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    O Sol Também é uma Estrela
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Sol Também é uma Estrela

    Apenas um dia

    por Francisco Russo

    Há mais de duas décadas, Richard Linklater nos provou com Antes do Amanhecer que é possível se apaixonar em um único dia de convívio, a partir de muita conversa e uma boa dose de charme. Por mais que não traga a mesma ousadia nem desenvoltura, O Sol Também é uma Estrela parte do mesmo princípio: o encontro fortuito entre dois jovens bem diferentes que, no decorrer deste mesmo dia, se tornam cada vez mais próximos ao ponto de marcarem a vida do outro para sempre.

    Diante de tal proposta, é claro que o longa-metragem dirigido por Ry Russo-Young possui um considerável viés romântico, mesmo sem jamais tender ao exagero. Em parte devido ao contraste existente neste candidato a casal: ela é cética, fiel à ciência e sem acreditar no amor; ele é devoto do destino e de uma fé inabalável. Mais ainda: ambos integram minorias dentre a miscigenada população novaiorquina: ela, negra e nascida na Jamaica; ele, descendente de coreanos. Não por acaso, a devoção à cidade surge através de cenários que fogem dos cartões postais da cidade, da mesma forma que seus protagonistas estão distantes do status quo dominante na sociedade norte-americana.

    A bem da verdade, tal ideia vai de encontro ao grande tema que o filme aborda, sob a maquiagem do encontro romântico: a América como o lugar sonhado para se viver. Tanto a família de Natasha quanto a de Daniel se mudaram para Nova York dispostos a recomeçar em uma realidade distante de seus países de origem, desbravando uma cultura diferente que, no caso dela, ainda reflete o pavor da ilegalidade. Nos tempos de Trump, tal abordagem torna o filme - e o livro no qual é baseado - atualíssimo. Não foi à toa que John Leguizamo, ícone latino em Hollywood por décadas, topou participar do filme em um papel que tem mais relevância pelo que significa como representatividade do que propriamente por sua importância.

    Por mais que não seja o tema principal de O Sol Também é uma Estrela, o contexto étnico da sociedade norte-americana é onipresente nas entrelinhas, ajudando não só a nortear seus protagonistas, pela bagagem trazida por cada um, como o próprio desenrolar da história - que, é claro, jamais deixa de lado a promessa de amor verdadeiro feita por Daniel a Natasha, tão logo a conhece. Se o ritmo do casal prestes a se enamorar não surpreende, o charme de tal jornada se deve muito ao carisma do casal formado por Yara Shahidi e Charles Melton, ela especialmente. Feliz é o romance onde se pode acreditar no casal protagonista, e este é um dos casos.

    Leve e bem desenvolvido, apesar de seguir a cartilha habitual dos romances de um só dia, O Sol Também é uma Estrela agrada pela naturalidade com a qual apresenta sua história. Bom filme, que funciona tanto pelo romance quanto pelo que tem a dizer sobre o atual cenário social nos Estados Unidos.

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    Comentários

    • Matheus Nascimento
      Filme ruimmm... Atuações medíocres (principalmente da atriz principal) e roteiro forçado de uma forma inaceitável
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