Existe um ditado popular que afirma que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Isso, com certeza, não se aplica à Adaline Bowman (Blake Lively, conhecida do público como Serena van der Woodsen no seriado “Gossip Girl”), personagem principal do filme “A Incrível História de Adaline”, dirigido por Lee Toland Krieger. Devido a um fenômeno da natureza, ocorrido após um acidente automobilístico, Adaline parou de envelhecer. Em consequência disso, passou a viver uma existência solitária, mas, principalmente, de sacrifícios pessoais – na medida em que não poderia estabelecer conexões profundas com as pessoas ou se apresentar com a sua verdadeira identidade.
É tentador fazer um paralelo entre Adaline Bowman e Benjamin Button, personagem que Brad Pitt interpretou em “O Curioso Caso de Benjamin Button”, filme de David Fincher. Entretanto, talvez, a única coisa que os une é o fato de que ambos possuem uma condição física rara. Ao contrário de Benjamin Button, que vivia uma vida sem planejamentos, esperando ser surpreendido pelas oportunidades; Adaline Bowman controla perfeitamente os seus passos, estabelecendo o tempo que permanecerá naquela cidade/emprego, e visualizando sempre os próximos caminhos/lugares que ela frequentará.
Os roteiristas de “A Incrível História de Adaline” (J. Mills Goodloe e Salvador Paskowitz) entendem perfeitamente que este é o tipo de história que, se não for bem construída, suscita questionamentos por parte da plateia. Por isso mesmo, a trama principal do longa coloca em xeque o fato da personagem viver uma vida de reclusão, sem permitir a aproximação verdadeira das pessoas. Adaline nunca teria baixado a guarda? Adaline nunca teria contado a sua real história para ninguém? É aí que entra Ellis Jones (o ator holandês Michiel Huisman, do seriado “Game of Thrones), por quem Adaline acaba se apaixonando, o que faz com que ela reflita sobre todas as suas escolhas e planos para o futuro.
Como dissemos no parágrafo anterior, “A Incrível História de Adaline” é um filme que já começa em desvantagem, pois sua premissa já é um tanto mentirosa. Por isso mesmo o desafio imposto aos roteiristas: de fazer com que a gente entre de cabeça no dilema íntimo de Adaline e na dificuldade que é abraçar a escolha de vida que ela fez. Neste sentido, os roteiristas foram muito felizes, pois “A Incrível História de Adaline” é uma obra que causa empatia e que se desenvolve como um romance competente, principalmente também por causa da boa direção de Lee Toland Krieger, bem como da boa atuação de Blake Lively, que consegue passar bem para a plateia o peso que Adaline carrega por ter a condição que adquiriu.