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    Os Papéis de Aspern
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Os Papéis de Aspern

    Desejos e lembranças contidas

    por Barbara Demerov

    Baseado no livro homônimo de Henry James, Os Papéis de Aspern já garantiu inúmeras adaptações teatrais, na televisão e também no cinema. Porém, há um quê de especial nesta refilmagem específica de 2018: Vanessa Redgrave, que atuou ao lado de Christopher Reeve na peça de 1984 como a personagem Tina, retorna a esta história como Juliana, tia da protagonista. Tal detalhe, aliado ao fato de que seu pai, Michael, também produziu uma peça e atuou nela, transforma esta trama em um verdadeiro laço familiar.

    Porém, isso é o que há de mais interessante no longa dirigido por Julien Landais. Não que a trama de Os Papéis de Aspern não seja interessante, mas talvez a frequência de revisitação ao clássico faz com que seja impossível não seguir os mesmos passos do que já foi feito previamente. O que realmente se destaca na produção é a atuação da dupla de mulheres, capitaneada desta vez por Joely Richardson como Miss Tina e da própria Redgrave. Vale destacar, também, que as atrizes são mãe e filha na vida real – o que só salienta o fato desta ser uma história importante para a família como um todo.

    Na pele de Morton Vint, no entanto, Jonathan Rhys-Meyers não se equipara às suas companheiras. Com uma atuação completamente artificial, que não convence em momento algum, Meyers não entrega a dramaticidade contida em seu personagem, que vai até a residência Bordereau simplesmente porque almeja as cartas feitas pelo poeta Jeffrey Aspern à sua ex-amante, Juliana. Como é um editor aficionado pela obra de Aspern, Morton não mede esforços para conseguir completar sua missão, mas tudo soa apressado e vazio demais.

    Parte deste problema que dificulta a empatia por Morton se dá por conta do roteiro, que se atropela até mesmo em uma única cena. Especialmente entre o editor e Tina, há passagens com diálogos que se iniciam de modo fluido, mas que rapidamente tomam a forma de um grande melodrama sem sentido. O sofrimento que ambos os personagens expõem seria mais coeso se houvesse menos afetação nas falas e mais cuidado na exploração da realidade de cada um. A missão de Morton torna-se infundada e a mudança de atitude de Tina um tanto mecânica.

    Os Papéis de Aspern possui ótimas atuações de Vanessa e Joely e ganha seu valor quando mãe e filha dividem a tela. Contudo, nem mesmo as performances e as belas paisagens são capazes de tornar o filme uma obra marcante e, sobretudo, emocionante. Os sentimentos contidos nas cartas secretas escritas para Juliana não conseguem ultrapassar o papel, transformando o filme em um conto distante sobre solidão e melancolia.

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