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    Speed Racer
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Speed Racer

    Diversão em alta velocidade e cores intensas

    por Roberto Cunha

    Se você não teve contato com o universo de Speed Racer, o clássico desenho animado de sucesso dos anos 60/70, vai achar tudo muito estranho num primeiro momento. Contudo, se levar em consideração (sim, é preciso) que trata-se de uma adaptação fiel para o cinema e der os devidos descontos, é capaz até de admirar esta nova produção dos irmãos Andy e Larry Wachowski, da trilogia Matrix. Por outro lado, se você é um iniciado no personagem ou, pelo menos, é chegado num desenho animado, prepare-se: o filme é um show de cores. Os fãs vão gostar. Está tudo lá: sons, efeitos visuais típicos do original, excesso de cores, vilões devidamente caracterizados, Pops (John Goodman), Sparky, Dixie (Christina Ricci, de Monster - Desejo Assassino), Gorducho e o indefectível chipanzé Zequinha. A dupla, aliás, rende momentos engraçados. Em tempo: Susan Sarandon completa o time como a mãe de Speed, interpretado pelo jovem Emile Hirsch (Alpha Dog e Na Natureza Selvagem).

    A grande dificuldade, claro, era apresentar o personagem criado por Tatsuo Yoshida que, na verdade, tinha feito uma série sobre um carro (Mach Go). A versão americana é que valorizou o piloto. Assim, no filme, Speed é apresentado de uma maneira rápida e quase confusa porque o roteiro misturou passado e presente, pontuando os fatos marcantes na história dele. E tudo muito rápido (com trocadilho), você descobre que ele perdeu seu irmão e maior ídolo num acidente misterioso. Percebe que o pano de fundo é a luta entre David e Golias. Tudo porque Pops, o pai de Speed, faz de tudo para manter a empresa Racer Motors como uma família, sem se render aos grandes investimentos. Independente para sempre. Speed cresce com essa mentalidade. Para ele, correr não é um negócio. É coisa de piloto.

    As pistas são como autoramas (clássico brinquedo do passado), as lutas são travadas entre carros, com muitos golpes sujos, mas agora com dois detalhes curiosos: o piloto que perde a batalha é salvo numa espécie de "airbag bolha" e as clássicas serras na dianteira do Mach 5 ainda existem, mas foram apresentadas como algo que deveria ser usado discretamente, bem diferente do original, quando Speed cortava árvores sem piedade. É o ecologicamente correto necessário para as novas gerações. O visual e o carro do Corredor X (Matthew Fox, do seriado "Lost") não deixam dúvida do impacto que causaram na época.

    Uma das seqüências de ação com ele é puro video game e traz um caminhão lotado de bandidos, remetendo para outro ícone da série, que era o Mamute. Foi bem bacana, por exemplo, ver a apresentação dos comandos do volante no Mach 5, algo impensável na época e hoje tão comum nos carros de corrida e até de passeio. O som marcante do "pulo" do carro é muito legal e as seqüências de pancadarias com os vilões (sempre com muito humor) foram reproduzidas com esmero pela produção. Destaque para o tradicional saída do carro, de lado (usada na abertura e vinhetas do desenho), que não ficou de fora. E o que dizer do herói beber leite no pódio? Mais puro impossível. Go Speed Racer! Go!

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    Comentários

    • Geninho
      Muito, muito, muito, muito viajado. Para um desenho funciona. Mas, para um filme tão pretensioso, deveria estar mais conectado com a realidade, e sem perder o charme da animação original. O visual carregado e as atuações caricatas vão aos poucos cansando e a história perde todo o interesse. O filme se arrasta por duas horas, mas se tivesse metade disso, poderia ser muito melhor. O desenho me prende mais. O problema do cinema é este: ao fazer uma adaptação de uma animação, ou faz ao pé da letra e fica extremamente carregado, ou procuram dar uma linguagem mais realista e se desconectam totalmente do original. Quando vão aprender?
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