“Bird box”, O filme pós apocalítico que ganhou notoriedade após o grande marketing feito pela netflix em cima do seu nome, mas então, todo esse marketing fez sentido? Não, “Bird Box” não precisava ser um filme “cult” com ótimas atuações, técnica fantástica e roteiro admirável, só precisava ser um brockbuster carismático, mas nenhuma das duas coisas o longa dirigido pela já experiente Susanne Bier consegue ser, o filme não é de todo mal e nem horrível como a grande critica vem o rotulando nas ultimas semanas, é apenas um filme comum. A forma como o roteiro trabalha é até bem interessante, se utilizando de diversas linhas do tempo para fechar uma historia coesa, com inicio meio e fim, isso é bom, mas a mesma ousadia aplicada na estrutura poderia ter sido aplicada no roteiro em si, que fica muito agua com açúcar, com personagens mal desenvolvidos, trama superficial, falta de química, ritmo ruim...Uma completa montanha russa, o filme melhora e piora constantemente, volta a elogiar sua estrutura de roteiro e o único desenvolvimento bom e complexo do filme, a relação de Malorie com as duas crianças, algo que é mais instinto maternal do que propriamente amor. Isso fica muito bom no filme. Obviamente, a violência contida no livro foi diminuída no filme, ate mesmo por se passar na netflix, porem mais coisas se perderam, como as diversas simbologias envolvendo depressão, maternidade, sofrimento, esperança, tudo isso fica superficial no filme e rendido a uma ação de segunda, a personificação das criaturas também é mediana, poderia ser pior caso as mesmas tivessem uma forma, porem simbolizar suas presenças com vento, e mostrar isso ao telespectador mata a tensão, deveria ser algo mais animalesco como é no livro, a onde as mesmas são simbolizadas com passos pesados. Embora o filme tenha uma boa dose de tensão, nem necessariamente pelas criaturas, mas sim pela agonia de não enxergar e pelos loucos, que são bem utilizados no filme, seres humanos mentalmente fracos que ficam apaixonados pela visualização do divino, ou da monstruosidade. Uma paleta de cores cinza, planos abertos e fechados, boa maquiagem e trilha sonora fraca resumem a técnica do longa. Sandra Bullock está durona e bem em seu papel, Trevante Rhodes também, embora juntos, não haja química, para mim, o melhor personagem do filme é o Douglas do John Malkovich, que rouba a cena sempre que aparece e acaba servindo de muleta para o desenvolvimento da protagonista. “Bird box” no fim é um filme que apanhou demais da critica e de todos, mas muito se esqueceu de sua boa estrutura narrativa e alguns outros pontos altos, nada demais, porem é um bom filme.