“Zootopia 2” chega aos cinemas com a missão de preservar o carisma e a energia contagiante que tornaram o primeiro filme um sucesso mundial. Nos últimos anos, a Disney encontrou dificuldades em entregar continuações tão impactantes quanto suas obras originais — casos como Frozen e Moana, cujas sequências, embora competentes, não alcançaram o mesmo brilho dos filmes iniciais.
Mas aqui, diferente do padrão recente, a sequência não apenas mantém a qualidade, como aprofunda de maneira brilhante a dinâmica entre seus protagonistas. Por isso, afirmo com tranquilidade: “Zootopia 2” é a melhor sequência produzida pela Disney nos últimos anos.
Toda a longa espera pelo retorno de Judy Hopps e Nick Wilde valeu a pena. O filme explora ainda mais a conexão entre os dois, sem perder o foco da trama principal, que agora expande o universo para além das fronteiras conhecidas na primeira animação.
Nick continua com o mesmo carisma, charme e sarcasmo que conquistaram o público, utilizando sua vivência no submundo a serviço da polícia. Judy segue com sua essência íntegra, guiada por um senso de justiça inabalável e pela determinação de fazer o certo — mesmo quando isso coloca em risco sua parceria com Nick.
Essa diferença de visão entre os dois gera uma tensão emocional importante na trama, mas é justamente o que torna sua reconciliação no terceiro ato ainda mais significativa e poderosa.
Entre os personagens secundários, o grande destaque é Gary De'Snake. Inicialmente rotulado como vilão, ele se revela alguém que busca expor ao mundo quem são os verdadeiros antagonistas da história. Seu arco é muito bem construído e sua relação com Judy adiciona camadas emocionais e narrativas à trama.
A família Lynxley também desempenha um papel essencial. Figura influente na política da cidade por serem responsáveis pelas paredes climáticas que dividem os biomas, eles escondem segredos que vão muito além do que aparentam.
No entanto, é exatamente nesse ponto que reside a única fraqueza do filme: o antagonista principal, Pawbert Lynxley, é inferior a Bellwether, do primeiro filme.
Enquanto Bellwether movia-se por uma motivação complexa, profundamente conectada à desigualdade social e ao ressentimento histórico entre presas e predadores, Pawbert tem uma motivação mais rasa — busca apenas reconhecimento familiar. Suas ações, embora coerentes dentro desse objetivo, carecem do peso dramático que fez da vilã original um dos grandes acertos do primeiro longa.
Ainda assim, isso não compromete a experiência geral. Os outros personagens secundários — como o novo prefeito Wind Dancer, a castor Nibbles, o camaleão Jesús, os novos e antigos policiais do DPZ — têm tempo de tela equilibrado, contribuindo para uma narrativa fluida e sem excessos.
A trilha sonora é novamente impecável. “Zoo”, a nova música de Gazelle (Shakira), não só mantém o nível de “Try Everything”, como, em minha opinião, supera a faixa original, misturando inglês e espanhol de forma envolvente e emocionante.
Por fim, a mensagem do filme permanece tão forte quanto a do primeiro. Mais uma vez, a história aborda questões sociais profundas, como preconceito e tensões históricas entre diferentes grupos. Tudo isso aliado a temas como parceria, superação das diferenças e a importância de fazer o que é certo — mesmo quando surgem dúvidas.
Digo e repito: Zootopia 2 é a melhor sequência da Disney dos últimos anos. E a experiência cinematográfica vale cada centavo.