, a indicação fortalece a presença brasileira na corrida internacional: “O Agente Secreto chega com ainda mais peso neste momento, comparado a Ainda Estou Aqui no mesmo momento ano passado, pela trajetória que construiu até aqui. Confio que Kleber [Mendonça Filho] e Wagner Moura têm o carisma e o trabalho de divulgação necessários para sustentar essa caminhada. Mas o fundamental é que o filme seja visto”.
Rodrigo ainda comentou que a decisão coincidiu com o aniversário de 60 anos de Fernanda Torres, parte do elenco: “Isso só pode trazer sorte.” Já a produtora Sara Silveira, presidente da comissão de seleção, destacou a relevância da temática: “É essencial trazer um filme sobre a ditadura em um momento político tão importante para o Brasil”.
A polêmica e o alerta
Rodrigo Teixeira também mencionou os ataques virtuais sofridos por Marianna Brennand, diretora de Manas e alvo de polarização nas redes durante o processo de seleção. Ele pediu mais responsabilidade do público e da imprensa. “Não podemos criar rivalidades entre filmes. Todos fazem parte do mesmo cinema brasileiro, precisam e merecem ser valorizados e respeitados”.