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    Beatles
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Beatles

    Nos embalos do iê iê iê

    por Francisco Russo

    É impossível quantificar a influência dos Beatles, seja musicalmente ou pelos seus gestos, declarações ou até mesmo visuais. Fato é que a banda de John, Paul, Ringo e George marcou época e até hoje é reverenciada mundo afora, das mais diversas formas. Beatles, o filme, é mais um destes casos.

    Situado em plena década de 1960, quando os Beatles tinham recém-lançado o histórico álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, o longa-metragem acompanha a saga de quatro jovens fãs da banda de Liverpool, moradores de Oslo, na Noruega. Kim (Louis Williams), Gunnar (Ole Nicolai Myrvold Jørgensen), Ola (Halvor Tangen Schultz) e Seb (Håvard Jackwitz) não apenas sabem as canções de cor e salteado, como conhecem particularidades da banda e sonham ser cada um de seus integrantes, seja na aparência (o clássico cabelo) ou no sucesso musical (é o melhor jeito para conquistar garotas, diz um deles). Para tanto, a saída é formar uma banda: The Snafus. Mas como conseguir bons intrumentos para tocar e, além disto, um lugar para ensaiar?

    É entre o sonho e a realidade que Beatles, o filme, se situa. Por mais que alguns dos jovens enfrentem uma situação complicada, que em determinado momento cobrará seu preço, é a opção pelo acreditar no sonho que norteia o longa-metragem. Entretanto, mais do que simplesmente situar os protagonistas como meros fãs, o filme os apresenta como jovens, com todas as atitudes naturais da faixa etária. Ou seja, eles fazem besteira em tom de brincadeira, bebem escondido e... se apaixonam. Especialmente Kim, o Paul McCartney da turma, que vive não apenas uma, mas duas paixões platônicas – e precisa lidar com ambas.

    A primeira delas surge de forma peculiar: em uma sessão de Zorba, o Grego, com uma garota que jamais havia visto ou ouvido falar. É claro que a escolha de tal filme não foi à toa, fazendo uma referência musical ao fato de sua trilha sonora ser tão emblemática (assim como é a produção musical dos Beatles). O encontro fortuito logo se torna único, já que ela se vai sem deixar sobrenome nem telefone (estamos na era pré-internet, não se esqueça). A necessidade de extravasar a paixão resulta em várias e várias cartas de amor, sem destinatário a ser enviado. Até que surge Cecilie (Susanne Boucher), a nova aluna da turma, por quem Kim pouco a pouco se encanta.

    Como conquistar uma garota não é nem um pouco fácil, ainda mais quando se é iniciante em tal tarefa, Kim pena um bocado. Sua trajetória é o grande trunfo do longa-metragem, seja pelo carisma de Louis Williams ou pela leveza necessária a um tema tão comum (e encantador) quanto o primeiro amor. Suas desventuras amorosas ganham tal força que, em determinado momento, conseguem deixar a paixão pelos Beatles e a própria criação da banda em segundo plano, por mais que ambos jamais sejam abandonados.

    Beatles, o filme, é uma fantasia juvenil temperada por sonhos típicos da idade e canções, não apenas dos Beatles mas também de outros cantores e até estilos. Trata-se de um filme sobre se apaixonar ou sobre achar que está apaixonado, e até que ponto vale a pena ir em busca deste sonhado amor. Leve e divertido, trata-se também de uma bem-humorada e merecida homeagem à maior banda musical de todos os tempos.

    Filme visto na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2015.

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