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    Marcia Haydée - Uma Vida pela Dança
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Marcia Haydée - Uma Vida pela Dança

    Da sapatilha aos ensinamentos

    por Barbara Demerov

    "Deixei isso para a próxima vida. Na próxima eu quero ter muitos filhos", diz Marcia Haydée pouco antes de se corrigir: "Não, na próxima vida eu serei bailarina mesmo". O fato de não ter sido mãe fez com que a bailarina, diretora de ballet e coreógrafa pudesse viver uma trajetória cheia de conquistas e experiências ao redor do mundo; e é exatamente isso que o documentário Marcia Haydée - Uma Vida pela Dança visa expor ao longo de uma narrativa cheia de flashbacks e reflexões da protagonista.

    O filme não é nada mais, nada menos que uma celebração aos 80 anos de vida de Haydée, uma das figuras mais renomadas do cenário da dança mundial. Tal homenagem é estendida com depoimentos de sua irmã, Monica Athayde (uma das idealizadoras do projeto), Ana Botafogo, Deborah Colker e Bibi Ferreira - além de outra figuras internacionais que trabalharam com a bailarina, como Tamas Detrich e Reid Anderson. Juntamente com as palavras de Haydée, que retornou ao Brasil para relembrar seus passos importantes, cada um vai tecendo uma narrativa leve e cativante.

    Com um rico material que vai desde a década de 50 até os tempos atuais, em que a bailarina continua a exercer sua profissão atualizando jeitos de dançar e ensinar, o documentário intercala as memórias de pessoas que passaram por sua vida com as memórias pessoais de Haydée. De seu casamento com o também bailarino Richard Cragun, que se descobriu homossexual após 16 anos de casamento e parceria profissional, até sua rotina no Chile, onde dá aulas de coreografia para dançarinos internacionais, há um contraste sutil entre passado e presente e como tudo o que aconteceu em sua vida acabou lhe abrindo importantes portas.

    O depoimento de Bibi Ferreira, falecida em fevereiro deste ano, é um dos mais ricos por detalhar o início da carreira de Haydée - que não tardou a se tornar internacional devido a um jantar com contatos de Bibi na casa da mãe da então jovem dançarina do Municipal. Todos os acontecimentos narrados da vida da protagonista se conectam bem devido à montagem, que explora tanto seu lado profissional (com belas cenas de arquivo no palco) como seu lado pessoal (incluindo seu segundo casamento com Günther Schöberl, desde 1995).

    Seguindo o protocolo de obras biográficas, Marcia Haydée - Uma Vida pela Dança consegue se contrastar em meio à algumas que priorizam mais a homenagem do que a narração de uma história. O documentário de Daniela Kallmann poderia ser um projeto feito apenas a quem conviveu ou é fã do trabalho de Haydée; mas, por expor seus altos e baixos e sua perseverança na carreira, consegue tocar toda uma parcela de pessoas que vive em prol da arte, do amor próprio e de saber reconhecer o que pode te fazer plenamente feliz.

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