Os Parças 2: Crítica AdoroCinema

É uma difícil tarefa tentar resumir a trama de Os Parças 2, e isso não se deve pelo fato do filme entregar pouca informação. O que acontece é exatamente o contrário, pois são tantas sub-tramas e situações que não se conectam entre si que o foco principal sempre parece muito distante para ser devidamente identificado. Mas, em brevíssimo resumo, trata-se de uma história de humor envolvendo três amigos (interpretados por Tom Cavalcante, Tirulipa e Whindersson Nunes), mas que também envolve romance, drama e ação de forma desordenada.

Aliado à mistura de gêneros, a outra grande questão aqui é que o humor apresentado não conversa com o público que consome comédia atualmente. O roteiro parece ser inexistente em inúmeras passagens, o que abre espaço para que o trio de protagonistas façam e falem o que bem entenderem - com exceção de algumas frases de efeito que são insistentemente repetidas ao longo do filme. Apesar de estarem em boa sintonia juntos, individualmente nenhum dos atores garante uma presença que ultrapasse atuações caricatas e exageradas.

É certo que o texto visa justamente a imprudência e a espontaneidade diante de situações bizarras envolvendo um chefe do crime chamado Chinês, um acampamento de férias e um grupo de jovens. Estes três elementos por si só já dão uma ideia de como Os Parças 2 se alimenta da improbabilidade e de atos pensados puramente em fazer o espectador rir, mas é inevitável pensar que o trio possui a clara ideia de entrar no clima de Os Trapalhões e não passam perto de acertar o alvo.

O resultado da trama rocambolesca e das infinitas piadas que falam sobre gordofobia e menstruação em tom de aversão, por exemplo, fazem com que o longa sempre permaneça no território do desrespeito. As mulheres são tratadas com bastante desconsideração pelos três personagens, por mais que nenhuma piada direta seja feita. Mas o maior problema do filme é que o acampamento de férias, local em que a maior parte da história é ambientada, é justamente a razão pela qual o enredo fique inerte por basicamente dois terços de sua duração. São incontáveis situações incoerentes que passeiam pela trama sem qualquer tipo de cuidado.

A partir de quando a trama principal nos é apresentada, ela só é retomada próximo ao fim para encontrar uma breve solução. Entre o início e o fim, a impressão que temos é a de que o filme parece ter tirado férias de si mesmo, preferindo abordar romances juvenis, bullying entre garotos e problemas rotineiros que não adicionam nada à história. A falta de foco é a maior adversidade em Os Parças 2, que contenta-se em permanecer em uma área confortável dentro da comédia que apenas ridiculariza a tudo e a todos, e não parece mais se encaixar no cinema deste gênero em pleno 2019.