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    Julia e a Raposa
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Julia e a Raposa

    Adentrando o vazio

    por Barbara Demerov

    O luto pode ser sentido de diversas formas, e o que Julia (Umbra Colombo) e sua filha Malena (Victoria Castelo Arzubialde) fazem é enfrentá-lo de frente, mesmo que não saibam disso no início. Ao retornar para a casa de seu marido, que faleceu há um tempo, Julia vai de encontro com o vazio que o passado deixou - figurativa e literalmente. Sua filha a acompanha, e a casa, que não estava mais sendo cuidada, recebe duas pessoas que não estão totalmente sintonizadas uma com a outra, e de certa forma acaba ajudando nesta união.

    Julia e a Raposa é um filme de pequenos detalhes e acontecimentos triviais, cuja história gira em torno de uma protagonista que emana um brilho frágil, ao mesmo tempo que com muito destaque. Além de ser uma atriz em busca de recomeço, ela ainda não encontrou sua forma de viver como viúva, o que dificulta sua relação com Malena e a percepção de seu próprio futuro. Mesmo quando aparentemente nada acontece, a intenção da diretora Inés María Barrionuevo parece ser a de mostrar a natureza real das crises que aparecem após uma perda inestimável.

    Há poucas cenas com mais iluminação, sendo a maioria delas filmadas em ambientes escuros e com uma certa distância da câmera com os rostos das personagens - especialmente de Julia. Boa parte da leveza da trama se dá por conta da relação da filha com a mãe, que emula alguns de seus trejeitos para parecer mais adulta. No entanto, é triste quando notamos quão solitárias ambas estão, mesmo que em um ambiente familiar.

    De certa forma, a distância que temos do rosto de Julia não ajuda muito a enxergarmos ou até "adivinharmos" o que ela está sentindo ou pensando; mas, por outro lado, a visão geral que é exposta (tanto da casa como da sua nova rotina) é satisfatória. Por mais monótona que sua vida seja - até mesmo sombria em alguns momentos -, há uma certa poesia em Julia e a Raposa, que transmite bem a sensação de vazio e, posteriormente, do nascimento de uma semente que pode refazer a base que já esteve ali no passado.

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