Frente a um assassinato, temos dois caminhos a percorrer; arrependimento, ou orgulho. Qual caminho cada qual seguirá dependerá de quem é essa pessoa. Em Festim Diabólico somos apresentados a dois protagonistas, e advinha...um arrependido e um orgulhoso.
O tema central para alguns poderia ser o Assassinato, confesso que cogitei nessa ideia. Não a julgo errônea, mas acredito se tratar de uma coisa um pouco mais profunda; arte. A história, se você analisar com atenção, verá que gira em torno disso. O assassinato foi por essa razão, de certo modo. Sem contar os livros, a razão pela qual conseguiram substituir a mesa de jantar, para dar ao filme um humor digno de ser chamado "sádico". Porque essa obra é isso, meus amigos, sádico. O protagonista de James Stewart nos mostra esse adjetivo com clareza, ao se revelar com várias tramas calculadas para colocar seus convidados em situações peculiares e de tensão. Ele soa como psicopata, um homem inseto de sentimentos, mas que se ama como nunca.
O seu professor, um personagem que desde o início é dito como a única pessoa que o James ajoelha perante seus pés, é super parecido com ele. O olhar, o andar, o charme, o sarcasmo e alguns pensamentos; aquele é o homem que fez do James, o James. E o filme nos entrega isso aos poucos, sem pressa, é um olhar de admiração aqui, ali e pronto; James se espelha naquele homem. E esse fato ainda é corroborado no final, quando o próprio James admite ter assassinado o David por conta do pensamento do professor. E cá entre nós, que pensamento...
Como fiquei feliz em ver o sr. Kently o acusando de pensar como Hitler, porque ele é. Essa cena reflete exatamente o conceito de "banalização do mau" de Hanna Harent. Ele está tão alienado com sua visão, que não consegue enxergar a semelhança do seu pensamento com um ditador que ELE concorda ser um idiota maniaco. Isso, meus amigos, resume boa parte dos "bons cidadãos".
E claro, com a cena final, vemos o professor admitir está errado. O que pensamos agora, no conforto, e o que pensamos perante nossas convicções não são - normalmente - iguais. O radical, quase sempre só é assim porque não viu na prática. O racista só racista porque nunca sofreu racismo.
Voltado um pouco a parte técnica,outra prova da genialidade do Alfred é colocar takes longos. Muitos longos. Para dar um ar de realidade a cena. E cara, eu confesso que não funcionou muito comigo porque eu fiquei simplesmente abismado ao ver cenas de 12-20 minutos serem conduzidas sem corte. E a atuação dos personagens...incrivel.
Por fim, queria apenas elogiar duas cenas; a do dialogo do frango, que - ao meu ver - foi uma das que mais gostei. Nós sabemos, dois deles sabem, um desconfia, e o resto não faz ideia; mas todos julgam a cena como peculiar. É muito bom ver isso dando tão certo. A personalidade dos personagens conversando de forma tão...clara. O orgulhoso brinca e ri, o arrependido se estressa e chora. Lindo, meus amigos, lindo. A segunda cena é da Mrs. Wilson arrumando a mesa dos livros. Quando nos tocamos e percebemos o que está prestes a aconeter, somos tomados por uma subida ansiedade. E por mais que a cena fosse um suspense vago, ela nos lembra do perigo que está ali dentro. E de repente, se aproximar de lá soa...mais perigoso. No fim, ame a historia. Perfeita.