Missão Impossível 7: Acerto de Contas Parte 1: Crítica AdoroCinema

O que torna uma franquia bem-sucedida em Hollywood? Em 1996, o primeiro Missão: Impossível, comandado por Brian De Palma, chegava aos cinemas misturando ação e espionagem, e apresentando ao público Ethan Hunt, um dos personagens mais marcantes da carreira de Tom Cruise. 27 anos depois, o mundo e indústria cinematográfica mudaram completamente, mas a franquia acompanhou essas mudanças de maneira positiva, se aprimorando – sem nunca perder sua própria essência – a cada filme. No final das contas, ela conseguiu se firmar tranquilamente como uma das mais consistentes de todos os tempos.

Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um é a prova de tudo isso e como a franquia ainda é relevante após tanto tempo, representando o que o cinema blockbuster tem de melhor.

Qual é a história de Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um?

Ethan Hunt (Tom Cruise) e a equipe do IMF formada por Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames) recebem outra importante missão: eles devem rastrear uma nova e aterrorizante arma que, se cair nas mãos erradas, pode representar uma ameaça para toda a humanidade. Com o controle do futuro e o destino de todo o mundo em jogo, a equipe precisa partir em uma corrida frenética e mortal ao redor do planeta. Além disso, Ethan ainda é confrontado por um novo inimigo misterioso e muito perigoso, e é forçado a aceitar que, para completar o desafio, nada pode importar mais do que a missão – nem mesmo sua própria vida.

Ethan Hunt acerta as contas com o passado e enfrenta um inimigo invisível

Acerto de Contas foi anunciado inicialmente como a despedida de Ethan Hunt, dividido em duas partes nos cinemas. E, por mais que o próprio Tom Cruise já tenha dado indícios de que a franquia deve seguir ainda por um bom tempo, o filme caminha realmente para um arco de encerramento do protagonista, onde ele precisa acertar as contas com eventos de seu passado e com aquilo que o tornou quem ele é hoje.

Por isso, a trama do novo filme conversa bastante com a do primeiro Missão: Impossível (1996). Não apenas temos o retorno de Eugene Kittridge (Henry Czerny), mas também a apresentação do antagonista Gabriel (Esai Morales) com uma retcon (alteração de algo estabelecido anteriormente) interessante do filme original, colocando ele como um dos principais motivos para o protagonista ter entrado na IMF. Ao mesmo tempo que estamos voltando ao começo de tudo, com os elementos clássicos da franquia presentes, esse novo capítulo é mais atual do que nunca em seu tema central.

Inteligência artificial é um dos assuntos mais comentados da atualidade e Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, inteligentemente, entra de cabeça nessa discussão. Os filmes da franquia já apresentaram ameaças nucleares, químicas, biológicas e muitos outros perigos terroristas, mas agora temos uma proposta voltada mais para a ficção científica. O que aconteceria se uma IA autossuficiente invadisse os sistemas do mundo todo? O fim da humanidade? É esse medo que move a narrativa do novo Missão Impossível e, como sabemos bem, as ansiedades políticas e sociais são elementos perfeitos para promoverem tramas de espionagem. Controle e manipulação de informações, deepfake e fake news estão no centro da história e confundem a realidade dos nossos protagonistas, presos nessa teia de conspirações, que é ainda mais assustadora quando se trata de uma ameaça onipresente e invisível.

Por causa da ameaça da inteligência artificial, os riscos são maiores do que nunca para Ethan Hunt e sua equipe do IMF. Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um usa essa carga dramática muito bem nos personagens, especialmente na responsabilidade do protagonista interpretado por Tom Cruise para proteger seus amigos, ainda que necessite completar a missão. É sempre maravilhoso ver a dinâmica entre os carismáticos personagens vividos por Tom Cruise, Rebecca Ferguson, Simon Pegg e Ving Rhames e, entre as novidades, o destaque fica para Hayley Atwell como Grace, que funciona nas cenas de ação e forma uma dupla interessante para Cruise e Hunt.

Tom Cruise se estabelece como o maior atro de ação de Hollywood

Os diretores Brian De Palma, John Woo, J.J. Abrams e Brad Bird evidentemente deixaram sua marca na franquia, mas é inegável que Christopher McQuarrie é o parceiro perfeito para Tom Cruise. Assumindo o comando de Missão Impossível a partir de Nação Secreta (2015), McQuarrie equilibra perfeitamente o clima de espionagem das missões com as ambiciosas cenas de ação propostas por Tom Cruise.

Desde Top Gun - Ases Indomáveis (1996), Tom Cruise se estabeleceu como uma estrela de Hollywood e, com o tempo, conseguiu cada vez mais o controle de suas próprias produções. Por isso, ele demonstra uma verdadeira obsessão pelos desafios, realizando suas próprias cenas de ação sem o uso de dublês, especialmente na franquia Missão Impossível. Neste novo filme, Cruise realizou a cena mais perigosa de sua carreira, pulando à beira de um penhasco com uma motocicleta em alta velocidade e saltando de paraquedas em seguida. Por si só, Isso já mostra o nível insano de Acerto de Contas - Parte Um.

Bourne, 007, Velozes & Furiosos e, principalmente, John Wick estabeleceram um novo patamar para franquias de ação no cinema nas últimas décadas. Missão Impossível, naturalmente, foi inspirada por elas (e também inspirou), mas nunca deixou de lado sua marca registrada e se destaca nos últimos filmes por causa das acrobacias e sequências ousadas realizadas por Tom Cruise. Na primeira parte de Acerto de Contas, Ethan Hunt e sua equipe percorrem diferentes lugares no mundo para salvar a humanidade e, por mais que o filme tenha mais de 2 horas e 40 minutos de duração, não sentimos o tempo passar por causa da tensão constante que prende o público, alternando entre momentos de espionagem e ação frenética.

Vale a pena assistir Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um?

Todo o potencial do cinema blockbuster é mostrado em Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, onde a dupla Christopher McQuarrie e Tom Cruise apresentam o melhor de sua parceria na franquia. Sequências claustrofóbicas nos desertos dos Emirados Árabes Unidos, perseguição e confrontos nas ruas de Roma e Veneza, além da missão de parar um trem em movimento nos Alpes Austríacos. O sucesso de Top Gun: Maverick (2022), ultrapassando 1 bilhão e 400 mil dólares em bilheteria e recebendo seis indicações ao Oscar, mostrou a força de Tom Cruise em Hollywood, e o novo Missão Impossível vem para comprovar o papel que o ator desempenha como um espécie de maestro do cinema de ação atual.

Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um é o melhor filme da franquia, representando o ápice do cinema blockbuster de Hollywood. Equilibrando o clima de espionagem das missões com as ambiciosas cenas de ação protagonizadas por Tom Cruise, o sétimo Missão Impossível retoma elementos clássicos que moldaram os filmes anteriores e apresenta novidades interessantes ao público, com uma trama mais atual do que nunca envolvendo a ameaça da Inteligência Artificial.