No filme Troco em Dobro, dirigido por Peter Berg, o ator Mark Wahlberg interpreta uma personagem que faz parte do clichê do cinema: um homem que, após sair da cadeia e antes que ele possa recomeçar a sua vida em uma nova cidade, decide lutar para que uma outra injustiça não seja cometida.
Spenser (Wahlberg) é um ex-policial que é preso e, consequentemente, expulso da polícia, após dar uma surra num colega de alta patente (Michael Gaston) que ele suspeita ser corrupto e que também tinha um histórico de violência doméstica contra sua esposa. Após cumprir sua pena, os planos de Spenser são deixar a cidade de Boston e recomeçar a vida como motorista de caminhão em uma nova cidade.
Entretanto, o passado de Spenser não o deixa em paz e, quando ele vê que um ex-colega policial foi assassinado em circunstâncias misteriosas, decide se reunir com o seu mentor Henry (Alan Arkin), com um lutador de MMA (Winston Duke) e com sua ex-namorada (Iliza Shlesinger, uma revelação) para investigar o que aconteceu e levar os culpados à justiça – o que também significaria restaurar a sua própria honra devido às circunstâncias de sua prisão.
No início desta resenha crítica, eu disse que Troco em Dobro era um filme envolto em clichês. Apesar disso, a obra acaba se diferenciando por um detalhe bastante importante: a presença de Peter Berg na direção. Em sua quarta parceria com o ator Mark Wahlberg, Troco em Dobro revela todos os elementos que fazem parte de sua filmografia: a direção ousada, a edição em ritmo frenético e as tiradas inteligentes de roteiro (cortesia do trabalho desenvolvido por Sean O’Keefe e Brian Helgeland). Entretanto, o seu maior acerto, talvez, foi a dinâmica que se deu entre Wahlberg, Duke e Shlesinger – que funciona bem demais e transforma Troco em Dobro numa grande diversão.