"Se a Rua Beale Falasse", filme escrito e dirigido por Barry Jenkins, tendo como base o livro de James Baldwin, é uma história de amor que se passa em momentos difíceis. O romance sobre o qual ele fala é um daqueles pelo qual vale a pena lutar. Ao mesmo tempo, estamos também diante de uma história sobre nunca deixar de acreditar, sobre resiliência e sobre não desistir.
No decorrer do longa, acompanharemos a batalha de Tish (Kiki Layne), uma jovem grávida de 19 anos, para livrar seu namorado Fonny (Stephan James), que tem 22 anos, de uma acusação injusta de estupro. Para tanto, ela tem que superar vários obstáculos. O principal deles é o contexto racista da época - e que foi fundamental para a prisão de Fonny, apesar do seu álibi e de toda a sua história pregressa mostrar ser impossível que ele tenha sido o autor do estupro.
Chama a atenção em "Se a Rua Beale Falasse" o tom do filme. Para falar sobre temas que são difíceis de serem digeridos (como a injustiça do sistema e o racismo), Barry Jenkins utiliza a poesia do amor. A construção do romance de Tish e Fonny nos sendo relatada em paralelo com a dureza da batalha da jovem é quase como se fosse uma tapa em luva de pelica no lado negativo do nosso mundo. É como se Barry Jenkins nos dissesse que onde há o amor, não há espaço para o ódio.
Como eu disse no início desta resenha crítica, Tish e Fonny nunca deixam de acreditar - mesmo diante de todas as dificuldades. Aqui, temos mais um ponto importante a ser ressaltado: a conjuntura familiar de Tish. A sua mãe (interpretada por Regina King, em performance vencedora do Oscar 2019 de Melhor Atriz Coadjuvante) representa todos os valores que enxergamos nela. E isso é um dos pontos mais admiráveis em "Se a Rua Beale Falasse".