Ao se falar sobre orgulho e preconceito conseguimos exemplificar sem muito esforço situações no dia a dia que retratam essas duas palavras ou encontrar variadas histórias sobre o assunto. Em sua maioria, as pessoas retratadas relutam por muito tempo, fazem de tudo para não largar suas tão certas verdades tornando difícil qualquer tipo de abertura. A ignorância reina, ninguém quer mais escutar ou aprender. A consequência, abordamos os mesmos problemas repetidas vezes até que haja uma mudança definitiva onde finalmente podemos seguir em frente para o próximo passo de evolução. Contudo, Joe Wright nos proporcionou uma história leve e quase aliviadora usando a objetividade e criando personagens que buscam ser humanos.
No filme Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice), baseado no livro de mesmo título de Jane Austen, nos deparamos com Elizabeth Bennet, moradora de uma casa no campo em pleno século 19, rodeada por quatro irmãs mais novas e pais loucos para que todas elas se casem. Mesmo que a família não fosse de todo pobre era quase uma obrigação que todas arranjassem maridos de bom partido para não terem necessidades futuras, pois naquela época nenhuma herança sobrava para mulheres. Forçar uma jovem que ama aproveitar sua liberdade caminhando horas e horas a esta situação, mesmo que de forma leve, cria em seu psicológico uma grande barreira contra casamentos, relacionamentos amorosos e dinheiro na qual promete que só o amor verdadeiro pode quebrar.
Sr. Bingley então chega a vizinhança trazendo consigo seu tão fiel melhor amigo, Mr. Darcy, que nos primeiros instantes podemos sacar que será como a bola demolidora daquela tal barreira. Indo contra toda a lógica imposta pelo seu grande poder aquisitivo e pela sua notória timidez, desde que seu olhar cruza com Elizabeth não consegue se libertar da paixão que sentiu.
Rodeados por cenários incrivelmente montados e fotografados por uma equipe de direção sensível e uma trilha sonora que caminha entre diegética e não diegética seguindo a personalidade de cada personagem, Elizabeth e Darcy se encontram vezes o suficiente para perceberem a atração entre si e também para tentarem se repelir com suas opiniões tão bem formadas sobre o outro. Talvez o amor tenha sido o grande empurrão para que abrissem suas mentes e quem dera todos pudessem sentir isso de forma pura na nossa sociedade. Depois de conflitos intensos podemos ver Elizabeth se entregar aos seus sentimentos, aceitando que gosta de quem Mr.Darcy é, sem deixar que sua riqueza atrapalhe, aliás, nunca foi de seu desejo dar atenção para o material. Enquanto Mr. Darcy percebe que o mundo não funciona apenas como foi forçado a aprender, abaixando seu ego e vendo que nem todas as pessoas estão interessadas no que tem. Essa visão mais honesta e pura que começa a enxergar ao seu redor é uma alavanca para se entregar mais as pessoas, mesmo que ainda muito sutilmente. Sua personalidade tímida vai aos poucos chegando ao nível de impressionar a personalidade forte e extrovertida de Elizabeth.
É óbvio que isso aconteceria, aliás é objetivo quase inconsciente no qual esperamos desde que começamos a assistir o filme, no qual Joe retrata de forma objetiva, porém realista. Para nós, muito ao contrário, pode soar irrealista, já que na nossa realidade objetividade, simplicidade e também abertura não existe mais. Tudo é tão definitivo, tudo é tão relativo, não existe espaço para o equilíbrio. Já dizia Lady Catherine de Bourgh em meio ao longa “você tem uma opinião muito bem formada para uma garota tão jovem”. Não há erro nisso, quando sabemos porque temos tais opiniões ou aceitamos que nem sempre são as certas.
Orgulho e Preconceito com essa lição muito bem escrita em meio às tramas, é de classificação livre e poderia muito bem ser assistido por pessoas de diferentes idades, apaixonadas ou não, românticas ou não, já que apesar do gênero muito bem definido a história pode falar com toda uma sociedade.