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    Sem Dor, Sem Ganho
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Sem Dor, Sem Ganho

    Sem limites

    por Roberto Cunha

    Filmes baseados em fatos reais costumam ter bom apelo junto ao público e muitos se saem bem nas bilheterias, principalmente, aquele com pegada melodramática. Sem Dor Sem Ganho tem como fonte de inspiração os crimes reais cometidos por fisiculturistas, o popular marombeiro, em Miami. Mas quem procura lágrimas pode encontrar o riso e esse pode ser apenas um dos pontos positivos dessa produção "interessantemente" bruta que chega, com atraso, nas salas brasileiras.

    Daniel Lugo (Mark Wahlberg), Paul Doyle (Dwayne Johnson) e Adrian Doorbal (Anthony Mackie) tinham muita coisa em comum, como aumentar a massa muscular sem desenvolver a massa cinzenta. Cansado da vidinha de instrutor de academia, Lugo resolve empreender um plano mirabolante para ficar rico, usando seus fortes conhecimentos: as biografias que leu e filmes que viu. Seus ídolos? Rocky Balboa, Tony Montana (Scarface) e Don Corleone (O Poderoso Chefão). Mas o que rola na ficção nem sempre acontece na realidade, ainda mais quando se tem como parceiros homens grandes de visão curta e não "grandes homens que enxergam longe". Após a execução de um primeiro crime, o trio entra numa espiral de bizarrices e acabam sendo investigados por um detetive aposentado (Ed Harris), contratado pela primeira vítima (Tony Shalhoub). Começa então um jogo de gato e rato, com traços de comédia de erros, alguma podreira e muita... muita estupidez.

    Escrito pela dupla Christopher Markus e Stephen McFeely, dos filmes Crônicas de Nárnia e do ainda inédito Thor: O Mundo Sombrio (01/11/13), o roteiro de Sem Dor, Sem Ganho reserva surpresas na medida que vai misturando drama, suspense, comédia, ação e cinema trash. A trama começa em 1995, mas faz um pequeno retorno para 94, quando o off do protagonista situa você dentro daquela realidade e de seus pensamentos: "Sou forte, sou gostoso, eu acredito em malhar... No país mais sarado e bombado, é preciso ter objetivo e se dar bem". O recurso do narrador retorna em outros momentos, mas nada que comprometa a obra, que faz também uso de recursos gráficos bem humorados, para lembrar, inclusive, de que a história "ainda é real". Isso porque os absurdos se acumulam, podendo provocar inquietação no espectador, além de risos. Afinal, Lugo sintetiza a máxima que diz "em terra de cego, quem tem um olho é rei", liderando uma dupla de paspalhos em torno de seus planos toscos, infantis e - pasme - violentos. Tudo em nome de um sonho.

    Entre as curiosidades, um cartaz do clássico Pumping Iron (1977) na parede da casa do líder, e o destaque vai para os diálogos verdadeiramente loucos de gente estúpida que quando faz m... precisa malhar. Assim, se até que aqui você estava achando que o filme valia uma conferida, tente não se deixar levar pela (má) fama do diretor Michael Bay, que conduz essa loucura por mais de duas horas, mantendo um ritmo frenético. Ajudado pela boa trilha sonora do parceiro Steve Jablonski (tem também Bon Jovi e C + C Music Factory), o longa do cineasta é diferente (até no orçamento) do que ele costuma apresentar. Pode até ser considerado grosseiro por muitos, devido a boçalidade dos fatos, mas eis aí um charme extra, que a todo momento faz você questionar como aquilo pode ter acontecido. Portanto, se seu estômago não é dos mais sensíveis, vá em frente, até para depois não ficar "sem ver e sem saber" dessa insana verdade, confirmada nos créditos finais, com fotos reais e sentenças de cada um, como a pena de morte.

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