Enquanto eu assistia a animação “Encanto”, dirigida por Byron Howard, Charise Castro Smith e Jared Bush, eu fiquei pensando sobre o quão difícil deve ser você nascer em uma família na qual são jogadas enormes expectativas em cima de você. No caso do filme, quem nasce na família Madrigal, ainda na infância, passa por uma espécie de cerimônia na qual será descoberta qual o poder mágico que você possui.
Dessa maneira, na família Madrigal temos integrantes que possuem uma força extraordinária, que conversam com os animais, que preveem o futuro, que conseguem controlar o tempo, que cultivam flores por onde vão, que são desastrados… Com a exceção de Mirabel (dublada por Stephanie Beatriz na versão original). Ela é a única integrante da família que não possui um dom mágico - e isso faz com que ela seja vista, não só de forma diferente pelos seus semelhantes, como também com que ela nunca se sinta parte do seu núcleo familiar.
A jornada de “Encanto” e o ensinamento que a animação nos traz passa muito pelo entendimento de Maribel e de sua família de que, nem sempre, a magia está em elementos extraordinários. O que Maribel possui e que vai acrescentar positivamente na vida dela em família e na comunidade na qual eles estão inseridos é a capacidade e a sensibilidade de enxergar o outro ao seu redor. Cabe a ela encontrar o seu papel no mundo. Cabe a ela descobrir, diante das dificuldades, qual o seu encanto e o seu diferencial. Cabe aos outros ter, da mesma maneira, a compreensão do valor que ela possui.
Apesar de ter uma mensagem muito interessante, a verdade é que “Encanto” é uma animação que não iguala a mesma qualidade vista em outros filmes da Disney. Normalmente, as animações do estúdio possuem sempre algum momento ou canção marcantes. E isso falta a “Encanto”. Com o perdão do trocadilho, o longa falha muito em nos encantar completamente.